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Restaurantes que 'cancelam' prato russo estimulam xenofobia, diz associação

Estrogonofe, um prato russo que caiu no gosto popular brasileiro, tornou-se o pomo da discórdia após o início da guerra - Bruno Netto/Getty Images/iStockphoto
Estrogonofe, um prato russo que caiu no gosto popular brasileiro, tornou-se o pomo da discórdia após o início da guerra Imagem: Bruno Netto/Getty Images/iStockphoto

De Nossa

11/03/2022 15h03

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) condenou nesta quinta-feira (10) a decisão de casas como o tradicional paulistano Bar da Onça que suspendeu o serviço do estrogonofe (e depois trouxe o prato de volta em caráter beneficente) e de outros estabelecimentos no Brasil e no exterior que optaram por transformar o drinque Moscow Mule em Kiev Mule.

Segundo o órgão, estas atitudes, "por mais bem-intencionadas que sejam, fomentam ódio a um povo", a xenofobia.

"[São] ações que não ajudam de maneira prática quem mais sofre com o conflito e, ainda pior, acabam gerando uma mensagem confusa sobre a cultura e o povo russo, que estão sofrendo ataques em vários países. O resultado é nocivo", afirmou a Abrasel em comunicado.

A associação orientou ainda que o setor pode e deve se opor à guerra — que classificou como barbárie —, mas com cautela em relação ao tipo de mensagem que transmite, já que seus membros receberam relatos de russos que vivem no Brasil há anos e atualmente sofrem ameaças que deixam claro que não são bem-vindos no país.

Isso é inaceitável. Sempre fomos reconhecidos por nossa hospitalidade e pelo bom relacionamento com todos os povos. Os bares e restaurantes são ambientes democráticos e nunca palco para o preconceito, seja qual for. Jamais deveríamos incentivar o cancelamento de um povo ou de uma cultura." Salientou o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.

Paulo ainda sugere que os restaurantes procurem alternativas para apoiar o povo ucraniano de maneira efetiva.

"Seria mais produtivo se os bares e restaurantes que desejam ajudar de alguma forma apoiassem campanhas que levam ajuda humanitária ao povo ucraniano. Eles podem, por exemplo, lançar um drink chamado Kiev e a cada venda, uma parte do valor seria destinada para [este fim]", concluiu.