Oscar deveria finalmente sacramentar o uso de pijama em qualquer evento

Hoje tem festa chique. Na escassa vida social de que quem tem o mínimo de responsabilidade, qualquer eventinho já é motivo para dar uma gelada no vinho, cortar uns queijinhos e se dividir entre o Twitter e Whatsapp como segunda tela. Balada animadíssima. É o que temos.

A gente já tem experiência nesse negócio de festa em casa. Já frequentei várias pelas mesmas janelas que uso para fazer reuniões de trabalho ou escrever esse texto — a tela do meu notebook. Fui em uma em que as pessoas dançavam cada um do seu quadrado ("ado, aado"— não essa música, outras). Uma amiga chamou para um em que exibicionistas praticavam atos libidinosos em casais — não entendi direito como funciona, pois achei que seria constrangedor e preferi ver uma série. Um amigo discotecou para pessoas de várias partes do mundo que comentavam no chat suas impressões sobre as músicas e rendeu conversas interessantes.

Em todas elas, até a que eu não fui, eu usava pijamas.

É também o figurino que devo usar essa noite, quando começar a cerimônia do Oscar, que será presencial. Opa, presencial?

Depois de um logo período de festas por vídeo-chamada, os norte-americanos estão com as taxas de contágio lá embaixo, graças a uma política efetiva de prevenção e uma campanha de vacinação que é um sucesso. Até os adolescentes lá estão imunizados. Eles podem se dar ao luxo de uma festa presencial.

Sem abraço, com distanciamento, sem muita gente, com máscara nos intervalos. Todo mundo ficou em isolamento rigoroso nas últimas semanas. E foram testados cinco (CINCO!) vezes nos últimos dias. Uma festa presencial em cinco lugares diferentes para ter espaço para ninguém colar em ninguém. Balada correta padrão 2021: nada a ver com esses eventos que a galera no Brasil insiste em fazer como se nada estivesse acontecendo e prolonga a pandemia para sempre.

Que sorte da turminha da academia que vai poder sair de casa um pouquinho e.... Peraí! Eles não poderão usar pijamas? Meu Deus, coitados!

Pijama: o dresscode correto

Provavelmente você lê esse texto nesse domingo (25) vestindo pijama. Posso afirmar que escrevo com o mesmo figurino. Não vejo muitas razões para tirar a roupa que dormiu para fazer o imprescindível fora de casa. Estamos em 2021 e já deveríamos ter perdido a formalidade de "roupas de sair". Vai de pijama e pronto. Chegou em casa, lava. E coloca outro. Aliás, dependendo de onde está indo, não devia nem estar indo.

É a inversão dos códigos de etiqueta de moda como conhecemos. Simpatizo com meus semelhantes de pijama no mercado. Somos parceiros de isolamento e só saímos para o essencial. Se eu não estivesse sempre com uma PFF2, eles veriam meu sorriso cúmplice.

O mesmo vale para o Oscar. Não dá para fazer três semanas de isolamento rigoroso, cinco testagens cuidadosas e botar tudo a perder com visitas de cabeleireiros, maquiadores ou costureiros para bordar um miçanga que estava caindo. Melhor ir de pijama.

Você mesma passa um blush e vai bem linda e confortável com as roupas que usa todo dia há 13 meses. Se possível, de flanela ou plush, para ficar quentinha — vai que gripa, né, menina. Se vestir de gala sempre foi frescura, agora é até perigoso. Imagina se desconcentrar porque o sapato está apertado e acabar colocando a mão no nariz sem perceber? Deus o livre, melhor ir de pantufas e não ter que pensar em nada fora isso.

Vou escolher meu melhor pijama para essa noite. O vinho está on e talvez eu peça até pizza. Depois tem até festa virtual de Elton John, olha que coisa chique. Outra vantagem da festa virtual: você sabe que vai ser ruim, mas pelo menos você já está em casa, pronta para ir dormir. Só vejo pontos positivos.

Você pode me encontrar também no Instagram (e já sabe como estarei vestida).