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Veja motivos do Facebook, Twitter e outras plataformas para bloquear Trump

Manifestante favorável ao presidente Donald Trump fantasiado em invasão ao Congresso dos Estados Unidos - SAUL LOEB/AFP
Manifestante favorável ao presidente Donald Trump fantasiado em invasão ao Congresso dos Estados Unidos Imagem: SAUL LOEB/AFP

Bruna Souza Cruz

De Tilt, em São Paulo

07/01/2021 13h43Atualizada em 13/01/2021 12h13

Depois do Twitter e Facebook bloquearem o perfil de Donald Trump, o Instagram e o Snapchat também adotaram a mesma medida. As decisões surgiram após protestos violentos e invasão do Capitólio, como é chamado o Congresso norte-americano, na quarta-feira (6) por parte dos apoiadores do atual presidente dos Estados Unidos.

No geral, divulgação de afirmações falsas e incitação à violência foram os argumentos das plataformas para criar as punições mais rígidas a Trump, que ao longo de seu mandato como presidente esteve envolvido em várias polêmicas quanto ao seu posicionamento na internet. O problema chegou ao auge com o anúncio desta quinta-feira (7) de Mark Zuckerberg, executivo-chefe do Facebook, que bloqueou o político no Facebook e no Instagram por tempo indeterminado.

Twitter

A primeira rede social a agir foi o Twitter. Depois da invasão, Trump compartilhou um vídeo na plataforma pedindo para que os seus apoiadores fossem "para casa sem violência". No entanto, reafirmava que a eleição havia sido fraudada.

O Twitter destacou uma mensagem na publicação de Trump de que a informação não era verdadeira. Além disso, barrou as opções de curtidas, comentários e compartilhamento do vídeo. Segundo a empresa, publicações como essa violam as regras da plataforma.

"Esta alegação de fraude eleitoral é contestada e este tuíte não pode ser respondido, retuitado ou curtido devido ao risco de violência", dizia a mensagem da empresa.

O Twitter anunciou também que iria reduzir o alcance de publicações que pudessem alimentar a violência no Congresso dos Estados Unidos. O conteúdo detectado ficaria impedido de ser retuitado, respondido e receber curtidas.

Depois dessas decisões, a rede social adotou uma medida mais dura ao suspender a conta do republicano por 12 horas. O prazo terminou na manhã desta quinta-feira (7) após o perfil excluir três tuítes publicados ontem que violavam as regras da empresa quanto ao risco de violência. Essa foi a condição para o retorno da conta.

"A conta de Trump ficará bloqueada por 12 horas à espera da exclusão das postagens. Se os tuítes não forem apagados, a conta permanecerá bloqueada. Futuras violações das regras do Twitter, incluindo de nossas políticas de integridade cívica ou ameaças violentas, resultarão na suspensão permanente do perfil", explicou a empresa, via postagem na própria plataforma, na tarde de ontem.

"Continuaremos avaliando a situação em tempo real, incluindo a análise das atividades realizadas e das declarações feitas fora do Twitter. Manteremos o público informado, inclusive se for necessária uma maior rigidez em nossa abordagem de aplicação [das punições]", acrescentou.

Facebook

O Facebook também agiu contra o mesmo vídeo publicado por Trump com o argumento de que o material incitava à violência. "Esta é uma situação de emergência e estamos tomando as medidas de emergência apropriadas; inclusive a de eliminar o vídeo do presidente Trump", informou Guy Rosen, vice-presidente do Facebook, em um tuíte.

A empresa também decidiu suspender a conta de Donald Trump por 24 horas por violar políticas ligadas à promoção de teorias de conspiração. Advertências dessa violação foram informadas ao perfil de Trump.

"Avaliamos duas violações de política contra a página do presidente Trump que resultarão em um bloqueio de recursos de 24 horas, o que significa que ele perderá a capacidade de postar na plataforma durante esse tempo", explicou o Facebook.

A empresa classificou o grupo de pessoas que invadiram o Capitólio dentro de suas políticas sobre "organizações e indivíduos perigosos". A designação é usada para ações contra grupos terroristas e de ódio, por exemplo. Ela prometeu que continuaria o monitoramento dentro da plataforma.

Nesta quinta, foi a vez de Mark Zuckerberg anunciar que Trump ficaria bloqueado por tempo indeterminado. "Nos últimos anos, permitimos que o Presidente Trump utilizasse a nossa plataforma consistente com as nossas próprias regras (...) Mas o contexto atual é agora fundamentalmente diferente, envolvendo o uso da nossa plataforma para incitar a insurreição violenta contra um governo democraticamente eleito", disse.

Instagram

Seguindo a decisão do Facebook, o Instagram (que pertence ao mesmo grupo) suspendeu a conta do republicano temporariamente. "Estamos bloqueando a conta do presidente Trump no Instagram por 24 horas também", afirmou Adam Mosseri, presidente executivo do Instagram com partilhar a decisão do Facebook.

Como disse Zuckerberg, Trump agora também será bloqueado no Instagram por tempo indeterminado a partir desta quinta. O Facebook e o Instagram também bloquearam o uso da hashtag #StormTheCapitol (tempestade no Capitólio, em tradução livre).

YouTube

O YouTube anunciou a remoção de postagens do republicano que possuíam informações não comprovadas sobre as eleições. O seu perfil não chegou a ser suspenso.

Segundo apurou o site The Verge, a empresa também permitirá que a mensagem de Trump apareça nos vídeos de outros criadores se houver um "contexto educacional ou de notícias adequado". Em dezembro de 2020, o YouTube mudou sua política e passou a proibir vídeos que alegassem fraude eleitoral generalizada nos resultados das eleições presidenciais dos EUA no ano passado.

Snapchat

Por preocupações quanto aos riscos das publicações, o Snapchat também bloqueou o perfil de Trump. A empresa afirmou que vai monitorar a conta, mas não definiu um prazo limite para a decisão, segundo o site TechCrunch.

Apesar de não ter explicitado seus motivos, a empresa já havia feito algo parecido em junho, quando postagens do presidente foram retiradas do Discover, área da rede social que divulga conteúdos de canais parceiros.

O cofundador e executivo-chefe Evan Spiegel disse na época, em um post, que o Snapchat "simplesmente não pode promover contas na América que estão ligadas a pessoas que incitam a violência racial, quer o façam dentro ou fora de nossa plataforma".

Manifestantes pró-Trump invadem Congresso nos EUA

Invasão ao Capitólio

O Capitólio é o nome dado ao Congresso norte-americano. A certificação de Joe Biden como atual presidente eleito dos Estados Unidos estava marcada para acontecer na tarde de quarta-feira. É um evento burocrático que acontece tradicionalmente. Antes da sessão, apoiadores de Trump se mobilizaram em frente ao Capitólio.

No momento em que os congressistas discutiam uma objeção ao voto do Arizona, os manifestantes invadiram o prédio. Policiais chegaram a usar armas e bombas de gás para conter os apoiadores de Trump.

Uma mulher morreu após ser baleada durante a invasão. Outras três mortes foram confirmadas pela polícia. Elas aconteceram por "emergências médicas". Ao menos 14 policiais ficaram feridos.

A sessão foi retomada por volta das 22h (horário de Brasília) depois que oficiais de segurança deram o aval. Biden e Kamala Harris foram oficializados então como presidente e vice-presidente dos Estados Unidos.

* Com matérias de Carolina Marins e Thaís Augusto, AFP e Reuters.