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Ricardo Feltrin

Opinião: Fórmula e jurados do "The Voice Kids" estão desgastados

Tita Stoll, participante do "The Voice Kids 2019" - Reprodução/TV Globo
Tita Stoll, participante do "The Voice Kids 2019" Imagem: Reprodução/TV Globo

Colunista do UOL

06/01/2019 22h32

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A quarta temporada do programa de calouros mirins "The Voice Kids" estreou hoje com 14,7 pontos de ibope na Grande SP, principal mercado da publicidade nacional.

O índice representa mais que a soma da segunda e terceira colocadas (Record e SBT), cada com 6 pontos de média. Cada ponto de ibope em 2019 em São Paulo equivale a cerca de 73 mil domicílios.

Parece tudo ótimo, só que não. O ibope desse quarto retorno do programa rendeu à Globo quase 35% menos audiência que a estreia no ano passado.

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Motivos para a aparente redução de interesse do público não faltam. Na minha opinião, tudo começa por uma fórmula já desgastada e precisando de uma boa revisão --ou quiçá um descanso mesmo.

Primeiro problema é que o programa tem como objetivo exibir cenas de fofura e "emoção" --como vários colegas aqui no UOL já frisaram, e não descobrir novos talentos para a música nacional.

Só isso explica a quantidade de crianças musicalmente fracas --mas, sim, sim, fofinhas--  se apresentando no palco da maior emissora em rede nacional.

Só que são desenvoltas, desinibidas, engraçadas e, principalmente, dramáticas: pulam, choram, gritam, se emocionam na hora certa. Tudo muito bem ensaiado e alinhadinho. 

O segundo problema que eu vejo é a "salada" de idades na lista de candidatos de "melhor voz infantil" (e não criança mais fofinha, aliás).

Alguma lógica deveria haver: criancinha concorrendo com moleque na puberdade que por sua vez concorre com a teenager esganiçada. 

Não é possível, musicalmente falando, fazer uma justa avaliação com tal variação etária.

Outro problema crônico da atração tem nome também: os jurados. Já chega, deviam todos se despedir nesta temporada e voltar para suas carreiras musicais vitoriosas e lucrativas.

Ao contrário das crianças cantoras, naquelas poltronas não há nenhum bom ator ou atriz.

São quase todos forçados e exagerados, soam artificiais. A suposta "emoção" que tanto falam muitas vezes simplesmente não existe.

Registro: até por eu mesmo ser músico, tenho enorme respeito por Carlinhos Brown. Ele é definitivamente um percussionista e músico genial, mas, no programa, seus discursos longos e adjetivados, idolatrando cada uma das crianças que pisa naquele palco, soam mais ocos e maleáveis que um bambu.

Aliás, a verborragia de Brown é tanta que as demais juradas (Claudia Leitte, Simone e Simaria) se tornaram uma espécie de "sub coadjuvantes".

Simone e Simaria, vá lá, são umas queridas, uns amorecos, mas nessa estreia foram só risadinhas, caras e bocas.

Claudia Leitte também parece já ter atingido um ponto de saturação como jurada. Não dá para fingir emoção onde ela não existe, afinal.

Talvez seja hora de a Globo repensar essa versão infantil do programa ou lhe dar um bom descanso. 

Ou pelo menos que seja boazinha e dê um descanso aos nossos ouvidos.

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