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Ela escolheu o próprio Brasil para mochilar e virar nômade; veja as dicas

Roberta Luvizotto durante a sua visita no Pelourinho, em Salvador (BA) - Arquivo pessoal
Roberta Luvizotto durante a sua visita no Pelourinho, em Salvador (BA)
Imagem: Arquivo pessoal

Priscila Carvalho

Colaboração para Nossa

08/09/2021 04h00

A administradora Roberta Luvizotto, 29 anos, trocou a rotina agitada de São Paulo por uma vida nômade há pouco mais de dois anos.

Diferentemente de muitos viajantes, que preferem a Europa e a Ásia para tirar o tão sonhado sabático, ela escolheu o Nordeste do Brasil para iniciar sua jornada. "Eu sempre quis fazer uma viagem internacional, mas tinha um amigo meu que foi para João Pessoa (PB), falou muito bem de lá e eu resolvi começar por essa cidade", conta.

O roteiro deu início na capital paraibana e depois seguiu para Maragogi (AL), Pipa (RN) e Jericoacoara (CE). Nestas últimas, Roberta ficou mais tempo e estendeu a permanência nas cidades por meses. Além dessas, ela conheceu capitais nordestinas.

Roberta adotou a vida nômade há pouco mais de dois anos - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Roberta adotou a vida nômade há pouco mais de dois anos
Imagem: Arquivo pessoal

Ela ressalta que, embora o primeiro plano tenha um mochilão internacional, escolher o próprio país para ter a vivência nômade foi enriquecedor. Viajar pelo próprio país permitiu descobrir muitos lugares que ela mesma não imaginava que existiam.

O Brasil é muito grande e tem muita maravilha escondida aqui. Valeu muito a pena"

Pôr do sol na praia da Malhada, em Jericoacoara (CE) - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Pôr do sol na praia da Malhada, em Jericoacoara (CE)
Imagem: Arquivo pessoal

Como ela se mantém nas viagens

A paulista conta que mochilar não é como uma viagem de férias, onde a pessoa gasta e sai para comer em bons restaurantes todos os dias. É preciso organizar o dinheiro e viver de forma diferente.

Para economizar durante sua estadia nos lugares, ela fazia voluntariado por meio da plataforma Worldpackers ou pedia no boca a boca mesmo nos hostels que passava.

Eu trabalhava na recepção, limpeza e ainda conseguia conhecer e visitar os lugares por onde eu passava. Nessa modalidade você não paga hospedagem, trabalha só cinco horas por dia e ainda ganha café da manhã"

Roberta no Buraco Azul, em Jericoacoara  - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Roberta no Buraco Azul, em Jericoacoara
Imagem: Arquivo pessoal

Outra maneira de baratear muito os custos era se hospedar por períodos maiores. Ela conta que procurava alugar casas para ficar meses e viver como uma local.

"Em Pipa, fiquei em um chalezinho (estilo kitnet) e pagava uns 450 reais por mês. Era muito barato. Você não encontra isso quando é turista", explica.

Quando o assunto era deslocamento, Roberta usava aplicativos de passagens aéreas para comparar os preços dos voos, fazia os trajetos de ônibus ou com apps de carona.

"Usei muito o blablacar, que você pega uma carona de carro, paga uma quantia muito mais barata e economiza nos trajetos entre as cidades. O avião usava quando valia a pena e o deslocamento era muito longo", diz.

Com a foto clássica de Caraíva,  no Sul da Bahia -- roberta - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Com a foto clássica de Caraíva, no Sul da Bahia
Imagem: Arquivo pessoal

Assédio e segurança pelos lugares

Durante as viagens, ela faz os trajetos sozinha e já teve que lidar muitas vezes com os assédios e situações desagradáveis. Em João Pessoa, na Paraíba, ela diz que o machismo é bem forte e, muitas vezes, por estar com um shorts curto ou uma roupa diferente, teve que ouvir frases desrespeitosas.

Em Fortaleza, no Ceará, a sensação de insegurança foi muito grande. "É uma das capitais mais violentas do Brasil. Toda hora me falavam para ter cuidado com o celular, não andar sozinha à noite", conta.

Roberta adotou a vida nômade há pouco mais de dois anos  - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Roberta diz que alguns lugares são mais complicados para mulher viajando sozinha
Imagem: Arquivo pessoal
Roberta em Salvador, na Bahia - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Roberta em Salvador, na Bahia. Ela tinha base em determinadas cidades e aproveitava para viajar e conhecer as capitais
Imagem: Arquivo pessoal

Já em Jericoacoara, também no estado cearense, a sensação de segurança foi bem forte. Ela ressalta que é um dos lugares mais seguros em que esteve e recomenda para qualquer viajante. "Dificilmente você vai ser assaltado.

Você pode deixar suas coisas na praia e ninguém mexe. Os moradores ainda têm um mural no Facebook que funciona como achados e perdidos e postam lá sempre que alguém perde algo", diz.

Embora a cidade seja boa no quesito segurança, os valores podem ser bem salgados e assustar quem decide morar por lá.

Viver como um local sempre vai sair mais barato. Mas o aluguel lá é caro e as coisas são têm um preço diferenciado"

Jericoacoara foi um dos lugares mais seguros, segundo a viajante - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Jericoacoara, apesar do custo mais alto, foi um dos lugares mais seguros, segundo a viajante
Imagem: Arquivo pessoal

Quando o assunto são cidades baratas, ela destaca Salvador e Itacaré, ambas na Bahia. "Eu fiz mercado por lá e realmente compensa", finaliza.

Desapegos na estrada

Ao longo desses anos de viagem solo, a administradora teve que exercitar os sentimentos e não se deixar abater por questões emocionais. Para fazer a viagem, ela doou muitas roupas, largou a casa e está nesse ritmo até hoje.

O processo de apego às pessoas também se tornou diferente. "Quando você começa a mochilar, você cria um desapego maior. Eu falo com a minha mãe por vídeo chamada e vou vivendo assim. Hoje lido melhor com isso", finaliza.