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'Chamas da Vingança': Obra de Stephen King ganha outro filme pavoroso
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Stephen King é o incontestável rei do terror desde 1974, quando publicou seu primeiro livro, "Carrie". A adaptação de sua obra para o cinema e para a TV, entretanto, nem sempre consegue manter a majestade.
"Chamas da Vingança", segunda adaptação do livro do mesmo nome lançado em 1980, despenca na vala das tentativas malfadadas de reproduzir, fora do papel, seu talento para criar histórias fantásticas.
O novo filme, dirigido pelo desconhecido Keith Thomas, é uma coleção de cenas desconexas que tenta, em vão, desenhar alguma história que termine por fazer sentido. Spoiler: não faz.
Charlie McGee (Ryan Kiera Armstrong) é uma menina de 11 anos que vive com seus pais, Andy (Zac Efron) e Vicky (Sydney Lemmon). Quando jovens, eles participaram como voluntários de experiências que alteraram seu DNA, conferindo-lhes poderes sobre humanos.
Charlie, por sua vez, herdou as habilidades dos pais e um "extra": a pirocinese, que incita a combustão espontânea em qualquer pessoa, animal ou objeto. A chegada da adolescência aumenta a frequência de incidentes, e a menina teme em perder o controle da "coisa ruim" dentro dela.
Para piorar a instabilidade, a família vive em constante movimento, escondendo-se de uma organização misteriosa que deseja estudar as habilidades de Charlie e, talvez, transformá-la em arma. Quando a menina é exposta, e sua mãe morta, ela e o pai iniciam uma fuga frenética.
Absolutamente nada em "Chamas da Vingança" faz sentido. Cada cena parece saltar para a seguinte sem que ela tenha qualquer consequência. É como uma coleção de sketches costurados de qualquer jeito em algo que se assemelha a um roteiro. Dá tristeza.
Calma, fica pior. Zac Ephron está à frente de um elenco que é uma verdadeira nulidade dramática. Existe um assassino que também tem poderes (embora nunca fique claro quais) interpretado por Michael Greyeyes, provavelmente o ator mais inexpressivo da história.
Gloria Reuben faz a líder da agência que persegue a paranormal. Mas se a personagem possui alguma motivação, ela achou por bem não compartilhar com o público. Já a estreante Ryan Kiera Armstrong, que interpreta Charlie, digamos que ela grita bem.
Para um filme lançado em 2022, "Chamas da Vingança" traz uma produção muito pobre. As escolhas visuais são datadas, os efeitos especiais não convencem e toda a atmosfera remete a filmes feitos para a TV três décadas atrás. Não há muita diferença aqui da adaptação anterior, de 1984, com Drew Barrymore ainda criança.
Se o clima nostálgico é intencional ou não, com sua trilha de sintetizadores assinada por John Carpenter, o fato é que mais uma vez a obra de Stephen King foi tratada como fim de feira, quando seu escopo deveria sugerir exatamente o contrário.
Sem um roteiro capaz de entender as sutilezas de sua obra, ou uma direção que possa conjurar tensão ou conexão emocional, sobra a "Chamas da Vingança" um futuro brilhante em listas de piores adaptações de Stephen King. Bem no fim de uma longa fila.
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