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'Lutei para ser uma mulher no esporte', diz Tifanny sobre seu legado

Tifanny, ponteira do Osasco - Reprodução/Instagram
Tifanny, ponteira do Osasco Imagem: Reprodução/Instagram

Colaboração para o UOL, em São Paulo (SP)

28/06/2022 12h59

Primeira mulher trans no vôlei feminino brasileiro, a ponteira Tifanny Abreu falou sobre o pioneirismo trans e o preconceito enfrentado durante sua carreira profissional. A atleta do Osasco também disse que "ser conhecida como a mulher trans no esporte" é o seu legado para futuras atletas.

"Muita gente ainda só fala assim: 'Ah, a atleta trans'. Mas esquece que, primeiramente, eu sou atleta, que eu treino e trabalho como qualquer outra mulher. Eu lutei para ser atleta, virei atleta", afirmou Tifanny, em entrevista à série 'Reflexões', que será transmitida hoje (28), às 21h, pela ESPN 4 e pelo Star+.

"Eu lutei para ser a mulher que eu sou. Eu lutei para ser uma mulher do esporte e hoje eu sou uma mulher do esporte", completou a atleta.

Tifanny, que iniciou o processo de transição de gênero em 2012, jogou profissionalmente em ligas masculinas até os 29 anos. Aos 31, ela voltou às quadras, na segunda divisão da Itália, dessa vez como uma mulher. Em 2018, a paraense voltou ao Brasil, foi contratada pelo Bauru e enfrentou o preconceito desde o primeiro dia.

"Eu vou ser conhecida como a mulher trans no esporte, mas esse meu legado hoje vai fazer com que outras meninas sejam conhecidas só como atletas, como campeã olímpica, como atleta de ouro", completou a ponteira.

O capítulo com Tifanny é o quarto episódio da série 'Reflexões'. Os episódios anteriores, que destacaram o protagonismo negro no esporte e também o Mês da Mulher com convidados especiais, estão disponíveis na íntegra no streaming Star+.

Participação de atletas trans no esporte

Na semana passada, a Federação Internacional de Natação (Fina) anunciou a decisão de barrar a participação de atletas transgênero das competições de elite em categorias femininas caso tenham passado pela puberdade masculina. Com as novas regras, as atletas só podem entrar nas competições femininas de natação se tiverem feito a transição de gênero até os 12 anos.

Poucos dias antes, a União Ciclística Internacional (UCI) tomou decisão semelhante, estabelecendo mais regras para a participação de atletas trans nas competições.

Após as mudanças, a jogadora de vôlei Tandara, companheira de Tifanny no Osasco, comemorou as decisões e pediu que as regras sejam estendidas para todas as modalidades. Essa não é a primeira vez, nem a segunda, que a atleta, que está suspensa por doping, faz um pronunciamento sobre a participação de atletas trans.

Em 2018, a jogadora emitiu comentários contra a presença de atletas trans no esporte. No ano passado, ela voltou a falar sobre o assunto e disse que mantém sua opinião sobre o tema. Nos episódios anteriores, Tifanny se posicionou defendendo a colega, mas afirmou que ela "errou nas palavras".