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OPINIÃO

Choro de Gisele e 1º homem trans a desfilar são momentos icônicos da SPFW

Gisele Bundchen fez sua despedida das passarelas na SPFW de 2016, em um desfile marcado por emoção e lágrimas - Eduardo Anizelli/Folhapress
Gisele Bundchen fez sua despedida das passarelas na SPFW de 2016, em um desfile marcado por emoção e lágrimas
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Evelyn Gross

Colaboração para Nossa

15/11/2022 04h00

A chegada da edição de número 54 da São Paulo Fashion Week, que começa nesta quarta-feira (16), é o momento ideal para relembrar alguns momentos icônicos deste que é um dos maiores eventos de moda da América Latina.

Começando pela primeira edição, em 1995, então como Morumbi Fashion. O produtor de eventos Paulo Borges decidiu apresentar designers e criações 100% brasileiras em apenas três desfiles, assinados por Alexandre Herchcovitch, Walter Rodrigues e Sonia Maalouli. E foi assim durante 8 anos, até virar o megaevento que teve nas passarelas nomes como Naomi Campbell, Gisele Bundchen e Candice Swanepoel.

Esta SPFW é um laboratório de novidades a partir de mudanças que aconteceram nos últimos 3 anos em razão da covid-19 — uma edição foi cancelada e outras duas aconteceram no formato digital, um grande desafio para os organizadores e os estilistas e designers das marcas.

É a primeira vez que foram abertas as vendas de ingresso — que esgotaram em segundos, tanto que tiveram que abrir um lote extra para suprir tamanha demanda.

Paulo Borges, o idealizador da São Paulo Fashion Week - Divulgação - Divulgação
Paulo Borges, o idealizador da São Paulo Fashion Week
Imagem: Divulgação

Creio que esta edição terá um gostinho de revival pois teremos quase 100% do evento de forma presencial, no Komplexo Tempo — e o retorno das famosas after party após os desfiles.

Fato é que a SPFW é sempre marcante, tanto para quem está indo pela primeira vez — algo agora facilitado com o modelo de ingressos pagos — quanto para quem já circulou por várias. Há sempre alguma novidade, sejam marcas ou coleções impactantes. Mas há momentos que ficaram para a história. Destaco esses:

A despedida de Gisele

Gisele Bundchen no desfile de despedida das passarelas, na SPFW de 2016 - Thiago Bernardes/Frame - Thiago Bernardes/Frame
Gisele Bundchen no desfile de despedida das passarelas, na SPFW de 2016
Imagem: Thiago Bernardes/Frame

O evento ainda se chamava Morumbi Fashion quando Gisele Bündchen, aos 15 anos, fez sua primeira aparição na passarela do evento, juntamente de Fernanda Tavares, Gianne Albertoni, Isabelli Fontana e Luciana Curtis.

Foi nas passarelas da SPFW, que a modelo começou a ganhar mais holofotes — o que resultou em convites para desfilar para marcas como Dolce & Gabbana,Valentino, Ralph Lauren, Versace e Alexander Mcqueen.

Aos 34 anos, Gisele decidiu deixar as passarelas para se dedicar aos filhos e a outros projetos, e escolheu o desfile da Colcci na SPFW 48, em 2015, para o gran finalle. Disse ela à época:

Sou muito grata por ter tido a oportunidade, aos 14 anos, de iniciar esta jornada. Hoje, após 20 anos nesta carreira, é um privilégio estar fazendo meu último desfile por escolha própria e ainda continuar trabalhando em outras facetas da indústria"

Lágrimas na passarela, muitos sorrisos, tchauzinho para o público e gritaria marcaram a despedida — acompanhada de perto por toda a família da top model neste momento tão especial.

O 1º homem trans na SPFW

Nascido em Brasília, Sam Porto foi um dos destaques da SPFW 48, em 2019, e fez parte da maior parte do cast masculino desta edição. Ele fez história como o primeiro homem trans a desfilar no evento — destaque para seu desfile na Cavalera, com a frase "Respeito Trans" pintada em seu corpo.

Sam Porto no desfile para a Cavalera: 'Respeito Trans' - Divulgação - Divulgação
Sam Porto no desfile para a Cavalera: 'Respeito Trans'
Imagem: Divulgação

Ninguém sabia que este momento tão importante na carreira de Sam iria acontecer — na verdade, nem ele. Ao ser escolhido para desfilar pela SPFW, dizia estar tão cansado de não ter homens trans no mundo da moda que sentiu que precisava levantar a bandeira de alguma forma. Foi aí que perguntou para o time da Cavalera se poderia protestar de alguma forma. "Claro, esse momento é seu, faz o que você quiser", respondeu a marca, dando o aval para o protesto estampado no corpo.

Quanto às roupas que usa nos desfiles ou em campanhas, Sam diz: "Fico inseguro se vou me sentir confortável, fico naquela de não saber se posso falar como estou me sentindo realmente e se as pessoas vão me entender. Não é pra ser chato do tipo 'eu não faço isso'. É da nossa experiência pessoal, de experiência de vida mesmo".

Tenho muita disforia com meu corpo, e por mais que eu já tenha feito a cirurgia de mastectomia, não me sinto confortável com algumas peças de roupa" Sam Porto

O modelo desfila novamente para diversas marcas nesta edição da SPFW e estamos ansiosos para o que está por vir. Será que esta edição revelará outros momentos que ficarão para a história?