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'Dog', com Channing Tatum, mostra por que o cachorro é a melhor pessoa
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Não existe absolutamente nenhuma novidade neste "Dog - A Aventura de Uma Vida". Este drama com tintas cômicas, Channing Tatum à frente, traz o exato impacto emocional esperado de um filme com bichinhos.
Se o aperto no coração não tarda a chegar (explico já já), a surpresa aqui é o quanto a jornada torna-se mais e mais envolvente. Talvez pela completa honestidade com que a trama é conduzida. Talvez por fugir do dramalhão fácil.
Ou talvez porque Tatum, estreando na direção ao lado do produtor Reid Carolin, se revele um realizador de ideias sólidas, equilibrando linguagem visual fácil de seguir com um roteiro que tem mais carne nos ossos do que poderia sugerir.
Não atrapalha o charme natural do astro, que obviamente também salta à frente das câmeras, mas também a boa química que ele tem com sua co protagonista canina, a pastora belga Lulu ("interpretada" por três animais).
"Dog" é um road movie com uma missão. Jackson Briggs (Tatum) é um soldado que voltou para casa com claro stress pós-traumático. Sem rumo, ele tenta ao lado dos colegas na ativa retornar para um posto militar no Paquistão.
A possibilidade surge quando ele é encarregado de lidar com outro veterano traumatizado pela guerra: Lulu, que após uma vida perseguindo insurgentes no campo de batalha, retornou sob os cuidados de seu tutor, Riley Rodriguez.
Quando um acidente aparentemente premeditado toma a vida de Riley, Lulu se torna um problema sem dono. Ela é considerada instável, dada a rompantes de humor e potencialmente perigosa.
Ainda assim, a família de Riley pediu para que ela estivesse presente no funeral, e cabe a Briggs conduzir Lulu, de carro, da base em Tacoma, noroeste dos Estados Unidos, até a cerimônia no Arizona. Em seguida, ela será sacrificada.
Com essa premissa, "Dog" percorre caminhos familiares tanto para um road movie quanto para aventuras com animais. Hesitante no começo, Briggs passa a entender melhor o que aflige Lulu a cada parada, voluntária ou não, pelo caminho.
A cada etapa, seja a promessa de sexo a três com duas jovens, a interação com um casal que cultiva uma quantidade industrial de maconha em casa, ou o encontro com outro veterano que tornou-se tutor do irmão de Lulu, muda a perspectiva de Briggs em relação a seu papel no exército e os erros que assombram sua vida.
Para engrossar ainda mais a massa narrativa, "Dog" toca, mesmo que de forma superficial, em um assunto espinhoso nos Estados Unidos: a legião de soldados que retornam do front sofrendo de stress pós-traumático, e a imensa dificuldade em descobrir a forma de esses veteranos buscarem ajuda, desconstruindo a imagem de guerreiros indestrutíveis erguida na doutrinação militar.
É um sub texto que ajuda a ancorar "Dog" em um dilema real, e a oportunidade de Tatum exercitar músculos dramáticos em uma história que poderia facilmente ser reduzida ao clichê do "filme lacrimoso da semana".
As lágrimas, claro, são inevitáveis. Até porque existe identificação imediata, especialmente para quem convive com cachorros, da lealdade extrema que eles têm para com seus tutores. É um laço difícil de ser descrito, mas indefectível quando formado.
A mistura de filme na estrada com drama de guerra não é exatamente a mais atraente, mas a presença de Lulu, com atenção também para a sua jornada, faz com que "Dog" seja um programa honesto e envolvente.
Sem falar que o filme de Tatum e Carolin é também uma espécie cada vez mais rara: o filme para adultos de porte médio que salta a armadilha de existir somente em streaming para ganhar, com sucesso, uma chance no cinema.
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