Lucas Pasin

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Fim do elenco estelar? Globo prioriza novatos para garimpar talentos

As novelas da Globo, especialmente as dos horários das 18h e 19h, têm passado por uma redução de "estrelas" em seu elenco após o início da pandemia, em 2020. Grandes nomes estão ficando de fora, e novos rostos e apostas têm ganhado destaque na trama e tempo de tela. Há um caminho em curso para busca de nomes que não são oriundos da teledramaturgia, mas com relevância nas redes sociais. E isso tem aumentado o trabalho dos produtores, com inúmeros testes para garimpar os talentos.

A estratégia, conforme apurou a coluna, bate com a mudança do modelo de contratos da Globo - com muitos atores perdendo o contrato fixo e sendo chamados apenas por obras - e, também, com o que internamente ficou conhecido como o início do período de "redução de custos".

Para autores e produtores de elenco, a conta se faz necessária: se a novela tem orçamento de R$ 1 milhão por mês para elenco, não dá mais para contratar muitas estrelas que ganham entre R$ 300 e R$ 400 mil, salário cobrado por atores e atrizes mais conhecidos. É preciso trabalhar com um elenco que aceite de R$ 10 mil até R$ 30 mil por mês.

Outra solução encontrada pelas produções está na redução de elenco. Autores criam menos personagens e fazem tramas mais enxutas e que cabem melhor no orçamento.

A diminuição de "estrelas" bate também com uma mudança interna em que o departamento de DAA (Desenvolvimento e Acompanhamento Artístico) não possui mais um leque de atores contratados. Agora não é mais assim, e cada novela precisa arcar com o seu elenco.

Neste cenário, vale destacar: os contratos por obra encarecem o valor final do ator. As grandes estrelas, não mais fixas da emissora, têm supervalorizado seus contratos, principalmente para novelas, que ocupará quase um ano da vida profissional do ator.

A busca por novos talentos coloca a Globo de olho em nomes que podem não ter experiência na atuação, mas já são fortes na publicidade - como por exemplo influenciadores.

Se esses nomes realizam um bom teste e aceitam receber salários mais baixos do que os dos antigos padrões, conseguem com mais facilidade uma oportunidade. A emissora também aposta em nomes que representem diversidade.

Tudo isso, segundo apuração da coluna, tem feito a Globo investir cada vez mais em testes de elenco. O número de testes para o banco de talentos da emissora cresceu, e produtores estão de olho em nomes que fazem sucesso nas redes sociais.

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Novatos x estrelas: o que a Globo diz

Procurada pela coluna, a Globo nega que exista uma ordem interna para autores ou produtores de elenco priorizarem os novatos e evitarem as "grandes estrelas".

A emissora fala em "oportunidade de experimentar", e diz que a mistura de novatos e estrelas "permite uma troca mais rica de experiências".

Leia a nota na íntegra:

Como já falamos ao longo do últimos anos, ao ajustar os modelos de contrato às dinâmicas do mercado, com a possibilidade de fazer contratos por obra, vimos que isso é bom para a Globo, para o mercado e também para os profissionais, pois é uma dinâmica que permite mais liberdade e flexibilidade a todos. Esse resultado já pode ser visto nas telas. Talentos que eram exclusivos da Globo puderam ter experiências em outras plataformas e, hoje, trabalham novamente em nossas produções. Essa flexibilidade significa oportunidade de experimentar, de testar, de inovar e de desenvolver, novos formatos, novas linguagens, novas narrativas, novas soluções. Acreditamos que a combinação entre talentos consagrados e jovens - algo que já acontecia nas nossas obras - nos permite uma troca mais rica de experiências, que tem como uma das consequências o reflexo do Brasil em suas diversas camadas e uma maior identificação e engajamento com o nosso público. E esse é o melhor caminho para permitir que essa troca se dê de forma cada vez mais rica e variada, em vivências e sotaques.

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