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Submarino x submersível: afinal, que embarcação sumiu em busca do Titanic?

Marcella Duarte

De Tilt, em São Paulo

20/06/2023 10h26Atualizada em 21/06/2023 16h57

A embarcação que desapareceu na área do naufrágio do Titanic no domingo (18), com cinco pessoas a bordo, é, tecnicamente, um submersível, e não um submarino.

Chamado Titan, ele é operado pela empresa norte-americana OceanGate Expeditions.

Submersível x Submarino

Apesar das semelhanças, um submersível não é um veículo autônomo, como um submarino.

Ele depende de um navio, com sistemas de navegação para orientar sua viagem remotamente, e de uma plataforma de apoio, submersa a cerca de 10 metros, para conseguir descer até o local e retornar à superfície.

"Uma vez submersa, ela usa um sistema de flutuação de amortecimento de movimento para permanecer acoplada à superfície e ainda fornecer uma plataforma subaquática estável, da qual nossos submersíveis tripulados partem e retornam após cada mergulho", diz o site da OceanGate.

Um submarino também tem a capacidade de ficar mais tempo submerso, podendo fazer viagens de meses, apenas com alguns breves retornos à superfície para captar ar. Ele também é maior e se move mais rapidamente, cobrindo grandes distâncias, com algum tipo de gerador de energia a bordo — os mais potentes são nucleares.

Outro incidente

Em uma viagem turística no ano passado, o Titan chegou a perder comunicações com a superfície por cerca de duas horas e meia. Mas estava tudo bem com os passageiros; eles apenas não conseguiram chegar aos destroços do Titanic e retornaram à superfície.

"Não há GPS debaixo d'água, então o navio de superfície deve guiar o submersível até o naufrágio, enviando mensagens de texto", relatou David Pogue, repórter da CBS, que estava a bordo na ocasião. "Mas as comunicações de alguma forma foram interrompidas. Nunca encontramos o Titanic."

A essas profundidades, a luz solar não chega, então a visibilidade é bem restrita, impossível de achar o naufrágio apenas pela navegação visual. As mensagens trocadas com o barco, por tecnologia de ondas sonoras, são essenciais para a navegação.

Como é o Titan?

Segundo a empresa, o Titan é capaz de levar cinco pessoas (um piloto e quatro tripulantes) a profundidades de até 4.000 metros, a uma velocidade de até 5,5 km/h.

Desde 2021 ele fazia viagens na região do naufrágio do Titanic, que está a 3.800 metros de profundidade, no Atlântico Norte, na costa do Canadá.

Feito de titânio e fibra de carbono, o veículo pesa cerca de 9,5 toneladas e tem quase 7 metros de comprimento.

É como um tubo de 2,5 m de diâmetro, com uma escotilha na frente — por onde as pessoas entram e que é a única janela para observação direta. Câmeras externas também exibem as imagens em telas para os passageiros.

O espaço interno é como o de um carro SUV, com um banheiro apertado. No lugar do volante, há um joystick, como os de videogame, para dar comandos direcionais. Ele é movido por quatro pequenas hélices elétricas, duas verticais e duas horizontais.

Seu navio de apoio é o Polar Prince, um antigo navio quebra-gelo da Guarda Costeira canadense, hoje da Horizon Maritime. Ele continua no local ajudando nas buscas.

Quanto tempo as pessoas podem ficar dentro do Titan?

A OceanGate diz que há "suporte de vida" — alimento, água e, principalmente, oxigênio — para cinco pessoas por até 96 horas (quatro dias).

Ou seja, há uma corrida contra o tempo para encontrar o submersível até quinta-feira (22).

Os tripulantes perderam contato com a superfície cerca de 1h45 após afundar, na manhã de domingo.

Como estão as buscas?

O Titan tem sete maneiras diferentes de subir a superfície, com sistemas redundantes de segurança, segundo a empresa.

Por isso, ele está sendo buscado por submarinos, navios e aviões — caso tenha emergido em algum ponto mas não consiga avisar.

Boias com sonar também foram espalhadas pelo mar da região, para mapear o fundo e procurar ruídos.

O que pode ter acontecido?

Na melhor das hipóteses, o Titan somente perdeu a capacidade de comunicação e/ou ficou sem bateria. Neste caso, seu sistema de emergência logo o faria subir à superfície.

Outra opção é que ele afundou, mas está intacto no fundo do mar. Só que isso tornaria um resgate extremamente complicado e improvável.

O pior cenário seria um evento catastrófico, como um incêndio, explosão ou despressurização. Nestas profundidades, a pressão é implacável, centenas de vezes maior do que a da superfície.

Além do turismo

O Titan e submersíveis deste tipo são usados, principalmente, para trabalhos científicos, produções cinematográficas e testes de equipamentos.

O passeio para ver os destroços do Titanic custa US$ 250 mil (R$ 1,19 milhão) por pessoa. É uma expedição de 10 dias, 8 deles no mar, incluindo um mergulho de 8 horas para ver o naufrágio.

O famoso transatlântico afundou em 1912, após colidir com um iceberg, e seus destroços foram encontrados apenas em 1985.