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Ana Canosa

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Dicas, perguntas e reflexões para criar suas metas de amor e sexo para 2022

Ridofranz/Getty Images/iStockphoto
Imagem: Ridofranz/Getty Images/iStockphoto

Colunista de Universa

01/01/2022 04h00

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Depois de um ano difícil, como foi 2021 para a maioria do nosso povo, fica a perspectiva de um novo projeto. Aproveite para pensar o seu. Afinal, somos condicionados pela história, pelo tempo, pela família, pelos amores, pelos ideais da nossa época. Essa profunda reflexão é cada vez mais solitária e complexa, haja vista que somos seres incompletos, múltiplos, com forças que lutam dentro de nós e parece que boa parte do nosso entorno não está preocupado com questões existenciais.

Para te ajudar, tente responder as seguintes perguntas: Como você se descreve? Como se concebe? Se recebesse um inquilino para habitar seu corpo, quais conselhos lhe daria para viver com qualidade? O que você sabe sobre o amor?

Nós fomos projetados por outros, não escolhemos onde nascer, porque nascer, em qual cidade, país ou tempo da história. Somos fruto de pelo menos 350 milhões de possibilidades, o espermatozoide mais rápido ou resistente de todos com aquele óvulo, naquele dia do mês (ou naquele processo de fertilização). Ganhamos na loteria, esse misterioso prêmio que é a vida, com tudo o que há de bom e ruim. Nós somos únicos e, segundo Maria Inês de Castro Millen, nós somos chamados a realização de nós mesmos e isso necessariamente implica em uma responsabilidade. Precisamos, segundo ela, estar atentos a duas perguntas: quem sou eu e o que fazer com o que sou.

Então, a partir desse ser meio capenga, de quem se é, quais os seus sonhos? Millen reforçou uma percepção que também tenho sobre os desejos humanos: parecemos cansados, vivendo a perspectiva da impossibilidade, afinal se somos projetados socialmente para ter, em tempos de crise, o que sobra é a falta. Vamos deixando a vida nos levar, experimentando tudo e todos, já que é essa maneira que o mundo moderno nos orienta a realização.

Nós somos seres relacionais, precisamos estabelecer parcerias. Antes de racionais, somos emocionais e ficamos equivocadamente tentando nos iludir do contrário. Amar implica intimidade e uma dose grande de vulnerabilidade. Sim, nós podemos fazer sexo com tudo e todos, ter explosões de orgasmos, buscar todas as práticas sexuais, visando exclusivamente o nosso projeto narcisista de prazer. Mas em algum momento da vida sentiremos falta daquele a quem abraçar depois de uma experiência solitária de orgasmo.

Até o sexo casual com uma boa dose de reciprocidade e empatia, parece sempre mais gostoso. Sinto a angústia dos casais que perdem a sua conexão e voltam aos estados solitários de um sexo sem entrega, sem graça e sem um pingo de erotismo.

Eros é uma força de vida poderosíssima, que nos faz criar.

O desejo é capaz de nos mover para todos os lugares, desde aos mais esperados aos pouco convencionais. Mas quem deseja somos nós. A escolha é sempre individual, e implica em uma renúncia. Resgatar desejo é sempre uma aventura misteriosa, pois o terreno da sexualidade é solo fértil para toda a sorte de devaneios e transgressões. É preciso saber-se primeiro, devagarinho, para depois lança-se; meia dose de cautela e meia de loucura. Com o amor, não é diferente.

Que seu projeto de amor & sexo para 2022 seja erótico e inspirador!

Como a pandemia afetou o sexo e os relacionamentos? Veja Ana Canosa, Bárbara dos Anjos Lima e Juliana Borges debatendo o assunto no podcast Sexoterapia