Roberto Sadovski

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Opinião

'Contra o Mundo': Bill Skarsgård flexiona os músculos em anime filmado

Fazer filme de ação tosco deve ser algum rito de passagem obrigatório para a maioria dos atores hollywoodianos. Em "Contra o Mundo", quem embarca no combo pancadaria desmiolada/músculos besuntados/artes marciais é Bill Skarsgård, em modo temperatura máxima numa aventura que parece mais um anime filmado.

Em sua estreia no comando de um longa, o alemão Moritz Mohr desenhou uma trama de vingança rasa e inconsequente, em que nosso herói, batizado Boy, esfarela um exército de malfeitores para eliminar o objeto de sua fúria. No caso, Hilda van der Koy, regente de uma cidade totalitarista que, anos antes, matou sua mãe e irmã. A mulher é interpretada por Famke Janssen, em seu segundo papel de rainha do crime depois de... errr... "Os Cavaleiros do Zodíaco".

"Contra o Mundo" sequer finge alguma preocupação com texto ou personagens. Surdo e mudo, mas "narrado" por um personagem de seu videogame favorito, Boy é treinado por um xamã chamado Xamã (Yayah Ruhian) e logo invade os domínios de Hilda, esbarrando em uma coleção de bons atores, como Sharlto Copley, Michelle Dockery e Brett Gelman, desperdiçados em personagens unidimensionais.

Bill Skarsgård em 'Contra o Mundo'
Bill Skarsgård em 'Contra o Mundo' Imagem: Paris

Apesar do banho de sangue e da violência extrema, a suposta intensidade de "Contra o Mundo" deve impressionar unicamente o público-alvo pré-adolescente que se refastela com os fatalities do game "Mortal Kombat". O tom, em proposta e em execução, é 100 por cento juvenil, como se "Deadpool" fosse rodado sem nenhum roteiro, cuidado ou carisma. Pior ainda: sem senso de humor, o que injetaria alguma humanidade no roteiro.

Ok, ok, isso é papo de crítico. A verdade é que rodar um filme de ação deve ser um barato. Ora, até Dev Patel entrou na fila, inclusive assinando a direção do ainda inédito "Fúria Primitiva". Bill Skarsgård, por sua vez, ficou só à frente das câmeras. Quem sabe, exercitar os músculos em um projeto tão rasteiro tenha sido laboratório para o aguardado "O Corvo", em que ele assume, curvas bombadas à mostra, o papel trágico que imortalizou Brandon Lee. Às vezes é melhor puxar ferro na academia.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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