Estudo identifica droga que inibe replicação do coronavírus em 48 horas
Sem tempo, irmão
- Pesquisa na Austrália mostrou eficácia de medicamento contra coronavírus in vitro
- Próximas fases do estudo vão definir se a droga pode funcionar em humanos
- Uma única dose eliminou todo o código genético do vírus em 48 horas
- Estudo deve ser visto com cautela e se soma a outros que mostraram eficácia em testes
Em primeiro lugar, atenção: este texto faz referência a um medicamento em estudo e que, por enquanto, ainda não tem eficácia comprovada contra o coronavírus. Ninguém deve comprar ou tomar um remédio sem eficácia comprovada.
Agora vamos para a notícia positiva. Um remédio contra parasitas, usado normalmente no combate a piolhos, mostrou eficácia em testes feitos in vitro contra o coronavírus. O estudo foi feito por pesquisadores australianos da Universidade Monash e do laboratório de infecções virais do Hospital Real de Melbourne, sendo publicado no periódico Antiviral Research.
Na pesquisa, os cientistas usaram o remédio ivermectina, já utilizado no mercado e aprovado para tratamentos médicos, para inibir o coronavírus em cultura de células. O resultado do teste inicial foi efetivo: injetado duas horas após a infecção da célula, a droga com uma única dose erradicou em 48 horas todo o material genético do vírus - em 24 horas, a redução da infecção já era de 93%.
Apesar de animador, os próprios pesquisadores realçam que os testes são iniciais e que as próximas etapas do estudo determinarão se, de fato, o remédio pode ser efetivo ou não. A intenção é evitar usos desnecessários por pessoas pelo mundo com a possibilidade de intoxicação e morte, como já ocorreu com a cloroquina.
"A ivermectina é muito usada e considerada uma droga segura. Mas agora precisamos entender se a dosagem que seria usada em humanos é efetiva e este é o próximo passo", afirmou em comunicado Kylie Wagstaff, chefe da pesquisa e membro do Instituto de Biomedicina de Monash.
A estratégia dos cientistas na pesquisa é semelhante à de outros pelo mundo: o reposicionamento de fármacos. A intenção é abreviar o tempo para que um remédio contra o coronavírus fique disponível. No Brasil, cientistas usam a mesma tática e já selecionaram cinco compostos promissores que estão passando por testes in vitro.
Cautela
A droga entra no rol de mais uma que se mostrou promissora contra o coronavírus em testes in vitro. Anteriormente, a cloroquina, remdesivir, lopinavir, emitine e outras também já se mostraram eficazes na replicação do coronavírus in vitro - ou seja, com células infectadas em laboratório.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) tem organizado testes clínicos com cinco compostos, em parcerias com instituições de todo o mundo, para ver se há eficácia de algum remédio em humanos de fato contra o coronavírus.
No estudo sobre a ivermectina, pesquisadores apontam que ela já se mostrou eficaz in vitro contra outros vírus como o HIV, dengue e influenza. No estudo envolvendo o coronavírus, os pesquisadores relembram que a droga deu resultados mistos após testes clínicos na Tailândia envolvendo a dengue.
"A ivermectina foi o foco de teste clínico de fase 3 na Tailândia entre 2014 e 2017 contra dengue, em que uma dose oral única diária foi segura e resultou em redução significante de níveis de proteínas virais, mas nenhuma mudança em viremia (presença de vírus no sangue) ou benefício clínico foi observada", apontam.
Os pesquisadores ainda sugerem que a eficácia pode ser definida pelo regime de doses do medicamento, que pode ser alvo do estudo futuro para verificar a real eficácia em humanos contra o coronavírus. Eles avaliam que o remédio pode ser usado em infecções iniciais - o teste feito ocorreu com doses aplicadas após duas horas de infecção em células.
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