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O Louvre e Picasso, um encontro entre dois gigantes da história da arte

"Le Rocking-chair" uma das obras do pintor espanhol Pablo Picasso exibida no Louvre, na França - AFP
"Le Rocking-chair" uma das obras do pintor espanhol Pablo Picasso exibida no Louvre, na França
Imagem: AFP

10/10/2021 14h28

Uma relação eclética, tumultuada e de influência mútua: a partir de quarta-feira, o museu francês Louvre-Lens explorará o diálogo entre o prestigioso museu parisiense do Louvre e o pintor espanhol Pablo Picasso, em uma leitura cruzada entre dois gigantes da história da arte.

Entre 13 de outubro e 31 de janeiro de 2022, a exposição "Les Louvre de Pablo Picasso" apresentará 450 pinturas, desenhos, esculturas, gravuras, fotografias e outros documentos de arquivo, incluindo algumas peças "excepcionais" nunca antes exibidas.

Picasso (1881-1973) "tinha um extraordinário poder de visão, compreensão e integração da arte", disse à AFP Marie Lavandier, diretora do museu Louvre-Lens, uma antena do estabelecimento parisiense, localizado no norte da França.

Nos corredores do Louvre parisiense, que Picasso "percorreu incansavelmente desde 1900", "encontrou um prodigioso material de inspiração", assegura.

Antiguidades gregas, romanas ou orientais, esculturas, artes gráficas... "A ideia era procurar o Louvre em Picasso e Picasso no Louvre", uma "lógica do espelho" tecida no fio condutor da exposição, resume Dimitri Salmon, curador da exposição.

Entrada da exposição "Los Louvre de Pablo Picasso" que estará aberta do dia 13 de outubro de 2021 até 31 de janeiro de 2022 no Louvre - AFP - AFP
Entrada da exposição "Los Louvre de Pablo Picasso" que estará aberta do dia 13 de outubro de 2021 até 31 de janeiro de 2022 no Louvre
Imagem: AFP

O visitante poderá mergulhar na reconstrução de alguns departamentos do museu parisiense, que reunirá as criações do gênio espanhol com aquelas em que se inspirou.

"Há coisas bem conhecidas, como seu trabalho em 'Le Déjeuner sur l'herbe' de Edouard Manet. E outras muito menos, como sua relação com a arte egípcia, os retratos de Fayum, sua inspiração em objetos de arte, joias, cerâmicas", diz Lavandier.

Entre as peças mais marcantes está "O Banho Turco", uma "obra-prima icônica" de Jean-Auguste-Dominique Ingres.

Para além das formas, cores e movimentos que o pintor cubista usou para nutrir sua arte, a exposição dá destaque a outra história: a relação do artista com a instituição, que durante muito tempo oscilou entre a admiração e o ceticismo.

Embora as relações pessoais de Picasso com curadores, como Georges Salles, diretor dos museus da França de 1945 a 1957, fossem às vezes excelentes, as cartas e artigos nos lembram que o artista também se dividiu em ocasiões, como no "caso Picasso", quando o conselho artístico dos museus nacionais entrou em conflito por causa de sua pintura "Natureza-morta" (1937).

"O Louvre às vezes foi muito crítico de Picasso, com uma espécie de mal-entendido entre os especialistas em pintura antiga, da modernidade de sua obra", diz Salmon.

"Tem-se a impressão de que os ultrajes que infligia à figura humana eram difíceis para os conservadores aceitarem. Alguns mudaram de ideia, mas outros permaneceram desconfiados ou distantes", acrescenta.

Porém, o Louvre acabou "brincando com a magia do seu nome", com várias exposições temporárias.

Essa relação apaixonada, que culminou em uma grande exposição em 1971, também possibilitou "entender sua relação com a celebridade" e "descobrir o Louvre do século XX, aberto à modernidade", explica Lavandier.

Para o Louvre-Lens, esta exposição "monumental" mostra uma outra visão do Louvre-Paris.

Embora seja "complexa e de alto nível científico", a mostra também tem "a ambição de ser acessível a todos os públicos" graças a "meios de mediação específicos", afirma Lavandier.