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Marcelle Carvalho

REPORTAGEM

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Pandemia, figuração enxuta: as dificuldades de 'Passaporte para Liberdade'

Sophie Charlotte conta que o figurino pesado devido a história se passar no inverno alemão, contrastava com o verão em Buenos Aires, locação da minissérie - Jayme Monjardim/divulgação
Sophie Charlotte conta que o figurino pesado devido a história se passar no inverno alemão, contrastava com o verão em Buenos Aires, locação da minissérie Imagem: Jayme Monjardim/divulgação

Colunista do UOL

11/12/2021 04h00

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Quando "Passaporte para Liberdade" estrear na TV Globo, dia 20, a gente vai assistir uma minissérie com ares de superprodução. Mas como diz o ditado popular 'quem vê close, não vê corre', o espectador não imagina o duro que foi realizar a minissérie. E não só pela pandemia não, que fez com que o trabalho parasse por quase um ano. Outras cositas entraram para dar mais gana aos envolvidos neste projeto, primeira produção da emissora totalmente falada em inglês, e conta com a parceria da Sony Pictures Television (SPT).

Pandemia

Jayme Monjardim, diretor artístico da minissérie, lembra que já estava em gravação quando a pandemia chegou e o mundo teve que parar.

Eu já tinha 30% da minissérie rodada quando, em março de 2020, tudo parou. Uma loucura. Ficamos um ano com elenco internacional contratado. Em janeiro deste ano, fomos os primeiros a retomar os trabalhos nos Estúdios Globo e terminamos em maio. Com vários testes feitos dia sim, dia não, regras de distanciamento, acrílico para cenas de maior proximidade e muito álcool em gel", recorda.

Figuração

Portanto, com a impossibilidade de ter um set borbulhando de figurante, devido as restrições e protocolos impostos pela pandemia, Monjardim leva as mãos à cabeça quando fala sobre a pouca quantidade de figuração em um projeto tão imenso.

Desesperador (risos)! Nunca tinha passado por isso. Tínhamos um número limitado, às vezes 4, 8 pessoas extras. Eram todos testados. Mas tive uma escola gigante com (os diretores) Paulo Ubiratan e Walter Avancini, que faziam um set com cinco pessoas parecer ter 30. Quando imaginamos fazer a destruição da 'Noite dos Cristais' com 12 pessoas! Parecia que tinha bem mais gente", conta o diretor.

'Passaporte para Liberdade' - Jayme Monjardim/divulgação - Jayme Monjardim/divulgação
A pandemia fez com que o grande número de figurantes no set (na foto) diminuísse drasticamente: o mesmo grupo de 20 se revezava nas cenas
Imagem: Jayme Monjardim/divulgação

Um dos truques para encher a cena, além da computação gráfica, era, digamos, bem simples.

As mesmas pessoas passavam em frente à câmera, davam a volta, mudavam de roupa e passavam de novo. Fechamos em um grupo de 20 figurante que se revezavam nos dias, mas eram sempre os mesmos. Inclusive quero agradecer muito aos extras que compraram essa loucura com a gente. Foi bem difícil, mas valeu a pena", constata Monjardim.

Figurino de frio no verão

Toda a história se passa no inverno alemão. Imagina, então, ter que gravar em pleno verão argentino (Buenos Aires foi uma das locações) com roupas pesadas. Sophie Charlotte lembra bem da sensação.

Desafio mesmo foi estar no verão de Buenos Aires com figurino de três camadas, sobretudo de lã, luva. Além de dirigir carro de época! Tinha horas que minha cabeça parecia que ia dar um nó, pensava: 'Peraí, deixa eu beber uma água'", recorda.

Sotaque diferente

'Passaporte para Liberdade' - Victor Pollak/TV Globo/Divulgação - Victor Pollak/TV Globo/Divulgação
Gabriela Petry faz a cantora Vivi: incorporar o sotaque alemão no inglês foi mais difícil para atriz
Imagem: Victor Pollak/TV Globo/Divulgação

Como a minissérie é toda falada em inglês, atores tiveram que trabalhar um sotaque no idioma. Como foi o caso de Gabi Petry, que interpreta a judia Vivi, uma cantora de cabaré. Apesar de não ter problemas em interpretar em outro idioma, ela sentiu um pouco de dificuldade em ajustar o acento alemão no inglês.

Já estou acostumada em interpretar em inglês, porque fui para os Estados Unidos com 13 anos, lá comecei a atuar. Já tinha feito sotaque francês, italiano, persa, mas nunca alemão. Como o elenco é uma 'torre de Babel', com vários atores estrangeiros, inclusive alemães, fui pegando um pouquinho do sotaque e trabalhando até chegar no tom certo", conta ela.