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Roberto Sadovski

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Bastou um papel em 'Mad Max' para Tina Turner ser imortalizada no cinema

Tina Turner em "Mad Max Além da Cúpula do Trovão" - Warner
Tina Turner em 'Mad Max Além da Cúpula do Trovão' Imagem: Warner

Colunista do UOL

24/05/2023 16h43

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Tina Turner, que morreu hoje aos 83 anos, nunca investiu em uma carreira no cinema. Ainda assim, se tornou uma estrela com um único personagem. Foi em 1985, quando a cantora antagonizou Mel Gibson em "Mad Max Além da Cúpula do Trovão". Foi sua única vez como protagonista. Não precisava de mais nada.

"Precisávamos de alguém com vitalidade e inteligência para que passasse verdade como a regente de Bartertown", disse o diretor George Miller à época do lançamento do filme. "Ela também precisava de uma energia positiva, e não a aura clichê do vilão. Escrevemos o roteiro com Tina em mente antes mesmo de fazer um convite."

Em "Mad Max Além da Cúpula do Trovão", Tina Turner assume o papel de Tia Entity, uma mulher sofisticada que, no futuro pós-apocalíptico imaginado por Miller, mantém a esperança de reconstruir a civilização como um dia fora. Ela enxerga em Max, recém-chegado na "cidade" batizada Bartertown, um potencial aliado para consolidar seu próprio poder.

Na metade dos anos 1980, Tina Turner ressurgia repaginada como diva pop, combinando suas origens do R&B com seu estilo próprio, agora à frente de sua própria história. A chance de explorar o cinema como outro meio de expressão artística era atraente para a cantora. "É minha intenção me tornar uma atriz profissional e popular nessa fase do resto de minha vida", disse.

O convite para fazer "Mad Max Além da Cúpula do Trovão" surgiu depois de Tina recusar um papel em "A Cor Púrpura", que Steven Spielberg lançou no mesmo ano. Antes da aventura ao lado de Mel Gibson, seu único crédito no cinema fora uma ponta no musical "Tommy", projeto do grupo The Who, em que ela surge como a divina Rainha do Ácido, que dizia "Me entreguem um garoto que eu lhes devolvo um homem".

Antes de buscar mais papéis, porém, Tina abraçou os palcos do planeta na turnê mundial "Private Dancer", então patrocinada pela Pepsi. A demanda da música, entretanto, terminou por sobrepujar suas intenções cinematográficas. Ela só voltaria às telas quase uma década depois, em uma ponta minúscula como a prefeita de uma Los Angeles de mentirinha na aventura "O Último Grande Herói", com Arnold Schwarzenegger.

Sua contribuição em "Mad Max Além da Cúpula do Trovão", porém, foi o bastante para cravar sua imagem como diva também no cinema. A figura imponente de Tia Entity, com seu figurino distópico igualmente emblemático, transcendeu as fronteiras de uma única obra e abraçou a imortalidade. Não só pela personagem, mas também por sua contribuição na trilha do filme: é impossível falar em Mad Max sem que, automaticamente, venha a associação com "We Don´t Need Another Hero".