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ANÁLISE

Na guerra de gerações, filmes revelam uma juventude que quer ser respeitada

Cinema traz histórias que abordam os dilemas, alegrias e dificuldades da adolescência na geração Z - Montagem sobre divulgação
Cinema traz histórias que abordam os dilemas, alegrias e dificuldades da adolescência na geração Z Imagem: Montagem sobre divulgação

Renan Martins Frade

Colaboração para o UOL

15/09/2022 12h10

Esta é a versão online da edição desta quinta-feira (15) da newsletter Na Sua Tela. Nesta semana, destaques para "Justiceira", "Moonage Daydream", "Honor Society" e outros filmes que chegam aos cinemas e aos streamings, além de uma curadoria do que vale assistir. Quer receber a edição da semana que vem no seu email? Inscreva-se. Os assinantes UOL ainda têm 10 newsletters exclusivas.

Os filmes sobre amadurecimento ("coming of age", como são conhecidos em inglês) sempre foram um subgênero importante dentro do cinema. Afinal, são histórias que mostram a trajetória entre o fim da infância e o começo da vida adulta - ou seja, a adolescência, essa época movimentada não só descobertas, mas também de inúmeras questões e lutas.

Curiosamente, são dois os filmes que se relacionam a estes temas e que estreiam no streaming nesta semana: "Justiceiras" e "Honor Society".

Aproveitando esse gancho, esta edição do Na Sua Tela traz uma seleção de filmes de amadurecimento que retratam as dores e alegrias da fase final da geração Z - com aqueles que nasceram até a década de 2000.

São jovens que conheceram o mundo já na era da internet, com os olhos grudados nas telas dos dispositivos móveis, e que possuem uma relação diferente com os outros e com a conectividade. As lutas deles também avançaram, refletindo em temas como sexualidade, saúde mental e até nas questões sociais.

Para os mais velhos, são filmes que podem ajudar a entender não só como essa nova geração pensa, mas também para relembrar que crescer não é fácil - e, tirando certas particularidades de cada época, a trajetória deles é muito parecida com a nossa.

Para os mais novos, é uma chance de se ver retratado no cinema, percebendo que eles não sofrem sozinhos com suas angústias e dores.

Agora, se você procura longas-metragens com outros temas, nesta semana chegam aos cinemas o documentário "Moonage Daydream", com uma viagem quase lisérgica pela obra de David Bowie, e o terror de "Órfã: A Origem".

Está tudo a seguir.

O que tem de novo?

JUSTICEIRAS

Justiceiras - imagem - Divulgação/Netflix - Divulgação/Netflix
Maya Hawke ('Stranger Things') e Camila Mendes ('Riverdale') estrelam a nova comédia ácida da Netflix
Imagem: Divulgação/Netflix

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  • Onde: Nesta sexta (16), na Netflix
  • O que tem de bom: Se tem uma onda na qual a Netflix aprendeu muito bem a surfar é a dos filmes e séries para público adolescente. "Justiceiras" se encaixa exatamente nisso, com uma história livremente (veja só!) inspirada em um clássico de Alfred Hitchcock, "Pacto Sinistro". Porém, sai o suspense e entra a uma comédia ácida no lugar. Na nova história, Drea (a filha de brasileiros Camila Mendes, de "Riverdale") e Eleanor (Maya Hawke, de "Stranger Things") se unem para buscar vingança contra aqueles que "arruinaram" as suas vidas sociais na escola. A partir daí, conhecemos um pouco mais dos dilemas e problemas não só das duas personagens, mas de muitos jovens atuais na mesma situação.
  • O que te faz sentir: satisfação, insolência


HONOR SOCIETY

Gaten Matarazzo - imagem - Divulgação/Paramount - Divulgação/Paramount
Gaten Matarazzo (também de 'Stranger Things') é um dos destaques de 'Honor Society'
Imagem: Divulgação/Paramount

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  • Onde: Nesta sexta (16) em UOL Play e Paramount+
  • O que tem de bom: Amadurecer não é fácil, disso todos sabemos. Mas quais são os dilemas dos jovens atuais? "Honor Society" é um filme que consegue apresentar essa miríade de sentimentos com louvor, abordando temas como amizade, compaixão e a descoberta de quem realmente somos. A história segue Honor Rose (a ótima Angourice Rice, que você deve conhecer como a Betty Brant dos novos filmes do Homem-Aranha), uma jovem que busca a recomendação do diretor Christopher Mintz-Plasse (o inesquecível McLovin de "Superbad") para estudar em Harvard. Para conquistar o seu objetivo, Honor é extremamente manipuladora - e coloca em prática um plano maquiavélico. Porém, o seu coração vai sendo amolecido pelo caminho. Tudo isso é temperado com um ar de "Fleabag", com a protagonista quebrando a quarta parede e conversando com o público. Destaque também para Gaten Matarazzo, no seu primeiro grande papel fora de "Stranger Things".
  • O que te faz sentir: confiança, aceitação

MOONAGE DAYDREAM

'Moonage Daydream' - imagem - Divulgação/Universal Pictures - Divulgação/Universal Pictures
'Moonage Daydream' é uma viagem pelo trabalho de David Bowie
Imagem: Divulgação/Universal Pictures

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  • Onde: Nos cinemas - clique para comprar ingressos
  • O que tem de bom: David Bowie foi um dos grandes nomes da música mundial, com uma trajetória e uma produção artística que merecem ser sempre celebradas. O documentário "Moonage Daydream" é um mergulho nessa carreira, utilizando filmagens inéditas do artista, incluindo apresentações ao vivo. Dessa forma, consegue transpor para a sua estética quem Bowie foi, em uma viagem que também é sensorial. Por isso, você não encontrará aqui uma biografia no sentido tradicional que conhecemos, mas sim um ensaio transcendental de quem foi David Bowie. Perfeito para assistir no cinema, um daqueles com um ótimo som.
  • O que te faz sentir: admiração, nostalgia

ÓRFÃ 2: A ORIGEM

A Órfã 2 - imagem - Divulgação/Diamond Films - Divulgação/Diamond Films
'A Órfã 2' é um prelúdio do filme original, de 2009
Imagem: Divulgação/Diamond Films

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  • Onde: Nos cinemas
  • O que tem de bom: Lançado em 2009, "A Órfã" pode não ter sido um sucesso enorme de público e crítica naquela época, mas com o tempo acabou ganhando um certo status cult entre os fãs de terror psicológico - muito por conta de seu final com uma reviravolta inusitada. Após 13 anos, retornamos a esse universo com "Órfã 2: A Origem", que traz um prelúdio da história original. Dessa forma, conhecemos Leena (Isabelle Fuhrman), uma mulher de 31 anos que, por ter um distúrbio hormonal, está presa em um corpo que aparenta ter apenas nove anos (e que tem uma mente assassina). Ela então se passa por uma garota desaparecida, se infiltrando em uma nova família - o que é apenas o começo dos problemas. Com isso, a produção tenta explicar as pontas soltadas pelo primeiro longa - ainda que não consiga convencer no rejuvenescimento da protagonista.
  • O que te faz sentir: nervoso, ameaça
  • Extra direto do Splash: 'Órfã 2' consegue ser o único filme de origem com um bom motivo de existir

Filmes que mostram as causas e lutas da geração Z

O cinema possui uma característica incrível: abrir as portas para outras realidades e percepções, nos fazendo enxergar para além da nossa realidade. Isso é ainda mais importante quando falamos das diferenças entre gerações, já que, muitas vezes, parece difícil haver um diálogo dos jovens com aqueles mais velhos.

Por diversos motivos, os filmes de amadurecimento podem ser essa ponte. Afinal, revelam as angústias daqueles que estão chegando à vida adulta, enquanto nos fazem perceber que, lá no fundo, o tema da busca de quem somos e para onde vamos é universal. Mudam, apenas, as cores, temas e épocas.

Não é só isso: esses longas representam a chance de que os jovens se vejam na tela, percebendo que não estão sozinhos nas suas dificuldades.


FORA DE SÉRIE

Fora de Série - imagem - Divulgação/MGM - Divulgação/MGM
Beanie Feldstein e Kaitlyn Dever estão ótimas em 'Fora de Série'
Imagem: Divulgação/MGM

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  • Onde: Canal MGM no Prime Video; para aluguel ou compra em Apple TV, Google Play, Loja Prime Video, YouTube, Claro tv+ e Vivo Play
  • O que tem de bom: Por anos, Amy (Kaitlyn Dever) e Molly (Beanie Feldstein) estudaram para serem as melhores da classe e conseguirem ir para as melhores universidades. Só que no finalzinho do último ano elas percebem que não aproveitaram a juventude - e que os colegas que não abriram mão dessas experiências se deram bem. Esse é o ponto de partida de "Fora de Série", da diretora Olivia Wilde (do envolvido em polêmicas "Não Se Preocupe, Querida"), uma comédia de diálogos ágeis que brinca com as experiências, frustrações e sonhos da geração Z. Para os fãs de "Ted Lasso", ainda tem Jason Sudeikis - ex de Wilde - no elenco.
  • O que te faz sentir: empolgação, animação


MOXIE: QUANDO AS GAROTAS VÃO À LUTA

Moxie - imagem - Divulgação/Netflix - Divulgação/Netflix
Em 'Moxie', garotas enfrentam o machismo estrutural no ambiente escolar
Imagem: Divulgação/Netflix

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  • Onde: Netflix
  • O que tem de bom: Cada geração tem as suas causas e a sua busca por espaço - e "Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta" é sobre a essa luta passar de uma geração para a outra. No longa, Vivian (Hadley Robinson) é inspirada pelos fanzines da mãe (Amy Poehler) a iniciar a própria revistinha independente, com textos sobre empoderamento e a forma como as garotas são tratadas na escola. É o começo de uma verdadeira reflexão, passando por temas como bullying e assédio dentro do ambiente escolar.
  • O que te faz sentir: coragem, união

APRESENTANDO NATE

Apresentando Nate - imagem - Divulgação/Disney - Divulgação/Disney
'Apresentando Nate' é uma história de amadurecimento que também é uma carta de amor aos musicais da Broadway
Imagem: Divulgação/Disney

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  • Onde: Disney+
  • O que tem de bom: Um grande caminho para se entender os jovens - e os outros, em geral - é, além de respeitar as diferenças, dar todo o espaço e carinho para que eles entendam a si mesmos. "Apresentando Nate" é justamente sobre essa busca. Na história, o personagem-título (Rueby Wood) é um garoto de 13 anos que vive em Pittsburgh e que quer ser um astro dos musicais da Broadway. Quando ele vê a oportunidade de fazer uma audição para um papel na adaptação de "Lilo & Stich", ele não pensa duas vezes e foge para Nova York ao lado da melhor amiga (Aria Brooks). Assim começa uma aventura não só sobre sonhos, mas também sobre família e o nosso lugar nesse mundo. Tudo isso regado a muita música, em uma grande homenagem à Broadway.
  • O que te faz sentir: orgulho, aceitação


UNPREGNANT

Unpregnant - imagem - Divulgação/HBO Max - Divulgação/HBO Max
'Unpregnant' é uma espécie de 'Thelma & Louise' adolescente da geração Z
Imagem: Divulgação/HBO Max

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  • Onde: HBO Max
  • O que tem de bom: O tema da gravidez da adolescência - e a sua interrupção, em alguns casos - causa sempre polêmica. "Unpregnant" enfrenta a questão de frente, trazendo a trajetória de Veronica (Haley Lu Richardson), uma garota de 17 anos que vê o teste de gravidez dar positivo. Porém, o aborto para menores sem o conscentimento dos pais é proibido no Missouri, então ela parte ao lado da amiga Bailey (Barbie Ferreira) até Albuquerque, no Novo México, para ter acesso ao procedimento às escondidas. Agora, não se engane: este não é um drama para fazer chorar, mas sim uma comédia envolvente pelas estradas norte-americanas, nos fazendo refletir sobre as dores e angústias das jovens.
  • O que te faz sentir: coragem, incerteza

TUDO É POSSÍVEL

Tudo é Possível - imagem - Divulgação/Prime Video - Divulgação/Prime Video
'Tudo é Possível' é uma história sobre amor e descobertas
Imagem: Divulgação/Prime Video

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  • Onde: Prime Video
  • O que tem de bom: Ainda existem poucos filmes que abordam os dilemas dos jovens trans - o que faz de "Tudo é Possível" ainda mais importante. Diferentemente de "Tomboy" e "Uma Criança Como Jake", que abordam crianças mais jovens, este longa do Prime Video traz uma adolescente trans, Kela (Eva Reign), vivendo o seu primeiro amor por um menino. A direção é de Billy Porter (a Fada Madrinha do "Cinderela" da Camila Cabello), uma referência na comunidade LGBTQIA+ e que estreia muito bem na função. Um daqueles filmes que traz o friozinho na barriga da paixão, algo com que todos se relacionam, mas aborda também questões importantes sobre aceitação de quem somos e respeito ao próximo.
  • O que te faz sentir: orgulho, paixão

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