'Grease', adolescentes de 30 anos e o maior sucesso de Olivia Newton-John

Olivia Newton-John não era estranha ao sucesso quando protagonizou em 1978 o musical "Grease - Nos Tempos da Brilhantina" ao lado de John Travolta.

Foi um fenômeno que incendiou as bilheterias e consolidou a artista, que morreu hoje aos 73 anos, como uma das maiores forças da cultura pop do século 20.

Foi justamente John Travolta quem sugeriu Olivia para o filme. Até então com dois créditos solitários como atriz, a artista já tinha um currículo invejável, que já trazia três Grammys e milhões de álbuns vendidos.

Olivia Newton-John, então com 29 anos, tinha dúvidas se conseguiria interpretar uma adolescente. Depois de um teste de câmera bem sucedido, ela abraçou o papel de Sandy, estudante vive um flerte de verão com o bad boy Danny, papel de Travolta. Eles voltam para o colégio e trabalham suas diferenças antes de encontrar o amor.

O sucesso de "Grease" foi arrebatador. John Travolta, na esteira do fenômeno disco "Os Embalos de Sábado à Noite", enfileirou aqui outro filme que cravou suas garras na cultura pop americana. Sua química com Olivia Newton-John, responsável por boa parte dessa identificação com a plateia, resultou em uma amizade que atravessou décadas.

A carreira da cantora e atriz nunca mais foi a mesma - para o bem e para o mal. Até "Grease", Newton-John transitava entre o country e o pop com um estilo pueril, em músicas doces que ficavam ainda mais suaves em sua voz aveludada.

ADOLESCENTES AOS 30

A mudança experimentada por sua personagem terminou por refletir nos passos seguintes em sua direção musical. No clímax de "Grease", Sandy passa de jovem comportadinha a bad girl com roupas de couro e atitude sexy. Mais ou menos como Olivia surgiu na capa de "Totally Hot", álbum de sucesso que ela lançou no final de 1978.

A ironia é que "Grease", embora seja uma história sobre as mudanças que a adolescência traz, não trazia um elenco preocupado com tais dilemas. Afinal, todos já haviam deixado as espinhas para trás há tempos.

Olivia Newton-John completou 29 anos durante as filmagens, enquanto John Travolta tinha 23. A líder da gangue das moças, Rizzo, foi interpretada por Stockard Channing, então com 33 anos. O resto do elenco principal trazia Jeff Conaway (que tinha 26 durante as filmagens), Didi Conn (30), Barry Pearl (27), Jamie Donnelly (30) e Michael Tucci (31).

OUTRAS PRIORIDADES

"Grease" foi o auge da carreira cinematográfica de Olivia Newton-John, um sucesso que ela jamais conseguiu reproduzir. "Xanadu", de 1980, foi um desastre que a transformou em musa divina em um ringue de patinação - a trilha ao menos emplacou três hits.

No ano seguinte, ela conseguiu seu maior sucesso como cantora com "Physical". O álbum trazia a artista abordando temas como relacionamento e sexo, sugerido na faixa título de forma nada sutil. A imagem de boa moça de Olivia Newton-John, porém, afastou a polêmica, e o single foi um sucesso avassalador.

Depos disso, a artista nunca mais experimentou o mesmo sucesso. Ela retomou a parceria com John Travolta na comédia "Embalos a Dois", de 1983, mas ninguém prestou atenção. Nem mesmo Olivia: no fim dos anos 1980, sua atenção estava voltada para algo mais importante, a maternidade!

Em 1992 o lançamento de uma coletânea foi planejado para dar novo fôlego à sua carreira, mas a tour promocional foi cancelada quando ela foi diagnosticada com câncer. Ao se recuperar, sua prioridade passou a ser o ativismo para a pesquisa do câncer e outros problemas de saúde.

UM LEGADO INESQUECÍVEL

Sua vida como ativista não era novidade. Mas sua vida como artista a partir de então tinha o objetivo claro em jogar uma luz em causas humanitárias, de proteção aos animais ou de conscientização de problemas ambientais. O sucesso, como se vê, chega de várias formas.

Olivia Newton-John deixa um legado de sucesso, imortalizado por sua voz no sentido mais amplo que possamos perceber. No tecido da cultura pop, porém, ela já garantira sua imortalidade quando, em 1978, descobriu o parceiro perfeito com as melhores canções ao retratar as agruras da adolescência, mesmo já estando longe delas, no delicioso "Grease".