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Elon Musk é cobrado pelo sumiço do submersível Titan; por quê?

Marcella Duarte

De Tilt, em São Paulo

21/06/2023 17h58Atualizada em 23/06/2023 12h02

Em meio às buscas pelo submersível perdido desde domingo (18) nos arredores do Titanic, usuários de redes sociais passaram a cobrar uma figura improvável: o multibilionário Elon Musk, CEO do Twitter e da SpaceX.

Para esses internautas, ele é culpado pelo sumiço da embarcação e pode ajudar a resgatar os cinco tripulantes. Até agora, o ricaço, tuiteiro assíduo, não escreveu uma palavra sequer sobre o assunto. Mas por que essas pessoas responsabilizam Musk?

A polêmica surgiu porque, menos de três semanas antes de o submersível Titan desaparecer, a OceanGate, empresa responsável pelo passeio aquático, agradeceu a Starlink, empresa de internet de Musk, por fornecer "a conexão necessária para a missão ser um sucesso".

Apesar de estarmos no meio do Atlântico Norte, temos a conexão de internet necessária para fazer da nossa operação de mergulho ao Titanic um sucesso. Obrigado, Starlink
OceanGate

O post foi descoberto por internautas que o inundaram com comentários cobrando alguma atitude de Musk.

"Elon Musk, esses caras estão perdidos a 3.800 m debaixo d'água no Atlântico. Eles usam a Starlink para se comunicar com seus sub via texto. Você pode ajudar, por favor? Eles têm 96 horas de oxigênio", afirmou um deles.

O bilionário, porém, não tem nada a ver com a perda de comunicação ou o desaparecimento do submersível.

A internet da Starlink era oferecida apenas para o navio de apoio da missão, chamado Polar Prince. Assim, ele podia se comunicar com terra firme e permitir aos tripulantes a bordo dele se conectassem.

O Polar Prince era responsável por levar o submersível Titan até o ponto de mergulho, ajudar na subida e na descida, com uma plataforma, e também guiá-lo remotamente até o naufrágio.

Mas a comunicação entre o navio e o submersível, depois de afundar, era feita com uma tecnologia totalmente diferente: sonar. A essas profundidades, não é possível usar GPS ou se comunicar por ondas de rádio.

A solução precisa ser mecânica, por ondas sonoras. É o chamado link acústico, por meio de um transponder. Com ele, porém, a comunicação é restrita: dá apenas para enviar mensagens simples de localização e telemetria. Mas tem um alcance bem longo — o Titanic está afundado a 3,8 mil metros.

O Titan é, tecnicamente, um submersível, não um submarino, e por isso depende desta comunicação com o navio de apoio para se orientar debaixo d'água. Ele não tem a autonomia, energia, e nem todos os instrumentos de um submarino.

Um tuíte mais antigo da OcenGate, agora excluído, ajudou a gerar a confusão. Ele dizia: "O naufrágio do Titanic fica a cerca de 400 milhas da costa de Newfoundland. Sem nenhuma torre de celular no meio do oceano, contamos com Starlink para fornecer as comunicações de que precisamos ao longo deste ano de 2023 Titanic Expedition".

Quanto tempo as pessoas podem ficar dentro do Titan?

A OceanGate diz que há "suporte de vida" — com alimento, água e, principalmente, oxigênio — para cinco pessoas por até 96 horas (quatro dias).

Ou seja, há uma corrida contra o tempo para encontrar o submersível até quinta-feira (22).

Os tripulantes perderam contato com a superfície cerca de 1h45 após afundar, na manhã de domingo.

O que pode ter acontecido?

Na melhor das hipóteses, o Titan somente perdeu a capacidade de comunicação e/ou ficou sem bateria. Neste caso, seu sistema de emergência logo o faria subir à superfície.

Outra opção é que ele afundou, mas está intacto no fundo do mar. Só que isso tornaria um resgate extremamente complicado e improvável.

O pior cenário seria um evento catastrófico, como um incêndio, explosão ou despressurização. Nestas profundidades, a pressão é implacável, centenas de vezes maior do que a da superfície.