Joyce Pascowitch

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Opinião

Fui arrebatada por uma série, e Nicole Kidman é uma das maiores da história

Depois de ter assistido a "Succession" e "White Lotus", eu tinha certeza que ia demorar muito tempo para ser arrebatada por alguma outra série de TV. Mas eis que na volta do Carnaval, dois amigos me indicaram "Expatriadas", no Prime Video, e quando vi que tinha como protagonista Nicole Kidman, fui correndo.

Eles tinham me falado que se passava em Hong Kong, cidade que nunca visitei, mas que sempre povoou meu imaginário. Vou adiantar aqui a história: "Expatriadas" é uma das melhores séries dos últimos tempos, aquilo que a gente pode chamar de uma série perfeita: atores incríveis, roteiro, direção, trilha sonora, produção, figurino, tudo impecável.

Seus seis capítulos são suficientes para mexer nas nossas entranhas, tirar a gente da zona de conforto e trazer à baila várias questões pendentes do mundo atual: a questão do feminino, sempre tão necessária, a questão das diferenças sociais e do papel da funcionária doméstica na vida da família abastada.

Nicole Kidman mais uma vez prova que é uma das melhores do cinema mundial, seja vivendo Virgínia Woolf no cinema, seja participando de seriados que ela escolhe para produzir e estrelar como "Big Little Lies" e "The Undoing", entre outros tantos. Ela sempre é a mulher esquisita, a mulher rica, a mulher que traz dentro um mundo de emoções mal digeridas e não compartilhadas, um mundo de sensações estranhas e profundas.

Nicole Kidman é perfeita em todos os papéis que se dispõe a viver. Nesta série, como uma mulher norte-americana vivendo em Hong Kong, ela é pura angústia e desconforto não só nesse cenário distante de sua terra natal e onde sempre viveu, mas também de toda uma cultura e um comportamento tão diferente do que ela estava acostumada.

Na história ela perde seu filho pequeno numa feira noturna da cidade e de uma maneira ou de outra, as histórias paralelas acabam passando também por aí. Em "Expatriadas", as mulheres brilham em todas as classes, nas ricas que saem para almoçar e beber drinks enquanto seus maridos se dedicam a outras funções menos nobres, mas também nas pobres, nas batalhadoras assistentes domésticas dormindo no emprego e vivendo longe de filhos, netos, da família.

Em vários momentos a série me lembrou o premiado filme de Anna Muylaert, "Que Horas Ela Volta", brilhantemente estrelado por Regina Casé. Apesar de Hong Kong ser tão longe, semelhanças com o Brasil são facilmente percebidas e sentidas. Patroas frustradas e ricas e funcionárias afetivamente ligadas às famílias, mas totalmente excluídas delas. As histórias e personagens paralelos também têm seu espaço garantido, principalmente no capítulo final. Todo mundo é importante. Todo mundo é frustrado. Todo mundo parece infeliz. Mas ninguém é Nicole Kidman.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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