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Opinião

Agora vai? Metaverso ganha força com óculos da Apple e tapete da Disney

Desculpe o atraso, mas foi daqui que pediram um metaverso? Só se falou em metaverso no longínquo ano de 2022. Em 2023 foi a vez do ChatGPT e da inteligência artificial roubarem a cena. Do jeito que a coisa está indo, 2024 vai aprofundar as transformações promovidas pela IA, em especial no campo da IA generativa. Tudo isso faz com que o metaverso pareça ter ficado para trás.

Será mesmo?

É verdade que o hype sobre o metaverso fugiu do controle, mas as impressões sobre a receita da Meta e a ascensão do debate sobre IA fizeram com que a palavra da moda logo virasse piada. A fronteira entre o fascínio e o fiasco teriam sido redefinidas no campo da tecnologia.

Acontece que, como falamos lá atrás, o metaverso já chegou, só que ele ainda não está pronto. A virtualização dos ambientes e das interações humanas prometidas no metaverso dependem de avanços nas áreas de software, de hardware e na própria velocidade de conexão. Ainda não chegamos lá, mas em 2024 estamos cada vez mais perto.

E um fator importante para que os projetos de metaverso avancem é justamente o desenvolvimento de soluções baseadas em IA, que passam a oferecer soluções rápidas para a criação de espaços virtuais e meios de interação. Então, no final das contas, quanto mais IA mais metaverso.

Metaversos fantásticos e onde habitam

Talvez a porta de entrada do metaverso esteja mesmo, por enquanto, nas aplicações industriais, que reproduzem ambientes controlados para o treinamento de funcionários. Esses ambientes, que servem como gêmeos digitais de espaços reais, podem treinar pessoas antes que elas desempenhem as suas atividades para valer. Pense no treinamento de funcionários responsáveis pela gestão do maquinário de uma plataforma de petróleo, por exemplo. Para eles o metaverso pode chegar mais cedo.

Outro grupo que vai experimentar o metaverso mais cedo são crianças e adolescentes, já acostumados com a intensa virtualização do que significa se divertir e estar na companhia dos outros. Conectados por horas a fio nos jogos on-line cooperativos ou nos Minecrafts da vida, os jovens têm menos barreiras culturais e restrições para embarcar no metaverso. De certa forma, os jogos de hoje já disponibilizam uma forma rudimentar de metaverso, só que menos imersiva e com menos recursos.

Outra barreira importante para a decolagem do metaverso é o preço e a disponibilidade dos equipamentos, além do estranhamento que muitos mantêm com a ideia de passar horas com óculos de realidade virtual preso ao rosto.

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Se pudesse apostar, esse é um hábito que vai ser normalizado na segunda metade da década, assim como nos acostumamos (mais ou menos, no meu caso) a ver pessoas em público filmando e fazendo selfie a todo instante.

Faça a pergunta: os celulares passaram a ter câmeras frontais porque as pessoas queriam tirar fotos delas mesmas ou a existência das câmeras frontais veio primeiro e a explosão das selfies depois?

A resposta ajuda a entender como práticas sociais e transformações nos dispositivos tecnológicos se misturam. O que falta são opções de óculos de realidade virtual (ou mista) que não custem uma fortuna e nos quais as pessoas enxerguem valor. Hoje em dia, olhando em especial para os óculos Meta Quest, eles ainda estão muito voltados ao mercado de games, mas isso deve mudar. O Vision Pro, da Apple, é um primeiro passo nessa direção.

Vision Pro, os óculos da Apple que mesclam realidades virtual e aumentada
Vision Pro, os óculos da Apple que mesclam realidades virtual e aumentada Imagem: LOREN ELLIOTT/Reuters

Os óculos e o tapete

Os vídeos das pessoas andando na rua usando o Vison Pro causam um certo desconforto. Elas parecem umas lunáticas já que o uso dos óculos em locais púbicos, por enquanto, não parece trazer qualquer vantagem incremental além da exibição "gratuita" de poder aquisitivo.

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Isso deve mudar. Não apenas a segunda versão do Vision Pro deve corrigir algumas características apontadas pelos primeiros usuários, como a oferta de aplicações que se valem dos elementos dos óculos deve aumentar.

Além disso, essa não seria a primeira vez em que um novo dispositivo tecnológico causa estranhamento ao ser usado em público. Os próprios fones da Apple, de início, eram objeto de ridicularização por parecer cotonetes presos no ouvido das pessoas. Não demorou muito para virar uma coisa chique.

A chegada silenciosa do metaverso não está apenas na controvérsia dos óculos. A Disney Research anunciou no mês passado o HoloTile, um tapete que faz com que a pessoa que caminhe nele seja sempre impulsionada para o seu centro. Com isso, a pessoa poderá literalmente andar quilômetros sem sair de um pequeno círculo.

Não é difícil perceber como essa invenção é um tijolinho importante para o futuro do metaverso. Inserida em um ambiente virtual, a pessoa que anda em cima do tapete poderá se descolar no cenário digital ao mesmo tempo em que, no mundo físico, tem a segurança de que não vai sair de uma pequena área de segurança.

Todo mundo que já usou óculos de realidade virtual sabe que o medo de sair do círculo de segurança é um baita limitador da experiência, além de um potencial destruidor de objetos ao redor quando a pessoa dá uma espadada em um monstro virtual ou rebate a bola do pingue-pongue digital.

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Por tudo isso, talvez 2024 não seja exatamente o ano do metaverso, já que esse posto pertence a 2022, como profecia ou como piada. Mas tudo indica que teremos pela frente uma aceleração das transformações que levam à virtualização. O futuro em breve estará na nossa cara (e sob os nossos pés).

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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