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Jogamos na BGS: Street Fighter 6 acrescenta ideias a uma fórmula atemporal

Previsto para 2023, game quer atrair novatos sem abrir mão de base fiel de fãs - Divulgação
Previsto para 2023, game quer atrair novatos sem abrir mão de base fiel de fãs Imagem: Divulgação

Rodrigo Lara

11/10/2022 04h00

Se há games capazes de intimidar novos jogadores, esses são os jogos de luta. Se aventurar por títulos do estilo geralmente cria um ciclo de descoberta, satisfação quando você acha que está dominando as mecânicas e decepção quando se enfrenta jogadores mais experientes.

Não é exagero nenhum que esse gênero como conhecemos hoje foi fundado por Street Fighter, jogo lançado para os arcades pela Capcom em 1987. Hoje, 35 anos depois, o sexto episódio da série é um dos destaques da Brasil Game Show 2022.

Previsto para ser lançado em 2023, com versões para PC, PlayStation 4 e 5 e Xbox One, Series S e Series X, o game se esforça para provar que pode ser aproveitado mesmo por aqueles jogadores que começam agora na trocação virtual honesta.

Tilt teve a oportunidade de experimentar o jogo durante o evento. E, de cara, é possível afirmar que Street Fighter 6 dá passos certeiros na direção dos novatos sem, em nenhum momento, deixar de lado seus fãs mais fervorosos.

A diferença está no controle

Quando foi revelado que a Capcom planejava deixar Street Fighter 6 mais amigável para jogadores menos experientes, a reação foi a esperada: muita reclamação, desde pessoas falando que o título "perderia sua essência" até outros dizendo que ficaria "fácil demais".

Essa solução mais amigável veio na forma de dois padrões distintos de controle, disponíveis para escolha logo após a seleção do personagem.

Quem optar pelos controles modernos terá uma versão simplificada do clássico esquema da série de três botões para socos e três para chutes. Ao invés disso — considerando um controle padrão —, os quatro botões da face ficam responsáveis por ataques fracos, ataques médios, ataques fortes e golpes especiais, enquanto os botões de ombro executam ações como agarrões, contra-ataques e um botão que executa combos automáticos.

Street Fighter 6 - controles - Reprodução - Reprodução
Street Fighter 6 terá dois sistemas de controles; modo "moderno" simplifica golpes e é destinado a novatos
Imagem: Reprodução

Já os controles clássicos contam com seis botões de ataque, sendo três socos e três chutes de três níveis de força cada. Agarrões e contra-ataques são feitos com combinações desses botões, assim como os combos precisam ser executados "na unha".

A mecânica não é nova: alguns títulos rivais, como BlazBlue e Guilty Gear, da Arc System Works, e Soul Calibur, da Bandai Namco, já adotavam opções de configuração similares para não afastar os novatos. Ainda assim, a adição é bem-vinda.

De início, pode parecer que quem usar o esquema moderno terá vantagem em uma luta, mas não é bem assim. Com ele, não é possível ter um controle mais aprofundado dos personagens e não é exagero dizer que qualquer jogador com o mínimo de experiência optará pelos controles clássicos e levará vantagem com isso. Ou seja: esse esquema moderno realmente serve apenas para novatos e, nesse sentido, ele cumpre bem a sua função.

Gameplay revigorado

No teste foi possível escolher entre oito personagens, que mesclavam clássicos como Ryu, Ken e Chun-Li, com novatos, caso de Luke, Jamie e Kimberly. Na hora da pancadaria, Street Fighter 6 lembrou um misto da jogabilidade dos dois últimos episódios numerados da série, porém com elementos acertadamente simplificados.

Um destaque fica para o Drive System, que é representado por uma barra que fica exatamente abaixo do medidor de saúde dos lutadores. Ela acaba funcionando como um "banco de recursos" para que o jogador use um arsenal de movimentos ofensivos e defensivos, como "parries" (movimento que apara golpes e permite contra-ataques quase instantâneos) e versões mais fortes de golpes especiais.

Essa barra é consumida conforme se usa esses movimentos e vai sendo preenchida aos poucos durante a luta, enchendo completamente sempre que começa um novo round.

Além dela, há a tradicional barra de super golpe, mas aqui os jogadores não escolhem um movimento antes da luta: os super golpes demandam níveis específicos de preenchimento desta barra.

É possível dizer que a jogabilidade é a de um "Street Fighter V mais prático", privilegiando a criatividade dos jogadores tanto na hora de atacar quanto de defender. Neste quesito, o novo game consegue a proeza de ser mais simples sem que isso signifique ser superficial.

Estética urbana e moderna

Enquanto Street Fighter IV trazia elementos visuais que lembravam pinceladas em estilo de arte japonês, Street Fighter V não se notabilizou por ter um estilo visual com elementos marcantes — ainda que fosse muito competente nesse quesito.

Isso muda completamente com Street Fighter 6, que tem uma grande inspiração na arte urbana, com efeitos que lembram grafite, influência da cultura hip-hop e elementos vistos em eventos de campeonatos de MMA, como o UFC.

Street Fighter 6 - Reprodução - Reprodução
Visual do game recebe muitas influências de arte urbana, dando ao jogo um estilo próprio
Imagem: Reprodução

É algo que tem um resultado bem agradável e que deverá ser explorado ainda mais pelos jogadores no inédito modo World Tour. Nele, será possível explorar uma cidade com uma pegada similar à vista em games de mundo aberto.

Também será nele que boa parte da história de Street Fighter 6 se desenrolará, o que faz de World Tour um dos pontos que despertam mais curiosidade sobre o novo game.

Ao menos no que foi possível experimentar até agora, Street Fighter 6 tem tudo para honrar o legado da série sem ter preguiça de trazer novidades. Os novos elementos de jogabilidade são interessantes, assim como o esforço para incluir novatos na brincadeira, o que tende a fazer do game um título interessante tanto para jogadores experientes quanto para lutadores de primeira viagem.