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Starlink, de Elon Musk, recebe autorização para oferecer internet no Brasil

Foguete Falcon 9 da SpaceX, com 60 satélites Starlink, decola do Space Launch Complex 40, na Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, Flórida - SpaceX/AFP
Foguete Falcon 9 da SpaceX, com 60 satélites Starlink, decola do Space Launch Complex 40, na Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, Flórida Imagem: SpaceX/AFP

De Tilt*, em São Paulo

28/01/2022 12h52Atualizada em 28/01/2022 15h55

Em reunião realizada nesta sexta-feira (28), a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) autorizou o uso de internet banda larga via satélite da Starlink, uma divisão da SpaceX, companhia espacial do bilionário Elon Musk.

Com a autorização, a companhia poderá usar 4.408 satélites não-geoestacionários de baixa órbita para oferecer banda larga para consumidores brasileiros. A licença vai até 2027.

Segundo a companhia, enquanto a maioria dos serviços de internet por satélite atuais são possibilitados por satélites geoestacionários simples que orbitam o planeta a cerca de 35 mil km de altitude, a Starlink é uma constelação de vários pequenos satélites que orbitam o planeta a uma distância mais próxima da Terra, a cerca de 550 km.

Já que estão em baixa órbita, o tempo de envio e recepção de dados entre o utilizador e o satélite - a latência - é muito menor do que com satélites em órbita geoestacionária, diz a empresa.

A ideia da Starlink é oferecer internet de até 1 Gbps (Gigabit por segundo) quando sua rede estiver completa, com mais de 7 mil satélites. Por ora, segundo testes feitos nos EUA, a companhia consegue oferecer conexão com pico de 97 Mbps (Megabits por segundo), de acordo com levantamento feito pela Speedtest.

Em voto acompanhando o relator, o conselheiro Vicente Aquino ressaltou a importância de ter satélites não-geoestacionais disponíveis no mercado brasileiro, pois traria benefícios ao ser mais uma opção de internet banda larga em um país com dimensões continentais.

Apesar da aprovação durante a reunião, o conselheiro Moisés Moreira disse que a "Anatel deve permanecer atenta e vigilante" para garantir que essas "autorizações não tragam limitação à competição".

A ressalva de Moreira veio pelo fato de haver uma corrida por parte de empresas do ramo que, segundo ele, estão "acelerando para chegar primeiro e ocupar os espaços, impedindo futuros usos para outros interessados".

Interesse do Brasil

No ano passado, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, demonstrou interesse pela solução da Starlink em encontro com Elon Musk, nos Estados Unidos.

Na ocasião, Faria argumentou que a banda larga via satélite ajudaria na conexão de regiões remotas do Brasil e a "ampliar a conectividade e proteção da Amazônia".

Recentemente, o site "Tecnoblog" noticiou que a Anatel havia interrompido testes da Starlink em São Paulo por não ter ainda deliberado sobre o tema. A solicitação para testes tinha sido protocolada em 22 de novembro de 2021, mas só foi deliberada nesta sexta-feira.

O que é a Starlink?

A empresa é um braço da SpaceX para oferecer serviços de internet móvel a diferentes via satélite. Com a rede da Starlink, seria possível acessar a internet apenas com uma antena, em qualquer local do planeta. Isso seria possível por meio de uma rede global de 42 mil satélites orbitando a Terra a 400 km de altitude.

Nos EUA, o serviço da Starlink deixou a fase de testes e iniciou suas operações comerciais em outubro do ano passado. Os planos ativos custam a partir de US$ 99 por mês (R$ 532). O kit de instalação, com antena e roteador, não sai por menos de US$ 499 (R$ 2.689).

Astrônomos não curtem muito a Starlink

Ainda que os satélites da Starlink possam oferecer internet para regiões longínquas do planeta, astrônomos não gostam muito da ideia.

Muitos desses satélites acabam refletindo a luz do Sol e atrapalhando observações feitas de telescópios daqui da Terra.

A Starlink tem feito testes para tentar reduzir este problema por meio de satélites cobertos de preto ou usando um visor que bloqueia o brilho da luz solar.

*Com informações do Estadão Conteúdo e reportagem adicional de Lucas Santana