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Para diretor de Watch Dogs, futuro do game veio "antes do esperado"

Clint Hocking conversou com o START sobre Watch Dogs Legion - Christian Petersen/Getty Images
Clint Hocking conversou com o START sobre Watch Dogs Legion
Imagem: Christian Petersen/Getty Images

Rodrigo Lara

Colaboração para o START

18/07/2020 04h00

Resumo da notícia

  • Legion é a terceira edição do jogo que fala sobre vigilância, conflitos políticos e lutas sociais
  • Para Clint Hocking, o futuro se tornou "não tão imaginário como gostaríamos"
  • Jogo chega em outubro, com versão aprimorada para a nova geração na sequência

Privacidade, hackers e governos autoritários que usam a tecnologia para controlar cidadãos. Se, de certa forma, esses temas são contemporâneos e fazem parte do nosso cotidiano, em 2014, quando o primeiro Watch Dogs foi lançado, o debate em torno deles ainda era bastante incipiente.

Teria o game da Ubisoft previsto o futuro? Na opinião de Clint Hocking, diretor de criação de Watch Dogs: Legion —game que chega em 29 de outubro para PC, PlayStation 4 e Xbox One—, a série acabou sendo muito mais contemporânea do que o esperado. E, especialmente em relação ao novo game da franquia, retratar um futuro sombrio que acabou se tornando algo próximo foi algo um tanto assustador.

TENTAMOS OLHAR PARA DIFERENTES TENDÊNCIAS ECONÔMICAS, SOCIAIS, TECNOLÓGICAS E POLÍTICAS, MAS MUITA COISA MUDOU NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS (...) ESSE FUTURO SINISTRO VEIO ANTES DO QUE A GENTE ESPERAVA
Clint Hocking, Diretor criativo de Watch Dogs Legion

Watch Dogs Legion drone - Divulgação/Ubisoft - Divulgação/Ubisoft
Imagem: Divulgação/Ubisoft

"Watch Dogs sempre foi sobre responsabilizar os donos do poder justamente pelo poder que eles têm sobre as pessoas. Com Legion, nós decidimos que o jogo se passaria um pouco mais no futuro e, para isso, tentamos olhar para diferentes tendências econômicas, sociais, tecnológicas e políticas, mas muita coisa mudou nos últimos cinco anos, que é justamente o período que temos trabalhado no game. Esse futuro sinistro veio antes do que a gente esperava", disse, em entrevista exclusiva ao Start.

Além desse futuro sombrio "não tão imaginário como gostaríamos", o game passou por um adiamento, já que sairia em março deste ano. A culpa, naturalmente, poderia recair sobre a pandemia do novo coronavírus, mas, para Hocking, o isolamento provocado por essa situação acabou até sendo benéfico para a conclusão do jogo.

NA VERDADE, ACHO ATÉ QUE ALGUMAS PESSOAS TRABALHAM MELHOR LONGE DOS OUTROS, JÁ QUE HÁ MENOS DISTRAÇÕES, MENOS CAOS. ENTÃO, EM CERTOS PONTOS, A SITUAÇÃO ATUAL ACABOU AJUDANDO
Clint Hocking, sobre o período de home-office durante a pandemia

Ele não nega que houve um impacto considerável na forma de se trabalhar, já que todo o time envolvido com o game trocou os escritórios pela própria casa. A sorte da equipe, na sua opinião, foi que isso ocorreu em um momento do desenvolvimento do game no qual o contato pessoal não era tão importante.

"É um game que está em desenvolvimento há cinco anos e já passou por vários ciclos criativos e já estava em sua fase de execução, o que facilita na hora das pessoas trabalharem longe umas das outras. Nós tivemos muita sorte com isso, já que nos últimos tempos o trabalho girava em torno de jogar o game para resolver bugs e outros problemas", diz.

Watch Dogs Aeroporto - Divulgação/Ubisoft - Divulgação/Ubisoft
Imagem: Divulgação/Ubisoft

CIDADÃOS UNIDOS

Ainda que com o seu próprio tempero, a narrativa de Watch Dogs: Legion mantém a premissa básica de girar em torno da busca pela liberdade. O jogo se passa em uma Londres levemente distópica, onde o grupo hacker DedSec luta contra o ctOS, um sistema de vigilância que serve como motor para a opressão dos cidadãos locais.

"É um contexto que exige o surgimento de 'heróis ordinários' e também que favorece a união das pessoas, deixando de lado as diferenças para lutarem juntas para retomar o controle dos seus futuros e fazer um mundo melhor", diz Hocking. Isso, inclusive, serve de pano de fundo para aquilo que o diretor criativo do game considera como a principal inovação de Legion em relação a Watch Dogs 2: a criação de um mundo vivo onde o jogador pode recrutar e controlar qualquer NPC (sigla em inglês para non-playable character, ou "personagem não-jogável).

Watch Dogs galera - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Aqui, Hocking faz mais um paralelo com o que vemos nos dias de hoje, em especial nesse cenário de pandemia.

"Uma das coisas mais fantástica que vi no mundo nos últimos meses foi notar pessoas comuns, independentemente de serem trabalhadores de hospitais ou não, tendo que lutar pelos outros, de maneira que nossa sociedade continuasse funcionando. Nós mostramos que somos mais fortes quando estamos juntos, e é justamente sobre isso que Watch Dogs: Legion é. Então eu espero que esse tipo de ideal acabe se propagando".

Watch Dogs Pôster - Divulgação/Ubisoft - Divulgação/Ubisoft
Imagem: Divulgação/Ubisoft
Hocking explica que o game deixou de lado a ideia inicial de enquadrar esses personagens em classes e passou a adotar uma postura mais livre e contextualizada. Por exemplo: se o jogador recruta um personagem que trabalhava com construção civil, esse personagem terá habilidades relacionadas ao seu ramo de atividade.

"Ele poderá entrar em locais de construção sem ser detectado e se dará melhor usando armas brancas. Há muitas possibilidades diferentes nesse sentido que permitirão que o game seja jogado de formas bem distintas, já que o tipo de personagem recrutado influencia tanto o gameplay quanto a história."

CONFLITO DE GERAÇÕES

Além de ter versões para os consoles atuais, Watch Dogs: Legion também estará nos novos PlayStation 5 e Xbox Series X.

De acordo com Hocking, a diferença entre as versões será apenas visual. "Nos novos consoles, o game se aproveitará da tecnologia ray tracing para oferecer uma Londres mais realista. A cidade fica fantástica, especialmente em momentos de chuva. O mundo parece mais vivo e essa é a principal diferença do game lançado para a atual geração e o que sairá para os próximos consoles", diz.

Sobre a expectativa para os novos videogames, Hocking se diz ansioso com o que o poderio da nova geração possibilitará fazer em termos narrativos.

Clint E3 - Christian Petersen/Getty Images - Christian Petersen/Getty Images
Clint Hocking, da Ubisoft, durante revelação de Watch Dogs Legion na E3 2019
Imagem: Christian Petersen/Getty Images

"O que eu espero para a próxima geração é a capacidade de podermos criar simulações ainda mais complexas de pessoas, com histórias individuais mais profundas e realistas, e popular mundos com elas. Poder usar recursos como inteligência artificial e ter à disposição hardware mais poderoso para transformar as pessoas dos mundos que criamos nas estrelas dos nossos games", afirma.

Para ele, transformar os NPCs em personagens jogáveis foi um coisa "de nova geração" feita em Watch Dogs: Legion. "Ter feito algo do tipo talvez nos coloque em uma posição de destaque conforme começamos a realmente migrar para a próxima geração", conclui.

O QUE EU ESPERO PARA A PRÓXIMA GERAÇÃO É A CAPACIDADE DE PODERMOS CRIAR SIMULAÇÕES AINDA MAIS COMPLEXAS DE PESSOAS, COM HISTÓRIAS INDIVIDUAIS MAIS PROFUNDAS E REALISTAS
Clint Hocking, sobre a nova geração de consoles

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