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'Star Trek' em 4K: O futuro (ainda) é melhor quando abraçamos a diferença
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"Star Trek" para mim, e para toda uma geração, começou como "Jornada nas Estrelas". Aventura espacial, com drama e suspense, na medida certa em tempos que a diversão era descobrir a série clássica na telinha da TV. A coisa toda tomou vulto, porém, quando vi "A Ira de Khan" (que ainda era "Jornada nas Estrelas") no cinema.
Se o universo de George Lucas e "Star Wars" (então "Guerra nas Estrelas", vamos datar com carbono a coisa) era dinâmico e acelerado, o mundo bolado por Gene Roddenberry, embora apostasse em outro tipo de ação, trazia questões mais emparelhadas com o mundo real.
"Star Trek", por baixo do verniz da ficção científica e da filosofia de almanaque, era sobre quem gostaríamos de ser. Uma sociedade igualitária e justa, que erradicou preconceitos e abismos sociais, dedicada à exploração e ao conhecimento. As ameaças, quando surgem, vêm de outros quintais intergalácticos.
"Jornada nas Estrelas - O Filme", dirigido em 1979 por Robert Wise, chegou aos cinemas recuperando o elenco da série de TV de uma década antes, na tentativa de replicar o sucesso de "Star Wars". Cabeçudo e conceitual, essa primeira "jornada" na tela grande não deu liga, e parecia que o revival empacaria logo na largada.
A partir de "A Ira de Khan", porém, tudo mudou. O diretor Nicholas Meyer entendeu, ao conduzir o filme de 1982, que seria inútil correr atrás da "galáxia muito distante". Ele fez de "Jornada nas Estrelas", então, um tabuleiro de batalhas navais, com naves movendo-se como submarinos, sua tripulação desbravando mares nunca navegados e encontrando, assim, novas civilizações - e novos perigos.
São esses filmes, além de "Jornada nas Estrelas III - À Procura de Spock" (Leonard Nimoy, 1984) e "Jornada nas Estrelas IV - A Volta Para Casa" (também de Nimoy, 1986), que retornam ao mercado, agora remasterizados em Ultra 4K via Apple TV - a tradução original foi mantida, já que "Star Trek" terminou batizando o reboot encabeçado em 2009 por J.J. Abrams. É um banho de loja necessário não só para limpar as cópias originais, como também uma boa oportunidade para (re) descobrir a visão de Gene Roddenberry.
"Sempre que eu revi os filmes é como se eu tivesse uma percepção nova sobre eles", conta Rod Roddenberry, filho de Gene e hoje detentor de seu legado, assinando a produção executiva da série "Star Trek: Discovery", e estendendo seu trabalho em "Short Treks", "Picard", "Lower Decks" e os futuros "Prodigy" e "Strange New Worlds", que vão expandir o mundo de "Star Trek".
"O mundo é diferente desde o lançamento da série original na TV há 55 anos", continua. "Os filmes ressoam de forma diferente com a evolução de nossa própria experiência." O produtor ressalta que rever os quatro filmes originais, sob a luz do século 21, é uma experiência que sempre releva um novo detalhe, um tema nas entrelinhas, plantado por roteiristas, diretores e por seu próprio pai, como uma cápsula do tempo redescoberta a cada nova geração.
"Além disso, 'Star Trek' não é sobre guerras ou conflitos ou cenas de ação", enfatiza. "É sobre empatia, sobre ideias, sobre personagens que ainda ressoam no mundo de hoje." Em especial Kirk, que Rod descreve como um líder incrível, mesmo constantemente lutando com seus próprios demônios.
Rod, que nunca se envolveu com "Star Trek" até a morte de seu pai em 1991, redescobriu seu legado - e a forma como seu pai tocou tantas vidas com sua visão - por meio dos fãs. "Eu gostava de 'Os Gatões de Hazzard' e 'A Super Máquina', era fissurado em 'Star Wars'!", empolga-se. "Quando meu pai morreu os fãs me mostraram como 'Star Trek' foi uma inspiração e os ajudou a encontrar seu potencial."
Esse sempre foi o centro emocional da série que levou a espaçonave Enterprise a "ir onde ninguém jamais esteve". "Tanto a série de TV, quanto os filmes, são entretenimento", explica Rod. "Mas 'Trek' fala também sobre um futuro em que não tememos mais as diferenças e as mudanças." Ele acredita que a série não é sobre a tripulação da Enterprise atrás de aliens bizarros, e sim uma busca por seres inteligentes que olham para o universo de uma forma diferente.
"Eles sabem que essa perspectiva é a chave para nossa evolução", empolga-se. "Vale para a nossa vida na Terra: se reservarmos tempo para conhecermos pessoas que são diferentes, sem os encarar com temor, ouvindo suas palavras, aprendendo com um ponto de vista que não o nosso, podemos evoluir como pessoas. É isso que mantém 'Star Trek' relevante há 55 anos."
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