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Chico Barney

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pipoca da Ivete tem que melhorar para se tornar a bobagem que pretende ser

Colunista do UOL

25/07/2022 11h33

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Assim como acontece na vida de qualquer um, a estreia de Pipoca da Ivete na programação dominical da Globo teve momentos bons, razoáveis, constrangedores e, cá entre nós, alguns realmente ruins.

Sugiro que a gente comece pelo que houve de positivo. O principal é que trata-se de uma vitória da bobajada. O retorno definitivo dos programas de auditório da Globo como um convite à diversão sem compromisso.

Tenho a impressão de que é um legado direto do sucesso de Marcos Mion à frente do Caldeirão. O novo programa de Ivete Sangalo parece um spin off, tanto no tom quanto na linguagem e até no espelho, ou seja, na organização da ordem dos seus acontecimentos.

Mas é aí também que residem suas maiores fraquezas, pelo menos no que observamos no primeiro episódio. Pipoca não consegue replicar a mesma experiência redonda do Caldeirão por conta de seus formatos frouxos, sem gatilhos bem definidos para a concatenação da ação.

E isso é muito bem resolvido no Caldeirão, com formatos como o 'Tem Ou Não Tem', 'Sobe o Som' e 'Toque de Caixa'. Por mais divertidos e desimportantes que sejam, todos os quadros são fiéis a um certo senso de propósito.

As brincadeiras de Ivete Sangalo com seus convidados carecem disso. 'Batalha de Famílias' foi muito beneficiada pela entrega de Tadeu Schmidt, que deu tudo de si para entreter a nação, mas tirando a prova do pula-pula, não é um formato com desafios muito interessantes.

O 'Iveteokê', que conta até com um mascote inspirado no Globolinha do Caldeirão, é completamente sem nexo —uma dinâmica sem dinâmica, um jogo sem regras. Difícil de embarcar —além de manter a ideia fixa de anônimos cantando músicas nas tardes de domingo da Globo, algo explorado à exaustão com as milhares de encarnações do The Voice.

O segmento final, que contou com a participação de Regina Casé, Jonathan Azevedo, Paolla Oliveira e Diogo Nogueira, deveria ser o carro-chefe, mas é solto demais, o que acaba exigindo muito de todo mundo. Acabou não dando certo.

Acredito que o ideal é criar fios condutores mais rígidos para que Ivete Sangalo possa improvisar em cima de um terreno mais sólido. Como o programa tem apenas fiapos de regras e convenções para seus jogos, as interações são muito roteirizadas, o que acaba obliterando o que seria seu principal trunfo, o carisma da cantora agora em versão apresentadora.

Também continuo achando importante que um programa desse tipo seja sempre ao vivo, permitindo mais espaço para que as coisas saiam de verdade do controle, além da possibilidade de investir na interação com o público de casa.

A medida ainda nos pouparia daquele VT de encerramento com os erros de gravação que remete ao Renato Aragão invadindo o estúdio com um extintor de incêndio no clássico 'Armações e Mancadas' da Turma do Didi.

Voltamos a qualquer momento com novas informações.