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Com Simple Plan deliciosamente caótico, festival retoma clima dos anos 2000

O clima era de nostalgia no Allianz Parque, em São Paulo. O line-up do festival I Wanna Be Tour, que teve início neste sábado (2), na capital paulista — e segue para Curitiba (neste domingo, 3), Recife (6 de março), Rio de Janeiro (9 de março) e Belo Horizonte (10 de março) — transportou o público para os anos 2000, com a apresentação de Simple Plan, A Day To Remember, The All-American Rejects, All Time Low, The Used, Asking Alexandria, NX Zero, Pitty, Boys Like Girls, Mayday Parade, Plain White T's e Fresno.

O festival, que reuniu 50 mil pessoas, pega carona numa espécie de revival dessa cena musical forjada no início dos 2000, com uma sonoridade muito marcante e característica da época, construída a partir do pop-punk, do hardcore e do emo. Esse resgate, que também passa por outras áreas como moda e séries de TV, é impulsionado principalmente pela geração Z, formada por pessoas que nasceram de 1995 a 2010, que 'descobriu' a cena e a fez viralizar nas redes sociais.

I Wanna Be Tour realiza o sonho de todos os emos

Por isso, foi interessante observar que grande parte do público que lotou o Allianz Parque no sábado era formada justamente por uma geração mais jovem, que nasceu na mesma época que essas bandas surgiram ou ainda era criança quando seus ídolos começaram a ganhar projeção.

Pierre Bouvier, da banda canadense Simple Plan, na apresentação no festival emo I Wanna Be Tour, em São Paulo
Pierre Bouvier, da banda canadense Simple Plan, na apresentação no festival emo I Wanna Be Tour, em São Paulo Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Um dos grandes destaques foi banda canadense Simple Plan, que fecha a programação do festival no palco It's a Lifestyle. A começar pelo próprio vocalista do grupo, Pierre Bouvier — e sua voz incrivelmente intacta. Sempre carismático, Bouvier gosta de interagir com o público e estava atento ao que estava acontecendo na plateia — ele chegou a parar o show para pedir para prestarem ajuda a uma pessoa na plateia que passou mal e distribuírem água.

Com cerca de 1h30 de duração — a mais longa do festival em relação às outras bandas —, a apresentação do Simple Plan teve muitas camadas. A banda fez a esperada retrospectiva da carreira, revisitando grandes sucessos como "Perfect", "Shut Up!", "Jump" e "Welcome to My Life".

O guitarrista Jeff Stinco e o vocalista Pierre Bouvier, do Simple Plan, no palco do I Wanna Be Tour, em São Paulo
O guitarrista Jeff Stinco e o vocalista Pierre Bouvier, do Simple Plan, no palco do I Wanna Be Tour, em São Paulo Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Bouvier falou de suas preferências nacionais: caipirinha e pão de queijo. O Simple Plan, então, emendou um medley que já vem apresentando em seus shows, com "All Star", do Smash Mouth, "Sk8er Boi", de Avril Lavigne, e "Mr. Brightside", do The Killers. A banda fez instrumental de "Vira-Vira", dos Mamonas Assassinas, para o público cantar.

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Plain White T's e Boys Like Girls explicam a volta do emo

Simple Plan no show que encerrou o festival I Wanna Be Tour, na noite de sábado (2), em São Paulo
Simple Plan no show que encerrou o festival I Wanna Be Tour, na noite de sábado (2), em São Paulo Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Na hora de cantar outro sucesso, "What's New Scooby-Doo?", feita para trilha sonora do live-action de Scooby-Doo, várias pessoas vestidas de Scooby subiram ao palco. Em I'm Just a Kid, lançada há 22 anos e que viralizou como desafio no TikTok em 2020, teve participação de Di Ferrero, do NX Zero. Foi um show deliciosamente caótico, que encerrou uma maratona de 12 horas de festival.

NX Zero no palco do I Wanna Be Tour, festival emo que despertou nostalgia no público
NX Zero no palco do I Wanna Be Tour, festival emo que despertou nostalgia no público Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Mais cedo, o próprio NX Zero apresentou outro bom show do festival, já 'aquecido' da longa turnê de reencontro — depois de uma pausa de seis anos —, que teve início no ano passado e que se encerra no festival. Com um Di Ferrero bem azeitado no vocal, a banda entoou seu cancioneiro de músicas sobre amores e desamores, ora com um som mais pesado, ora com baladas.

No repertório mais enxuto para o show de 1h no festival, incluíram sucessos como "Razões e Emoções", "Não É Normal" e "Cedo ou Tarde", acompanhados em coro pelo público.

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Di Ferrero se apresenta com o NX Zero na noite de sábado (2/3), no festival I Wanna Be Tour, em São Paulo
Di Ferrero se apresenta com o NX Zero na noite de sábado (2/3), no festival I Wanna Be Tour, em São Paulo Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Outra atração esperada, a banda norte-americana The Used fez show irretocável após dez anos sem se apresentar no Brasil. Com seus microfones cor-de-rosa, o grupo liderado por Bert McCracken enfileirou canções como "Take it Away", "Giving Up", "I Caught Fire" e "The Taste of Ink". A apresentação teve direito a músicas cantadas em coro com os fãs e roda punk na plateia.

 Show do The Used, grupo liderado por Bert McCracken, um dos destaques da noite de sábado (2), no festival I Wanna Be Tour, em São Paulo
Show do The Used, grupo liderado por Bert McCracken, um dos destaques da noite de sábado (2), no festival I Wanna Be Tour, em São Paulo Imagem: Micaela Wernicke/UOL

I Wanna Be Tour teve início às 11h deste sábado, com o Fresno no palco, o que fez muitos fãs madrugarem para conseguir ver a banda brasileira. É um evento que traz uma nova proposta, o que é bem-vindo em meio a tantos festivais que têm repetido figurinha. As atrações escolhidas foram acertadas, o que rendeu bons shows e segurou o público até o final.

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A decisão de colocar dois palcos lado a lado, o It's Not a Phase e o It's a Lifestyle, por conta do espaço do Allianz, fez com que as apresentações começassem pontualmente. Isso porque, enquanto uma atração se apresentava em um dos palcos, o outro era preparado para a atração seguinte.

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Caso tenha outras edições, o festival merece ocupar lugares maiores, para que os artistas de maior peso possam ganhar mais destaque e, sobretudo, para o público possa escolher o que realmente quer assistir.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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