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Candidato a deputado federal bate recorde com 91 perfis em redes sociais

Ganem, do Podemos-SP: 91 perfis apenas no Facebook e Instagram - Reprodução/BrunoGanem.com
Ganem, do Podemos-SP: 91 perfis apenas no Facebook e Instagram Imagem: Reprodução/BrunoGanem.com

Abinoan Santiago

Colaboração para Tilt, em Florianópolis

06/09/2022 11h59Atualizada em 07/09/2022 10h21

No segundo mandato de deputado estadual por São Paulo e candidato a federal, o engenheiro de produção Bruno Ganem (Podemos) repete este ano uma estratégia eleitoral adotada em 2018: a criação massiva de perfis de redes sociais. Com 91 páginas divididas entre Facebook e Instagram, o político foi o que mais registrou perfis em alguma plataforma social no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

São 20 a mais em relação a 2018, quando recebeu 106 mil votos. Os perfis levam seu nome e deixam claro que fazem parte da sua campanha. Ganem segmentou perfis para determinados municípios, para apoiadores e para simpatizantes da defesa de animais, uma de suas principais causas.

Atrás de Bruno está a candidata Clarice Ganem (Podemos-SP), que concorre ao cargo de deputada estadual e soma 81 redes sociais. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa o top 3, com 42 perfis. São 29 a mais do que Jair Bolsonaro (PL) — que teve o uso das redes como uma das principais estratégias em 2018.

Procurados por Tilt, os referidos candidatos não retornaram aos pedidos de entrevistas.

Apesar da popularização das redes sociais entre os candidatos, dos 28,2 mil que concorrem a algum cargo este ano, 14,1 mil não informaram qualquer rede social ao TSE. O dado é de um levantamento realizado pelo professor de Ciência Política da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Emerson Cervi.

Para ele, há duas explicações para o fato. A primeira é a não obrigatoriedade de registrar algum perfil oficial na Justiça Eleitoral. A outra motivação seria o direcionamento da própria campanha. Se o candidato foca nos eleitores de regiões interioranas, a tendência é priorizar o contato "corpo a corpo" e não através das redes.

Vivemos em um país muito desigual no acesso à tecnologia. Não existe barreira tecnológica, mas uma limitação cultural de acesso. No interior do Brasil, o uso das redes não se compara com o das regiões metropolitanas. Então, se temos candidatos que vem mais dessas cidades interioranas, a tendência é de que não deem tanta atenção às redes. Emerson Cervi (UFPR).

Dados compilados por Cervi ainda mostram que, para presidente, todos os 12 candidatos registraram pelo menos uma rede social. Mas, para o cargo de governador, 84 dos 139 não informaram nenhum endereço eletrônico oficial em alguma plataforma.

"Isso explica o fato de termos 28 mil candidatos registrados, com 35 mil redes registradas, mesmo com 14 mil deles sem registro de nenhuma", ratifica.

Facebook e Instagram são os preferidos

Com base nos dados públicos disponibilizados pelo TSE, Tilt fez um levantamento das redes sociais mais usadas pelos candidatos.

Os números mostram que, ao todo, 35.059 redes sociais foram informadas pelos candidatos em 2022. As mais citadas são Facebook e Instagram, que correspondem a 26.985 dos registros no TSE, seguidas pelo Twitter e YouTube. O TikTok completa o ranking dos cinco primeiros.

A escolha dos candidatos pelo Facebook e Instagram está alinhada com a preferência dos eleitores para acompanhar política. As duas foram as mais citadas no levantamento "A cara da democracia", realizado pelas universidades UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Uerj (Universidade do Rio de Janeiro), Unicamp (Universidade de Campinas) e UnB (Universidade de Brasília).

No estudo, o Facebook foi citado por 33% dos eleitores entrevistados, seguido do Instagram (16%), YouTube (12%), WhatsApp (10%), Twitter (3%), TikTok (1%) e Telegram (1%).

Confira o ranking das redes sociais mais usadas pelos candidatos

  • Facebook - 13.833
  • Instagram - 13.152
  • Twitter - 3.243
  • YouTube - 2.223
  • TikTok - 2.133
  • Telegram - 204
  • Kwai - 159
  • WhatsApp - 112