'Só encostar!' Muita gente teme usar cartão por aproximação; ele é seguro?

Cartão, celular, relógio e até pulseiras. O pagamento por aproximação não é novidade no Brasil, mas se popularizou com a pandemia da covid-19, por não necessitar tocar nas maquininhas para digitar a senha.

E mesmo que a tecnologia por trás seja considerada segura por especialistas ouvidos por Tilt, seu uso ainda é visto com receio entre parte da população economicamente ativa.

Os dados mais recentes da Abecs (Associação Brasileira de Cartão de Crédito), do terceiro trimestre de 2023, mostram que quanto maior a idade do dono do cartão, menor é a frequência dos pagamentos por aproximação. Entre os jovens entre 18 e 24 anos, por exemplo, 81% utilizam desse meio, enquanto o índice fica em 49% entre os consumidores entre 45 e 59 anos.

Para Marcelo da Veiga, head de prevenção a fraudes da Stone —fintech que comercializa maquininhas de pagamentos— a desconfiança entre os mais idosos sobre a tecnologia é tanto pela novidade quanto pela incidência de golpes.

"A desconfiança inicial é compreensível, considerando os números elevados de fraudes. No entanto, esse meio de pagamento tem crescido em todas as faixas etárias, proporcionando transações seguras", ratificou.

O sistema de cartões no Brasil é um dos mais evoluídos do mundo e conta com amplo investimento em tecnologias de combate a fraudes, o que possibilita um ambiente cada vez mais seguro aos consumidores, que realizam mais de 100 milhões de transações com cartões por dia. Nota da Abecs

Qual a tecnologia por trás do cartão por aproximação

O pagamento por aproximação é uma modalidade chamada no mercado como "contactless", que em português significa "sem contato". Ela funciona de maneira muito simples. Com um cartão de crédito com chip, basta aproximá-lo da maquininha para fazer o pagamento —que geralmente é efetuado sem a necessidade de digitar a senha em compras de até R$ 200.

A tecnologia por trás dessa modalidade é a NFC (Comunicação de campo próximo, em português), que funciona não apenas com cartões de crédito, mas também em celulares e smartwatches.

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A NFC funciona apenas entre dois dispositivos. Ou seja, é somente entre o consumidor e quem tem o valor a receber através da maquininha do cartão de crédito ou débito. Portanto, um terceiro não consegue roubar dados do seu cartão durante a transação.

O processo de pagamento por aproximação segue padrões rigorosos regulamentados pelas bandeiras. Em resumo, a nossa maquininha, por exemplo, se comunica via NFC com o chip do cartão, recebendo as informações. Marcelo da Veiga, da Stone

A comunicação sem fio se dá por meio de transferência de dados de um dispositivo para outro, baseada em campos eletromagnéticos de alta frequência. As informações entre ambos são criptografadas, sem possibilidade de interferência de terceiros.

"A tecnologia NFC é segura porque as transmissões ocorrem em curtas distâncias e são protegidas por medidas de segurança, como criptografia. Além disso, muitos dispositivos habilitados para NFC exigem autenticação adicional, como impressões digitais, senhas ou reconhecimento facial, para garantir a segurança do processo de pagamento", analisa Lori Cristina Grandin, diretora de prevenção a risco e fraude da SumUp — fintech brasileira de meio de pagamentos.

Digitar a senha é mais seguro?

Tanto por aproximação quanto por senhas são pagamentos seguros e equivalentes, apontam especialistas ouvidos por Tilt.

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Lori Grandin pontua que "a transação com cartão físico por aproximação ou por inserção do cartão são consideradas com validação dos dados dinâmicos do chip".

O chip do cartão possui um criptograma que é dinâmico, ou seja, para cada transação é calculado um valor diferente de criptograma que só o emissor do cartão consegue replicar e validar. É essa validação dos dados dinâmicos do chip e a aplicação de regras de prevenção que faz com que a transação, com ou sem contato do cartão na maquininha, seja segura. Lori Grandin, da SumUp

"Todas as transações processadas, inclusive as realizadas com cartão, são protegidas por uma robusta estrutura de segurança. Esse sistema segue a regra das "múltiplas tecnologias". Ou seja, temos diferentes procedimentos de proteção que agem em conjunto em uma mesma transação, acrescentando camadas de segurança", reforça Marcelo Toniolo, vice-presidente de riscos, prevenção e segurança da Cielo.

Quais as precauções para evitar golpe

Embora seja seguro, o pagamento por aproximação não está livre da chamada engenharia social, um conjunto de práticas que se aproveitam do desconhecimento das vítimas para subtrair dinheiro delas através de golpes financeiros.

No Brasil, a clonagem do cartão é uma das principais preocupações dos brasileiros quando se trata de segurança financeira digital.

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78% dizem temer ter o seu cartão de crédito ou débito clonado, aponta um relatório do fim de 2023 da Silverguard, empresa de cibersegurança.

A incidência de golpes com cartão no Brasil é considerada alta, especialmente quando comparado a outros países. Por outro lado, as fragilidades diminuem quando as instituições, os varejistas e os consumidores entendem os riscos e se preparam para combater e evitar golpes Marcelo Toniolo, da Cielo

Como evitar golpes ao usar o cartão

1 - Confira o valor antes de pagar: pergunte sobre o preço de sua compra e cheque o valor no visor da maquininha;

2 - Maquininha danificada: não pague qualquer valor caso o visor da maquininha esteja quebrado e impossibilite a verificação da quantia da compra;

3 - Tenha total visão da maquininha: se o vendedor estiver tapando com o dedo, fita ou com qualquer outro material parte do visor da maquininha, evite pagar para poder visualizar o valor;

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4 - Presentes surpresas: desconfie de entregas não planejadas de presentes no dia do seu aniversário caso a pessoa da entrega exija o pagamento de uma taxa de valor baixo para pagamento apenas da taxa de entrega;

5 - Controle do seu cartão: ao fazer o pagamento, sobretudo em locais de grande aglomeração, não entregue o cartão ao vendedor —isso ajuda a evitar eventuais trocas de cartões, intencionais ou não;

6 - Não entregue seu cartão a falsos entregadores: um dos golpes que circula é o do falso entregador. Por meio de dados vazados, o golpista tem acesso a dados da vítima e liga dizendo que o cartão está bloqueado. O criminoso, então, solicita que a vítima envie o cartão por um motoboy ao banco para resolver o problema, mas as instituições financeiras não adotam essa prática.

7 - Ative as notificações das compras: receba avisos em seu celular sobre as transações realizadas com o seu cartão, como outra alternativa para checar os valores além da verificação na tela da maquinha.

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