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Adiamento de Cyberpunk 2077 dispara o alerta: tem "crunch" vindo aí

Cyberpunk 2077 foi adiado em cinco meses: de abril para setembro  - Divulgação/CD Projekt
Cyberpunk 2077 foi adiado em cinco meses: de abril para setembro Imagem: Divulgação/CD Projekt

Bruno Izidro

Do START, em São Paulo

22/01/2020 04h00

O anúncio do adiamento de "Cyberpunk 2077", na mesma semana em que os lançamentos de "Final Fantasy VII Remake" e "Marvel's Avengers" também foram prorrogados, deixou um gosto de decepção no ar. Afinal, ninguém gosta de esperar mais alguns meses por jogos que vinham gerando tanta expectativa, e um adiamento sempre levanta suspeitas sobre "o que será que está dando errado no desenvolvimento?"

Além dessas reações imediatas, pórém, uma outra consequência aparece: a carga extra de trabalho sobre as equipes envolvidas no projeto, conhecida como "crunch".

Logo após revelar que "Cyberpunk 2077" vai pular de abril para 17 de setembro, a produtora CD Projekt RED realizou uma sessão de perguntas e respostas com jornalistas. Uma das perguntas foi sobre o time de desenvolvimento passar por "crunch" nesse período extra, e o CEO Adam Kicinski admitiu que passarão:

Em certo ponto, sim (o time vai passar por crunch), para ser honesto. Tentamos limitar o crunch o máximo possível, mas essa é a etapa final. Tentamos ser sensatos nesse assunto, mas sim. Infelizmente (terá crunch)
Adam Kicinski, co-CEO da CD Projekt

O termo "crunch" na indústria de games significa jornadas de trabalhos longas e intensas, em que as pessoas envolvidas na criação de um jogo costumam trabalhar muito mais horas do que o normal, afetando as horas de descanso e a qualidade de vida a curto e longo prazos.

Crunch Ilustra - Eryk Souza/UOL - Eryk Souza/UOL
Trabalhar sob pressão para terminar um game é comum na indústria de jogos
Imagem: Eryk Souza/UOL

A notícia, apesar de triste, não chega a ser uma surpresa, já que a CD Projekt RED já é conhecida por seus funcionários passarem por crunch no passado, como no desenvolvimento dos jogos da série "The Witcher".

Em entrevista ao START em 2019, um ex-funcionário do estúdio, Karol Zajaczkowski (que hoje trabalha no estúdio 11 Bit, de "Frostpunk"), chegou a relatar os períodos em que dormia em cima da mesa de trabalho no desenvolvimento do primeiro "The Witcher".

Cyberpunk 2077 - Divulgação/CD Projekt - Divulgação/CD Projekt
Durante o crunch, desenvolvedores trabalham horas a mais e sem dia de descanso
Imagem: Divulgação/CD Projekt

Mais recentemente, a CD Projekt admitiu esses problemas e declarou que está comprometida mais seriamente em deixar um ambiente de trabalho o melhor possível para seus funcionários e reforçar uma política de crunch não obrigatório.

Apesar dessa mensagem animadora, a nova declaração de Kicinski mostra que ainda há muito a ser feito para melhorar esse cenário.

Adiamentos de jogos é ruim para os desenvolvedores

Na nota em que revela o adiamento, o estúdio CD Projekt RED revala que "Cyberpunk 2077" já está completo e jogável. O argumento para não lançarem o jogo agora é que eles precisam do tempo extra para "finalizar os testes, consertos e polimento". Como se trata de um jogo ambicioso, com complexo sistema de RPG em mundo aberto, é de se esperar um grande trabalho de finalização.

Mas esse caso não é exclusividade dos criadores de "The Witcher" e "Cyberpunk 2077", e o que se observa nos bastidores da indústria de jogos é que adiamentos não significam "mais tempo para finalizar com calma", mas "mais tempo para continuar um 'crunch' que, provavelmente, já está ocorrendo".

Uma reportagem site Kotaku revelou, por meio de fontes, que o adiamento de outros grandes jogos, como "The Last of US Part II", que sairia em fevereiro deste ano e foi adiado para maio, além de "Marvel's Avengers", que passou de maio para setembro, também vão fazer com que os desenvolvedores passem por crunch.

Adiar um jogo não agrada ninguém, mas enquanto os jogadores só precisam de um pouco mais de paciência para finalmente jogarem aquele game tão aguardado, os mais prejudicados acabam sendo os desenvolvedores, que vão se matar de trabalhar por mais tempo.

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