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Aposentado do MMA, Glover Teixeira volta à ativa com nariz quebrado

Glover Teixeira em sua última luta pelo UFC, contra Jamahal Hill, em 21 d ejaneiro de 2023 - Buda Mendes/Getty
Glover Teixeira em sua última luta pelo UFC, contra Jamahal Hill, em 21 d ejaneiro de 2023 Imagem: Buda Mendes/Getty

Do UOL, em São Paulo (SP)

29/06/2023 04h00

O brasileiro Glover Teixeira vai lutar em um evento de grappling cinco meses após ter se aposentado do MMA. O ex-campeão dos meio-pesados (até 93kg) retorna ao tatame com uma cirurgia já marcada para consertar os estragos no nariz de suas últimas lutas na categoria.

O que aconteceu

Aos 43 anos, Glover disputa hoje (29) o UFC Fight Pass Invitational 4, em Las Vegas. O evento tem início as 22h (de Brasília), e transmissão exclusiva do UFC Fight Pass.

Ele vai enfrentar Anthony Smith no coevento principal da noite. O duelo será uma espécie de revanche, só que desta vez no grappling, já que em 2020 o brasileiro derrotou o norte-americano no octógono — antes de conquistar o cinturão, em outubro de 2021, aos 42.

Glover disse ao UOL que aceitou o convite para voltar à ativa porque, comparado ao MMA, o "grappling é a arte suave". Sua última luta foi no final de janeiro deste ano, quando anunciou a aposentadoria do UFC após ser derrotado por Jamahal Hill, por decisão unânime, no Rio de Janeiro.

"Estou animado e me preparei bem. Foi combinado uma luta só, mas com certeza quero participar mais se continuar com grappling", acrescentou. O brasileiro, radicado nos EUA, concilia os treinos diários com as demais funções à frente de sua academia.

Ele contou que tem uma cirurgia marcada para setembro para reparar o nariz "todo quebrado" por dentro. "UFC é bem mais violento, o grappling não. Pelas lutas que vinha fazendo, meu nariz ficou uma sanfona, tenho dificuldade para respirar.

Tranquilidade da família

A preocupação com a saúde pesou para a decisão de Glover pela aposentadoria do UFC, assim como a ansiedade dos familiares. Ele afirmou que antes mesmo de a luta começar, durante a pesagem do evento, já imaginava que aquela seria a sua última no MMA.

"Não queria mais e minha família também não. Vejo como minha esposa e minha mãe ficavam", relatou. O brasileiro complementou que, com a idade, ficava cada vez mais difícil bater os 93kg, e a quantidade de golpes recebidos na cabeça começou a preocupar. "Não é só a gente que fica em risco tomando bastante soco",

Glover se empenha para deixar seu entorno relaxado sobre a volta ao grappling. Ele começou na modalidade antes mesmo de migrar para o MMA e foi campeão da seletiva brasileira do ADCC, principal evento de grappling, em 2009.

"Deixo a família bem tranquila. Não vai ter porrada, pior coisa é ser finalizado, dar três tapinhas", brincou. Apesar das diferenças, o experiente lutador não vai abandonar o estilo que o consagrou nas duas décadas de carreira: "Não vai ser MMA, mas vai ser um grappling agressivo", finalizou.

Familiares ficam falando: 'Esse cara não não cansa, não sossega'. Está no sangue a competição, treinei muito. Treino corpo há tantos anos, a técnica. Fazer um dinheirinho aí e brincar um pouco." Glover Teixeira, ao UOL

O que mais Glover Teixeira disse

Diferenças entre grappling e MMA: "Comparado a uma luta de MMA, o grappling é mais tranquilo. A gente não tem aquela pressão grande de estar no UFC, a escalada para ser campeão. O grappling é a arte suave, bem mais suave que o MMA. Preparação é mais física mesmo, e finalização. É uma dimensão, um foco só".

Empenho na ioga: "Estou na ioga, sigo um guru da espiritualidade. Estou bem focado em me sentir bem, conectado com meu espírito. Às vezes saio um pouco dessa linha, do caminho do yoga, e fico um pouco estressado, mas é isso que está me dando bastante prazer agora. Faço todo dia".

Decisão pela aposentadoria: "Aposentei porque achava que não conseguiria lutar mais pelo cinturão. Já estava sofrendo com perda de peso. Não é só a gente que se põe em risco tomando bastante soco. Às vezes pode prejudicar a saúde, principalmente como um cara como eu, sou difícil de cair, tenho queixo muito duro".

Bastidores da última luta: "Meio que decidi [a aposentadoria] na pesagem. Estava pensando: 'Não quero mais fazer isso, acho que vai ser a última luta'. Perdi, foi uma guerra, tomei bastante pancada e falei: 'Está bom'. Minha família agradeceu, falou que já tinha feito tudo e que deixei um legado".

Fim da linha no MMA: "Não tenho vontade de lutar mais no UFC, está decidido. Surgiu uma luta de grappling, é completamente diferente, outra dimensão. Agora estou tranquilo, cuido da saúde e ainda ganho dinheiro.

Rotina: "Estou treinando a galera, treinando os caras [Turman e Poatan], eu não paro. Tenho uma academia que está um sucesso e estou curtindo mais. Como treino de grappling é mais tranquilo, só treino uma vez por dia, fico bem depois do almoço bem suave, curtindo a natureza, relaxando mesmo.

Maior orgulho: "Ganhar o cinturão com 42 anos, provar para muita gente que é possível, independentemente de onde começa. Fico orgulhoso disso. Não sou falastrão, mas dou o que os fãs querem ver: a luta agressiva".

Principal lamentação: Eu deveria ter me disciplinado um pouco antes. Fui aprendendo com a vida, com a minha carreira mesmo. Sempre fui um cara de treino duro, mas era um pouco indisciplinado na alimentação, passava perrengue para perder peso. Depois que consegui disciplinar melhor, foi onde consegui ser campeão. Talvez, se tivesse sido disciplinado, poderia ter ganhado antes e ter feito muito mais".