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Chuva de meteoros do cometa Halley terá pico nesta madrugada; acompanhe

Composição dos meteoros registrados na madrugada de 5 de maio - Jocimar Justino/Bramon
Composição dos meteoros registrados na madrugada de 5 de maio Imagem: Jocimar Justino/Bramon

Marcella Duarte

Colaboração para Tilt, em São Paulo

05/05/2022 13h37

Uma das mais belas e famosas chuvas de meteoros do ano, a Eta Aquáridas, atinge seu pico entre hoje (5) e sexta-feira (6). Ela já tem sido observada no céu brasileiro nos últimos dias, mas estará mais intensa nesta madrugada, podendo gerar até 50 "estrelas cadentes" por hora.

O que faz dessa chuva especial é a sua composição. Os fenômenos luminosos são gerados por pedacinhos da cauda do famoso cometa Halley —que nos visitou pela última vez há 35 anos, em 1986, e só voltará em 2061—, que entram em nossa atmosfera.

A passagem dos meteoros costuma ser rápida, deixando rastros muito brilhantes no céu noturno. Alguns deles podem até parecer explodir. O ponto onde eles convergem é a constelação de Aquário (por isso o nome), que é mais visível no Hemisfério Sul —então nosso país é privilegiado na observação.

Uma estação de monitoramento na cidade de Monte Castelo (SC), registrou cerca de 300 meteoros durante a última noite. "O céu estava muito limpo por aqui, quase sem nenhuma nuvem, então isso favoreceu a observação. Os da Eta Aquáridas começaram a surgir por volta das 3h", afirma o proprietário Jocimar Justino, astrônomo amador e membro Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon).

Abaixo é possível acompanhar um vídeo timelapse com registros da chuva de meteoros.

Como observar?

Como todas as chuvas de meteoros, não é necessário telescópios ou outros equipamentos especiais para observar a Eta Aquáridas. "A melhor maneira de ver é o olho nu. É um espetáculo inesquecível para muitas pessoas", afirma Justino.

Teoricamente, podem ser vistos até 50 meteoros por hora —mas isso depende de condições atmosféricas e climáticas e de um posicionamento ideal do observador.

"Dos centros urbanos, este número deve ficar entre cinco e dez. De qualquer forma, é praticamente certo que vocês conseguirão ver alguns meteoros riscando o firmamento", diz Julio Lobo, astrônomo do Observatório Municipal de Campinas.

Tilt separou algumas dicas para aumentar suas chances de ver uma "estrela cadente":

  1. Torça por um céu sem nuvens. Procure um lugar com pouca luz, como uma varanda ou quintal. Quanto menos poluição luminosa, mais chances de observar mais meteoros.
  2. Fique confortável. Sente em uma cadeira (de preferência uma reclinável ou de praia), proteja-se do frio e evite usar o celular (para não se distrair ou ter a visão ofuscada pela claridade da tela).
  3. Tenha paciência. Nossos olhos demoram cerca de 20 minutos para se acostumar com a baixa luminosidade e a diferenciar o brilho dos diferentes corpos celestes (estrelas, planetas, meteoros).
  4. Olhe para o leste (onde o Sol nasce) a partir das 2h, quando estará nascendo a constelação de Aquário. Ela estará abaixo do planeta Saturno.
  5. Este é o radiante da Eta Aquáridas; ou seja, os meteoros vão aparentar convergir nela. Mas não fixe a visão ali, eles podem surgir de qualquer ponto ao redor.
  6. Um software de observação dos céus (como Stellarium, Star Walk, Star Chart, Sky Safari ou SkyView) podem te ajudar a encontrar a constelação.
  7. Observe atentamente e espere pelos meteoros. O melhor momento de observação é partir das 4h, quando o radiante estiver mais alta no céu. Os meteoros poderão ser vistos até o amanhecer.
  8. Faça um pedido a cada "estrela cadente" vista, como manda a tradição.
  9. Se não der certo hoje, observe também nos próximos dias. A Eta Aquáridas continua ativa até o final do mês, com cada vez menos meteoros. Até sábado, ainda estará bem intensa.
  10. Com uma câmera em modo de longa exposição, é possível fazer belas imagens dos rastros dos meteoros, como os registrados em Santa Catarina.
eta aquaridas - Jocimar Justino/Bramon - Jocimar Justino/Bramon
Imagem: Jocimar Justino/Bramon

O cometa Halley

A Eta Aquáridas acontece todos os anos no início de maio, quando a Terra, em seu movimento de translação em torno do Sol, cruza a órbita do cometa, onde flutua uma trilha de destroços e poeira —derrubados nas passagens anteriores do Halley ao longo de milhares, talvez milhões, de anos.

Ao entrar em nossa atmosfera em altíssima velocidade (cerca de 70km/s), eles queimam e são vaporizados pelo atrito, deixando o belo —e inofensivo— rastro luminoso.

Nosso planeta atravessa a "estrada" do cometa duas vezes por ano, em dois pontos diferentes. Ele também é responsável pela chuva de meteoros Oriônidas (na constelação de Órion), que vemos todo mês de outubro, quando a Terra passa pela segunda "perna" de sua órbita.

O Halley visita nossa região do Sistema Solar a cada 74-79 anos. É o único cometa regularmente visível a olho nu. E nos deixa bons - e brilhantes - motivos para nos lembrarmos dele todos os anos, mesmo quando está longe.