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Mauro Cezar: Tite não consegue pensar futebol de uma forma mais ousada

Do UOL, em São Paulo

11/09/2021 04h00

O técnico Tite promoveu mudanças na seleção brasileira nos últimos dois jogos disputados em meio à ausência de jogadores que atuam no futebol inglês, com as entradas de Gerson, Everton Ribeiro e Gabigol, um que até poucos meses atrás estava no Flamengo e dois que ainda jogam pelo clube rubro-negro. Mas nos casos do centroavante e do volante, as funções deles foram diferentes das que eles praticam nos clubes.

No podcast Posse de Bola #159, Mauro Cezar Pereira comenta a diferença no posicionamento dos jogadores e vê Gabigol sacrificado no ataque da seleção brasileira assim como Gabriel Jesus e Roberto Firmino quando atuam, em prol de um conforto a Neymar. O jornalista também critica o recuo do time comandado por Tite quando tem a vantagem no placar.

"Eu acho que o Gerson joga muito preso lá atrás nesse time. No outro jogo contra o Chile, jogou de primeiro volante boa parte do tempo em que esteve em campo, acho que o Tite não aproveita da mesma maneira. O Gabriel acho que fica ali muito em função do Neymar, como qualquer outro jogador, o Firmino, o Gabriel Jesus, qualquer um que entra ali, entra para fazer todo o trabalho sujo que é necessário para o Neymar ficar em situação confortável", diz Mauro.

"É só lembrar, o Jesus na Copa do Mundo, os defensores incondicionais do Tite o elogiavam porque ele voltava para marcar, mas ele não deu nenhuma assistência e não fez nenhum gol. Por que ele é ruim? Não, porque a missão do cara que trabalha no ataque ao lado do Neymar é fazer todo o trabalho sujo, porque o Neymar não vai participar e esse cara vai ter que trabalhar para o time e ele não vai ter explorado o seu potencial como atacante, que é o que o faz ser convocado, isso independentemente de suas características", completa.

Mauro afirma que Tite já demonstrou ser um bom técnico de clube, mas o considera muito conservador para o comando da seleção brasileira, deixando de armar uma estratégia de jogo mais ousada.

"O Tite comprovadamente na seleção brasileira, isso para mim está bem claro, eu tinha essa dúvida e hoje não tenho mais, ele é um ótimo técnico no clube, no Corinthians, poderia ser em outro clube, no Corinthians ele foi brilhante, sem dúvida alguma, mas na seleção brasileira você seleciona jogadores, tem um material humano mais farto e a expectativa sempre vai ser mais alta, ainda mais jogando contra esses timecos da América do Sul", diz Mauro.

"Mas ele não consegue pensar futebol na hora de montar uma equipe, de fazer as alterações, de definir a estratégia de jogo, de uma forma mais ousada, ele é muito conservador, ele não tira dos jogadores aquilo que eles podem apresentar. O Tite é o típico técnico brasileiro dessas últimas décadas, melhor que a maioria, sem dúvida alguma, mas isso é pouco", conclui.

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