Fabrício Belsoff ficará deitado a maior parte do tempo em 'Além da Ilusão'

A estreia de Fabrício Belsoff, em "Além da Ilusão", será marcada por uma situação curiosa na trajetória do ator. Logo em sua primeira novela, ele vai passar a maior parte do tempo deitado, sem abrir a boca. A condição do intérprete de Rafael Antunes, em coma após o acidente de trem, exibido ontem (23), tem feito o artista gravar com muita frequência na posição horizontal. O que vem gerando brincadeiras no set.

Uma vez, ao chegar à gravação, perguntei para Joana (Clark, diretora) quais as instruções do dia. E ela disse: 'Hoje não tem muita variação, você vai ficar deitado (risos)'. O desafio é não roncar", diz, gaiato.

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Brincadeiras à parte, Belsoff afirma que está bem alerta em cena, apesar do semblante adormecido.

A gente pensa que é fácil, mas a situação, na verdade, exige bastante concentração. Não pode mexer o olho, balançar o peito. Estou pesquisando casos de pessoas em coma e muitas acabam sentindo o que está rolando ao seu redor. Então, fico em cena pensando o que Rafael estaria imaginando a partir do que ouve. Não é um tempo de descanso, mas de trabalho", explica o ator, de 37 anos.

Na trama de Alessandra Poggi, após o acidente de trem, Davi (Rafael Vitti) ficará em pânico com a aproximação da polícia e, em um ato desesperado, pegará a identidade de Rafael Antunes, por acreditar que está morto. Só que o personagem estará vivo, porém, desacordado. Pesquisar sobre a condição clínica do administrador fez o artista se impressionar com várias histórias. Principalmente, a de uma moça em coma por dois anos.

Tudo que ela ouvia interpretava como se tivesse em um sonho. Então, suas lembranças muitas vezes eram a de ter visitado o Alasca. Quando acordou, soube que em muitas ocasiões os médicos foram obrigados a colocar gelo em seu corpo por conta da temperatura. Fiquei surpreso com a forma do nosso corpo em lidar com as situações mais inesperadas."

Novato no folhetim

Com 15 anos de carreira, o carioca de Campo Grande, bairro da Zona Oeste do Rio, já tinha feito séries como "Louco por Elas" (2012) e "Doce de Mãe" (2014). Mas "Além da Ilusão" trouxe uma nova experiência para o ator, que ainda não tinha estreado em novelas. O ineditismo, portanto, o deixou um tanto nervoso. E foi justamente Rafael Vitti quem o tranquilizou.

Tive certo medo quando fui entrar em cena no primeiro dia. E o Rafa me trouxe segurança, porque tem experiência em fazer novelas. Sempre me perguntava como eu estava, me dava sugestões dentro de cena e fora também", conta o ator, que está aprendendo mais do que se movimentar em cena com o intérprete de Davi:

Como Rafa joga xadrez, ele está me ensinando. Criamos uma parceria."

Curiosamente, "Um Lugar ao Sol" vem trazendo a temática da troca de identidade com os gêmeos Christian e Renato (ambos interpretados por Cauã Reymond). Belsoff, porém, não vê semelhança entre as duas situações:

Existe uma troca, mas é de caráter diferente. 'Um Lugar ao Sol' traz a temática dos duplos e a polaridade do rico/pobre. Tem uma dinâmica mais complexa. O que acontece em 'Além da Ilusão' é uma questão circunstancial. Davi está fugindo da polícia, cai do lado de um cara que ele julga estar morto, e troca o documento. É diferente, ele nem sabe que vida o cara tem. Acho que Christian tem uma questão ética muito maior. Davi não passa por essa questão.

Não é o fato de Vitti e Belsoff terem se tornado "brothers" que o intérprete de Rafael Antunes defende a atitude de Davi. Na visão do ator, era uma questão de sobrevivência.

Davi é condenado por um crime que não cometeu e foge para tentar provar sua inocência. No momento em que troca a identidade com Rafael, ele já passou por muitas coisas. É uma última chance. E Davi acha que o cara está morto, não tem consciência de que está fazendo mal a alguém. O que faz a gente entender a decisão do personagem é ter vivido com ele todas as injustiças pelas quais sofreu", analisa Belsoff, que só assumiria a identidade de outro em uma situação específica:

Se eu tivesse correndo perigo, tendo minha vida ameaçada, talvez considerasse essa possibilidade como solução. Mas não gostaria de viver outra vida. Não tem coisa melhor do que ser quem a gente é", filosofa.

'Meu nome é Rafael. Rafael Antunes'

A partir desta quinta-feira (24), Davi nunca mais será o mesmo em "Além da Ilusão". Acompanhe detalhes da virada do mágico em Rafael Antunes.

Após o acidente de trem, Davi se arrastará com dificuldade para fora do vagão. Ele estará ainda mais ferido, com um grande corte na perna. Mas nada o chocará tanto quanto o cenário de horror provocado pela tragédia ferroviária.

Pelo olhar de Davi, o público verá o trem descarrilado, carros de bombeiro e de polícia, além de muitos mortos e feridos. O espanto do mágico diante do caos será substituído pelo pânico ao ver a polícia se aproximar. Ele tentará fugir, mas a perna ferida o impedirá. Desesperado, o ilusionista se arrastará até o corpo de um homem caído, que julgará estar morto. Ao virá-lo, o telespectador verá se tratar de Rafael Antunes.

Em um rompante, Davi vai vasculhar o bolso do homem e ao encontrar a carteira, pegará a identidade de Rafael, rasgará a foto e colocará o objeto em seu próprio bolso. Nesse momento, o delegado Jacinto se aproximará de Davi e perguntará seu nome.

Meu nome é Rafael. Rafael Antunes", dirá Davi, desmaiando logo em seguida.

A atitude do mágico selará o destino do verdadeiro Rafael. O administrador será levado para o hospital, mas ninguém saberá quem ele é.

Esse chegou aqui praticamente morto. Lesão cerebral. Está em coma profundo, mas vivo. Só não sabemos o nome. Perdeu os documentos", dirá uma enfermeira para o delegado.

Aumento na audiência

A virada na trama em "Além da Ilusão", tem ingredientes que poderão prender ainda mais a atenção do público. Aliás, a audiência da novela na segunda semana de exibição (14 a 19 de fevereiro) registrou 19 pontos e 36% de participação no Painel Nacional de Televisão (PNT). Os números representam aumento de 12% de audiência e dois pontos a mais de participação em relação à média da semana de estreia.

Nas principais praças, a trama de Alessandra Poggi também teve crescimento: em São Paulo, marcou 17 pontos de audiência e 33% de participação, com aumento de 6% na audiência e mais três pontos de participação. Já no Rio, o folhetim registrou 22 pontos, com 41% de participação. A média semanal de audiência se igualou, porém, a participação cresceu mais dois pontos.