Com alta de roubos, pedidos de bloqueios de celular chegam a quase 1 milhão

Roubos e furtos de celulares têm crescido nos últimos anos, e com isso os pedidos de bloqueios dos telefones também. Dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) mostram que só em 2022 houve crescimento de 7%, o equivalente a quase 1 milhão de pedidos de bloqueios.

O Estado de São Paulo, o mais populoso do Brasil, lidera a lista com mais de 450 mil solicitações do tipo — quase metade de todos os pedidos.

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No ano passado, a Anatel somou 930.765 solicitações de interdição de IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel), que funciona como uma espécie de CPF do telefone (entenda melhor no final do texto).

Desse total, 768 mil foram bloqueados por operadoras e 164 mil por órgãos de segurança pública.

Estados com maior número de pedidos:

1. São Paulo 455.078
2. Rio de Janeiro cerca de 110.480
3. Minas Gerais 52.130
4. Bahia 49.173
5. Rio Grande do Sul 28.497

Estados com menor número de pedidos

1. Tocantins 772
2. Roraima 1.139
3. Amapá 1.417
4. Acre 2.038
5. Rondônia 3.588

Para comparação, em 2021 a Anatel recebeu 864.849 pedidos de interdição de IMEI: 672.532 foram feitos por prestadoras de serviços móveis e 237.317 por órgãos de segurança pública.

O bloqueio ocorrendo nas 24h ou 48h após a ocorrência — principalmente para assaltos do atacado ou transportadoras — a atratividade desse produto no mercado diminuirá, explicou João Rezende, presidente da Anatel, durante entrevista coletiva.

Vale ressaltar que os números registrados pela Agência são apenas um indicador, pois levam em consideração pedidos de bloqueio feitos por autoridades de segurança pública (polícia) e operadoras, geralmente atendendo uma solicitação de uma pessoa que teve o celular roubado ou furtado.

Ainda há casos de pessoas que não registram a ocorrência ou mesmo gente que nem conhece a possibilidade de bloquear o IMEI.

Como o IMEI funciona

Cada aparelho tem um número único do mundo, chamado IMEI.

Essa informação pode ser encontrada na caixa do aparelho ou Nota Fiscal. A dica é anotar imediatamente caso você não o tenha.

Dá para saber o código também digitando no teclado numérico do celular a seguinte informaçao: *#06# — como se estivesse ligando para alguém. A tela do aparelho exibirá o registro.

Caso o IMEI seja bloqueado, a pessoa não conseguirá se conectar o celular na rede da operadora. Assim, o criminoso não conseguirá usar o smartphone para fazer ligações, enviar SMS, nem usar internet móvel.

Logo, a restrição dificulta a vida dos bandidos na hora de revender o celular ou utilizar a linha do aparelho para aplicar golpes.

"Só que isso não impede a pessoa de usar o celular, tablet ou notebook fora de rede. O celular continua funcional", acrescenta o professor Bruno de Carvalho Albertini, do departamento de engenharia de Computação da USP (Universidade de São Paulo).

É importante também bloquear a linha do chip (cartão SIM) da operadora — para impedir que o ladrão o remova e use em outro aparelho desbloqueado na tentativa de fazer golpes telefônicos.

Albertini destaca que um celular com apenas o IMEI bloqueado pela Anatel continua com wi-fi funcionando, inclusive com possibilidade de uso em apps de mensagem, caso não tenha proteção por senha ou impressão digital.

Em caso de extravio do celular, uma medida importante é trocar todas as senhas de acesso ao banco, serviços e redes sociais que estavam salvos no aparelho. Dessa forma, você blinda suas informações pessoais e financeiras contra movimentações indevidas.

Como solicitar o bloqueio do IMEI?

Hoje em dia é possível informar o IMEI ou o número da linha para a restrição.

O bloqueio pode ser feito diretamente pela polícia no momento do registro da ocorrência (B.O.), ou pelo dono do aparelho nas operadoras de telefonia.

Isso é possível por meio do acesso ao Cadastro Nacional de Estações Móveis Impedidas (CEMI), sistema coordenado pela Anatel e administrado pelas prestadoras de serviços móveis. "A ideia do CEMI é desestimular furto ou roubo de celular, pois eles não poderão ser revendidos", destaca Albertini.

Em caso de compra de smartphones usados, "uma recomendação é só adquirir aparelhos de boa procedência e anotar o IMEI caso não tenha na nota fiscal", acrescenta o professor.

É possível verificar se o celular está liberado — ou não — por meio do site recomendado pela Anatel: www.consultaaparelhoimpedido.com.br (você precisa clicar no botão Browse IMEI).

Por fim, o bloqueio é reversível, caso você encontre o aparelho depois. Cada operadora tem um procedimento e a maioria exige prova presencial — ir até uma loja com documentos para reverter. Então será necessário entrar em contato com a prestadora de serviço móvel.