Brasil vence eleição e será sede da Copa do Mundo Feminina de 2027

A Copa do Mundo Feminina 2027 será no Brasil. A candidatura brasileira venceu a eleição realizada nesta sexta-feira (17), no Congresso da Fifa, em Bangcoc, na Tailândia. Assim, o torneio será realizado pela primeira vez em solo sul-americano.

O que aconteceu

O Brasil levou a melhor diante da candidatura tríplice formada por Bélgica, Alemanha e Holanda.

O Brasil recebeu 119 votos, contra 78 dos europeus.

A candidatura brasileira chegou ao Congresso com leve favoritismo, já que recebeu nota melhor no relatório feito pela Fifa após inspeção nos países concorrentes.

Pesou a favor do Brasil a experiência e a estrutura herdadas da Copa do Mundo de 2014 (a masculina).

O Brasil se vendeu como "uma escolha natural", como diz o slogan da campanha, que mescla o histórico de grandes eventos, a cultura de futebol e o aspecto da natureza.

Trata-se de uma vitória política da CBF, com suporte da Conmebol. E, para a Fifa, foi importante as garantias dadas pelo governo federal.

Na análise da Fifa, que serve como parâmetro para os eleitores, a tríplice candidatura europeia teve brechas significativas e apresentou riscos nos aspectos legais e lacunas relativas ao compromisso dos governos envolvidos.

O Brasil ganhou ainda mais força com as desistências de outras candidaturas ao longo do processo eleitoral. A saída mais recente foi a de Estados Unidos e México — que já irão receber a Copa masculina em 2026. Antes, a África do Sul também saiu do páreo.

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O Brasil vence a eleição após ter retirado a candidatura para a edição 2023 — que acabou indo para a Austrália e Nova Zelândia. Na época, faltou suporte governamental.

É uma vitória do futebol feminino para o mundo. Quero agradecer a todos os delegados que votaram pelo futebol feminino do mundo. Não só pelo Brasil. O futebol feminino não tem separação, tem que haver cada vez mais união para fortalecer o futebol feminino em todo o mundo. Que atletas possam jogar nas escolas, nas ruas e que no fim possam integrar um clube e uma seleção. Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF

Como será a Copa do Mundo no Brasil

A candidatura brasileira envolve dez cidades-sede, com abertura e final no Maracanã, no Rio de Janeiro.

As outras nove capitais envolvidas são: Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre, Brasília, Salvador, Fortaleza, Recife, Cuiabá e Manaus. O plano é ter fan fests em todas as sedes.

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O período proposto no calendário vai de 24 de junho a 25 de julho de 2027. A Fifa ainda baterá o martelo sobre isso e o calendário de jogos sugerido pelo Brasil.

A CBF se comprometeu em interromper todas as competições do futebol nacional — masculinas e femininas — para que a Copa do Mundo tenha atenção exclusiva em 2027.

Nesse momento de euforia, gostaria de colocar um tema que está atingindo a todos nós brasileiros. A tragédia e a catástrofe por condições climáticas no Rio Grande do Sul, onde muitas vidas se foram e famílias estão desabrigadas. Que essa conquista de hoje, de o Brasil sediar pela primeira vez a Copa do Mundo Feminina, queremos que o trabalho que vai ser desenvolvido seja de fortalecimento para o futebol brasileiro e sul-americano. Mas também pelo Rio Grande do Sul, onde deverá ter um grande centro de desenvolvimento do futebol feminino. Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF

Taça da Copa do Mundo Feminina no Rio de Janeiro
Taça da Copa do Mundo Feminina no Rio de Janeiro Imagem: Thais Magalhães/CBF

A reta final do voto

A apresentação final do Brasil foi comandada por Duda Pavão, que, para interagir, recorreu até a uma simulação de inteligência artificial, batizada de Iara.

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A candidatura brasileira apelou para o histórico de organização de eventos, como a Copa 2014 e os Jogos Olímpicos Rio 2016, e o legado deixado por eles.

As paisagens e a hospitalidade brasileiras foram ressaltadas. No aspecto mais técnico, a candidatura brasileira sublinhou o mercado potencial de crescimento do futebol feminino, ressaltando o interesse local pelo futebol e o número de mulheres jovens e adolescentes que podem mergulhar no esporte.

A comitiva brasileira contou com o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, o ministro do Esporte, André Fufuca, Aline Pellegrino (vice-campeã mundial em 2027 e gerente de Competições Femininas da CBF), Kerolin (atacante da Seleção Brasileira), Formiga (única atleta a disputar sete Copas do Mundo da Fifa), as consultoras Valesca Araújo, Jacqueline Barros e Manuela Biz, além do consultor Ricardo Trade.

A apresentação brasileira teve participação, em vídeo, de ministras do governo Lula, como Anielle Franco (Igualdade Racial), Sonia Guajajara (Povos Indígenas), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Margareth Menezes (Cultura).

O que os europeus disseram

A candidatura de Bélgica, Alemanha e Holanda apelou para o fato de oferecer cenário parecido ao do Qatar, com distâncias relativamente curtas entre cidades e estádios.

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Os três países são vizinhos e propuseram um cenário de deslocamentos de não mais do que 3h30, seja de trem, ônibus ou avião.

A candidatura de Bélgica, Alemanha e Holanda ainda prometeu que a Copa 2027 seria a competição com maior volume de receitas do futebol feminino na história.

Os europeus disseram que têm total apoio dos governos locais, embora isso tenha sido um ponto negativo apontado no relatório da Fifa.

A apresentação da candidatura holandesa/belga/alemã teve participação de Clarence Seedorf, meia ex-Botafogo. Mas deu Brasil.

O governo federal, através do presidente Lula, deu todo apoio para que defendêssemos essa candidatura. Queria agradecer a todos com muita emoção. A gente sabia que ia ser difícil, mas iríamos mostrar dentro da união que poderíamos ter essa vitória. É a vitória do futebol sul-americano feminino. É do futebol mundial feminino, que a Fifa tem procurado a cada dia melhorar e fortalecer. Ganha o mundo. Sem qualquer tipo de vaidade, queremos fazer e realizar a melhor e maior Copa do Mundo Feminina de todos os tempos. Convidam a todos que estejam no Brasil para desfrutar da hospitalidade, da irreverência do povo e da alegria de irmãos que lá chegam. Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF

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