'É nossa intenção trabalhar a diversidade', diz diretor de 'Além da Ilusão'

"Além da Ilusão" ainda nem estreou e já está causando nas redes sociais. O público vem pontuando a ausência de atores negros na primeira chamada da trama que já está sendo exibida. Porém, o diretor Luiz Henrique Rios, afirma que o teaser não retrata a diversidade do elenco do folhetim, que estreia dia 7 de fevereiro.

A gente é tocado pela questão étnica racial no Brasil. Essa é uma novela de representatividade sim e há um trabalho grande de tentar não ter só atores negros, mas construir personagens que sejam importantes sob ponto de vista da representatividade. Temos um médico, delegado, cantora negros. Há um garoto que sonha em ser escritor. É nossa intenção trabalhar a diversidade", afirma o diretor Luiz Henrique Rios, que informa que ainda terão mais duas chamadas a serem exibidas.

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De acordo com o diretor, o elenco conta com um pouco mais de um terço de artistas negros. Rios afirma que gostaria de ter mais, "porém a época retratada traz certa dificuldade, além da história que está sendo construída".

A história gira em torno de uma família branca e rica. Mas há uma grande parte que é popular, em que se pode ter mais representatividade. Tomamos cuidado para construir uma nova imagem desse país que a gente sonha e quer", completa o diretor.

Mas a representatividade não fica apenas na frente das câmeras. A equipe de "Além da ilusão" também traz profissionais negros nos bastidores. É o que conta a autora Alessandra Poggi:

Estamos falando de uma novela dos anos 30 e 40, mas se passa nos dias de hoje. Então, queremos contemplar agendas atuais, entre elas, a negritude. Tenho duas pessoas na minha equipe, Nei Lopes (especialista em cultura africana) e o filósofo Renato Nogueira, que leem os capítulos, fazem observações para que eu possa conduzir a história da melhor maneira possível."

Representatividade importante

O olhar atento para a questão traz um conforto ao coração de Larissa Nunes. Estreante em novelas na Globo, a atriz faz Letícia, uma professora negra que tem nas mãos a responsabilidade de falar sobre a educação. Mas não foi fácil achar referências para ajuda-la a compor a personagem.

Nas minhas pesquisas, tive dificuldade em encontrar imagens de mulheres negras nessa posição. É preciso resgatar essas pessoas, porque como Letícia tiveram tantas", garante a atriz.

Interpretar Letícia já é um ponto de representatividade bem diferente na dramaturgia, principalmente quando estamos falando de uma trama de época", completa Letícia.

Quem também se sente contemplado é Matheus Dias. Ele é Bento, o rapaz que sonha em ser escritor, e chama a atenção para uma peculiaridade: o personagem tem uma família.

É importante falar sobre isso. Os negros, muitas vezes, não têm família nas tramas, não têm história, estão ali para compor. Nessa novela, tenho um pai, uma história. E é uma relação de amor, de um homem que ficou viúvo, com um filho para criar, e o faz da melhor forma possível", comemora.