Por que filme de terror argentino é considerado o melhor do ano (até agora)

"O Mal que Nos Habita" chega hoje aos cinemas e, desde sua primeira exibição durante o Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF) do ano passado, ele é chamado de "um dos melhores filmes de terror" recentes.

Esta condição é derivada de diversas cenas explícitas de violência, com muitas (mas muitas mesmo) sequências com sangue que beiram o asqueroso. O longa é uma criação de Demián Rugna, que dirige e também escreve a trama.

Esses momentos assustam e até mesmo causam estranhas sensações no espectador, uma vez que são brutais, reais e chegam sem avisar. Sem dar muito spoiler, lembre-se deste texto durante a cena que envolve um cachorro e uma criança.

Esta imagem causará pesadelos naqueles que assistiram a 'O Mal Que Nos Habita'
Esta imagem causará pesadelos naqueles que assistiram a 'O Mal Que Nos Habita' Imagem: Divulgação

No filme, acompanhamos os estranhos acontecimentos de uma cidade distante de civilização, situada no interior da Argentina. Nela, dois irmãos tentam se livrar de um homem infectado pelo diabo. No entanto, a tentativa dá errado e eles acabam por espalhar ainda mais o mal.

Chama a atenção do público o "universo bizarro" no qual se passa "O Mal Que Nos Habita". Nele, as regras que conhecemos para se "lutar contra o mal" são bastante diferentes. Isso o distancia do que estamos acostumados com longas de terror genéricos.

O que muitos não sabem é que a inspiração de Demián Rugna foi algo bastante real. Em entrevista durante o Fantastic Fest, ele conta ter se inspirada em uma notícia sobre agrotóxicos que causam problemas de saúde a residentes de regiões de plantações argentinas.

Os proprietários dessas terras contaminam as terras com glifosato para matar pragas, são pesticidas. Muitas pessoas que trabalham nos campos acabam sendo diagnosticadas com câncer. Você provavelmente verá uma criança com câncer, porque eles são trabalhadores. Ninguém fala sobre isso.

O diretor também explica que quis focar em lugares distantes de áreas urbanas para mostrar as dificuldades que as pessoas enfrentariam para encontrar, por exemplo, um exorcista. "Quando eu decidi fazer um filme com um tipo de exorcismo, pensei: 'Ok, mas o que acontece se as pessoas não conseguirem encontrar um padre? Todos os filmes de exorcismo acontecem em uma cidade grande, um casarão. Mas o que acontece se eles estiverem no meio do nada, em uma casa pobre, onde ninguém se importa? Mesmo o dono das terras quer se livrar deles. Isso acontece no meu país o tempo todo. Os demônios não, mas o resto."

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