Aprenda a fazer o Penicillin, coquetel com nome de remédio sucesso em SP
Quem gosta de pedir coquetel com nome de remédio? No que depender da fama do Penicillin no mundo todo, incluindo o Brasil, o pedido não tem nada de anormal. O drinque tem sido um dos mais requisitados nos bares bacanas de coquetelaria de São Paulo, ao lado de outras receitas cítricas como Fitzgerald e Basil Smash.
O Penicillin correto é composto de uísque escocês, xarope de mel, xarope de gengibre, limão siciliano e uma pequena dose de single malt defumado por cima, que define sua personalidade. Para decorar, uma bala cristalizada de gengibre ou uma fatia de gengibre cru (melhor a balinha, que a gente come no final, porque é dureza mascar gengibre puro).
A história
A história do coquetel é recente. Nasceu em 2005, quando o bartender australiano Sam Ross decidiu brincar com a receita do Gold Rush, criado quatro anos antes no mesmo bar, o Milk & Honey de Nova York. Ele achava o Gold Rush um drinque meio bobo, apesar de gostoso, com uísque bourbon, xarope de mel e limão siciliano. Sabia que podia ir além.
Adicionou gengibre ao xarope e ficou bom, mas ainda não havia chegado ao que considerava perfeito. Trocou a base de bourbon por um destilado menos doce e com notas de malte mais marcadas, o uísque escocês. Queria mais um "perecoteco" de aroma e decidiu colocar a pequena camada de uísque defumado por cima. Estava pronto.
No começo, Sam Ross não fez muita propaganda do coquetel nem se preocupou em listá-lo na carta. Os bartenders que frequentavam o Milk & Honey, porém, apaixonaram-se pela nova receita e trataram de levá-la aos bares em que trabalhavam. Foi um pulo para que o Penicillin ganhasse o mundo.
Mais complexo que o Fiztgerald
Cá no Brasil, o coquetel ganhou popularidade com a onda de receitas doce-azedas que lambe os bares. O mixologista Alê D'Agostino, sócio da marca de coquetéis engarrafados APTK e consultor do Guilhotina Bar, é fã do coquetel e atesta sua fama crescente.
"O Penicillin é o próximo passo para quem bebe Fitzgerald e Basil Smash, dois drinques à base de gim. Ele é bem mais complexo. Entram as notas do scotch, do gengibre, do mel e, por fim, o defumado do single malt. São alguns degraus acima", diz.
D'Agostino, no entanto, não acredita que o Penicillin possa vencer seus irmãos mais simplórios em popularidade. Por um motivo óbvio: é mais caro. Para preparar um Fitzgerald, gim, limão, xarope de açúcar e algumas gotas de bitter resolvem. Para o Basil Smash, gim, limão, xarope e umas folhinhas de manjericão.
Gins de preço módico e bons de briga a gente acha por aí para fazer coquetéis sem maiores complicações. O uísque escocês da base do Penicillin já aumenta o valor do coquetel. "O single malt defumado é que ferra o bolso", diz o bartender.
O fumacê faz toda a diferença
Preferido pelo rei Charles da Inglaterra, esse estilo de uísque tem o malte previamente esfumaçado pela queima da turfa, material orgânico abundante na Escócia, sobretudo no norte do país. Single malts turfados são bem austeros, próprios para quem gosta de coisas esquisitonas (com gosto de remédio mesmo). A sensação é a de que se bebe fumaça, no duro.
No Penicillin, o defumado perde o ataque de uma dose pura, vai dar uma aromatizada sem agredir. É um detalhe que estará em harmonia com o doce do mel, a base mais amigável e frutada do scotch (se você optar por um uísque mais redondinho), a picância do gengibre e a acidez do limão siciliano.
O detalhe preço é o que pega. Marcas turfadas como Talisker, Laphroaig e Ardbeg estão na faixa das R$ 300 a R$ 500 (ou mais, caso sejam edições exclusivas). Tudo bem que você vai usar só um tiquinho em cada coquetel, mas o investimento inicial não será dos mais amenos. E vai que goste de bebê-lo puro...
A verdade é que não se faz Penicillin sem o toque defumado. Caso contrário, vira outro coquetel. A receita original já ganhou inúmeras versões pelos bares do mundo: com base de tequila, com mezcal (que tem a pegada defumada) substituindo o turfado, com clara de ovo para ficar com textura mais fofa, com água com gás para virar um highball, com ginger ale no lugar do xarope, no estilo spritz... Porém, se não tiver o fumacê para perfumar, não rola.
Alê D'Agostino, brincando com a receita original, criou para o Guilhotina o Penicilina & Cidreirinha, mescla de scotch, tequila, xarope de mel e cidreira, suco de limão e o regulamentar uísque turfado. Na versão Penicillin Lapsang Souchong, do restaurante taiwanês Aiô, o mixologista Mauricio Barbosa defuma a receita com chá preto chinês.
Você pode aprender a receita básica de Penicillin, tal qual Sam Ross a firmou, e partir para outras invenções quando estiver bamba. Dá um certo trabalhinho preparar dois xaropes antes de fazer o coquetel, mas impressiona os amigos. Com olho nas medidas e na técnica, não tem como errar.
Como fazer o Penicillin
INGREDIENTES
- 60 ml de blended whisky escocês
- 22 ml de suco de limão siciliano
- 10 ml de xarope de mel
- 10 ml de xarope de gengibre
- 7 ml de single malt defumado
- Gengibre cristalizado para defumar
MODO DE PREPARO
Na coqueteleira, com muito gelo, coloque o blended whisky, o xarope de mel, o xarope de gengibre e o suco de limão siciliano.
Bata vigorosamente até resfriar.
Coe para o copo baixo com gelo grande.
Finalize com o single malt defumado, despejando-o suavemente sobre o coquetel. Decore com o gengibre cristalizado espetado em um palito.
Truque Se preferir, coloque o uísque defumado em um pequenino frasco de spray e dê três ou quatro borrifadas sobre o coquetel para finalizar.
Modo de preparo do xarope de gengibre Processe o gengibre descascado no liquidificador ou no mixer. Coloque-o num pano e esprema bem, para extrair o máximo de seu suco. Misture bem uma parte de suco de gengibre com uma parte de açúcar. Guarde na geladeira por até três dias.
Modo de preparo do xarope de mel Junte uma parte de mel e uma parte de água. Mexa muito bem até que os ingredientes se combinem. Guarde na geladeira por até 15 dias.
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