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Conheça as fake news mais absurdas já checadas sobre o coronavírus no mundo

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Imagem: Reprodução

Cléberson dos Santos

Colaboração para Tilt

31/08/2020 04h00

Sem tempo, irmão

  • A pandemia do coronavírus tem sido o principal alvo de fake news no mundo
  • Uma rede internacional tem lutado para desmentir essas notícias falsas
  • A iniciativa já desmentiu mais de 7.100 boatos
  • Os três países com mais fake news verificadas são Índia, Estados Unidos e Brasil
  • As mais surreais vão de beber xixi de vaca ao bebê que mandou comer ovos

A divulgação de notícias falsas é um problema sério no Brasil e no mundo já há alguns anos. Tal como o coronavírus, esse tipo de conteúdo espalhou-se pelo mundo em 2020, tendo a pandemia como principal alvo. Não é à toa que a OMS (Organização Mundial da Saúde) vem tratando o problema como uma "infodemia", uma verdadeira epidemia de desinformação.

Para tentar reduzir o alcance dessas informações, a IFCN (International Fact-Checking Network, ou Rede Internacional de Verificação de Fatos, em tradução livre) reuniu mais de 80 veículos em mais de 70 países em uma grande aliança de verificação de notícias falsas. Desde janeiro, a iniciativa já desmentiu mais de 7.100 boatos.

No site do #CoronaVirusFactsAlliance é possível ter acesso a um enorme banco de dados com todas essas checagens, além de ver de onde são as notícias mais checadas e quais os temas que mais inspiraram mentiras.

Coincidentemente, os três países com mais fake news verificadas são os mesmos que lideram os rankings de casos de covid no mundo: Índia, Estados Unidos e Brasil. Esses números não representam a quantidade de informações falsas compartilhadas, mas sim o volume do trabalho feito pelos checadores.

Entre os temas que mais foram alvos de notícias falsas estão as formas de propagação, redes de 5G, métodos de cura e informações governamentais. Mas há também muito espaço para informações que beiram o surreal.

Tilt mergulhou no banco de dados do #CoronaVirusFactAlliance para encontrar o que há de mais absurdo nas fake news compartilhadas entre os dez países com maior quantidade de checagens. Confira:

Urina de vaca como remédio contra o novo coronavírus

A Índia é o país com mais notícias falsas checadas por jornalistas no mundo. O banco de dados da IFCN conta atualmente com 1.649 verificações do país. Uma das informações que rodou entre os indianos no começo da pandemia era de que a urina de vaca, animal que é considerado sagrado por lá, seria um remédio eficaz contra o covid.

O Ministério de Saúde do país chegou a ser questionado em entrevista coletiva sobre o tratamento e desconversou. Houve até uma "festa" promovida por um grupo nacionalista para tomar a urina, que é um tratamento popular no país para diversas enfermidades.

Plástico bolha pode passar coronavírus

Segundo lugar no ranking de checagens, os Estados Unidos é um grande celeiro de notícias surreais. Foi lá que as pessoas estavam tomando água sanitária ou injetando detergente na veia como método de cura para o covid. Lá surgiram ainda as grandes teorias da conspiração de que o vírus foi desenvolvido em laboratório.

Em fevereiro, também circulou que estourar plástico bolha poderia expor as pessoas ao novo coronavírus. Isso aconteceria porque o plástico seria produzido por pessoas que o assopravam e que poderiam estar contagiadas. A notícia foi produzida por uma página de humor que foi retirada do ar pelo Facebook por "publicações falsas e conteúdo inflamatório".

O caso do "primo do porteiro aqui do prédio"

"Gente! O primo do porteiro aqui do prédio morreu pq foi trocar o pneu do caminhão e o pneu estourou no rosto dele. Receberam o atestado de óbito como se fosse a covid-19. Eles estão indignados".

Você com certeza se deparou com publicações como essa lá no começo da quarentena aqui no Brasil. O texto foi compartilhado por centenas de perfis nas redes sociais, sempre se referindo a um "primo do porteiro aqui do prédio" e virou piada pela "coincidência".

Esta foi uma das 603 checagens feitas pelos institutos de verificação brasileiros desde o começo da pandemia. O banco de dados do IFCN sobre nosso país lista uma grande quantidade de informações falsas sobre a ineficiência das medidas de isolamento social e a eficácia da cloroquina como tratamento à covid. Tudo sem comprovação, claro.

Quarentena em bordel

Também de um site satírico, desta vez da Espanha, surgiu a informação que 86 pessoas teriam que cumprir a quarentena em um bordel de Valência após uma garota de programa ter resultado positivo no teste para coronavírus. A "notícia" atravessou o Atlântico e viralizou também no Brasil. Por aqui, o jornalista e humorista José Simão chegou a citar a suposta quarentena em seu comentário diário na Rádio Band News.

Termômetro mata neurônios

Uma fake news que se espalhou bastante pela América Latina nos últimos meses falava de possíveis danos causados pelos termômetros infravermelhos, aqueles usados para medir a temperatura dos clientes na entrada de supermercados. Na Colômbia, quinto lugar em quantidade de checagens, viralizou a história que estes aparelhinhos causam a "morte de neurônios". Também já havia circulado que este termômetro é capaz de queimar a retina e afetava a glândula pineal, estrutura do cérebro responsável pela regulação do ciclo do sono.

Churrasquinho melhor que vacina

Em fevereiro, circulou pelas redes sociais da França a publicação de uma página sobre agricultura que afirmava que consumidores de carne bovina seriam imunes ao novo coronavírus. Além disso, o texto também dizia que o vírus se espalhou com rapidez pela China justamente pelo baixo consumo de carne entre a população. A França é o sexto país do mundo em quantidade de fake news checadas. Foram 309 até o começo de agosto.

O bebê mandou comer ovos

Nas Filipinas, um vídeo que alcançou a marca de mais de 1,4 milhão de visualizações apresentava o relato de uma mulher contando que um bebê recém-nascido havia falado que comer ovos cozidos era a cura para o covid.

Além de falsa, a história é copiada. Um relato semelhante já tinha sido viralizado na Indonésia e na China, mas sem o mesmo alcance. No caso chinês, quem revelou sobre a "eficácia" dos ovos cozidos foi um porco e a mulher que espalhou o boato teve de cumprir uma pena de dez dias de prisão.

Cemitério em Copacabana

Você lembra quando ativistas colocaram diversas cruzes nas areias da Praia de Copacabana em protesto à forma como a pandemia tem sido enfrentada pelo governo brasileiro? Entre os italianos, a foto do ato viralizou como se de fato o Rio de Janeiro houvesse transformado Copacabana em um cemitério para as vítimas do covid.

Secador de cabelo destrói o coronavírus

No México, circulou a informação de que secadores de cabelo poderiam ser usados como prevenção ao covid-19. Isso porque, segundo o médico do vídeo, o novo coronavírus poderia ser destruído ao ser exposto a uma temperatura superior aos 56ºC. Ele recomendava colocar o secador em direção ao nariz pelo menos cinco vezes ao dia. O médico também dava a opção de lavar o rosto com água fervente. As informações foram desmentidas pelas secretarias de saúde locais.

Messi conspiracionista

Fechando o top 10 aparece a Argentina. Por lá, os institutos de checagem já verificaram 167 notícias falsas. Entre elas, uma suposta denúncia feita pelo craque Lionel Messi de que "está acontecendo um golpe de estado planetário", por conta das medidas de isolamento social.

A suposta frase foi publicada em uma página no Facebook e garantia ainda que Messi havia dito que os líderes mundiais estavam aproveitando a quarentena para "impor um governo tecno-totalitário baseado no controle, na hipervigilância e na redução das liberdades civis".