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NBA: O que se sabe das denúncias de racismo e assédio ao dono dos Suns

Milionário Robert Sarver é acusado de comentários racistas, misóginos e humilhação a funcionários - Christian Petersen / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
Milionário Robert Sarver é acusado de comentários racistas, misóginos e humilhação a funcionários Imagem: Christian Petersen / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

11/11/2021 04h00

Mais um escândalo envolvendo um dono de franquia da NBA estourou na semana passada, quando Robert Sarver foi acusado de racismo, misoginia e assédio moral a funcionários do Phoenix Suns, do qual ele é proprietário. A reportagem que revelou suas práticas ouviu mais de 70 pessoas que trabalharam ou ainda trabalham na franquia, e o milionário agora está sendo investigado pela liga. Abaixo, o UOL Esporte lista o que se sabe sobre o caso.

Quem é Robert Sarver?

Aos 60 anos, Sarver é um milionário que fez fortuna em negócios imobiliários e principalmente como executivo do banco Western Alliance Bank, dono de US$ 36 bilhões em ativos. Em 2004, ele comprou os Suns e o Phoenix Mercury, da WNBA, por US$ 400 milhões.

O que dizem as denúncias?

Uma reportagem da ESPN norte-americana revelou denúncias de falas racistas e misóginas, além de humilhações públicas a funcionários. Earl Watson, um assistente técnico que trabalhou quatro anos nos Suns, afirma que em certa ocasião Sarver entrou no vestiário repetindo diversas vezes uma palavra considerada extremamente racista nos EUA ("the N-word", como se referem). Outros seis entrevistados confirmam o uso da palavra em diversas ocasiões.

"O nível de misoginia e racismo está além de qualquer limite. É constrangedor como dono", disse um coproprietário do Phoenix Suns sobre Sarver.

Quanto aos comentários misóginos, uma ex-empregada afirmou à ESPN que "a pior parte era o abuso verbal e sentir que não era sequer humana". "Isso destruiu a minha vida, eu estava considerando o suicídio", disse outra funcionária.

Mais de 10 funcionários dizem que Sarver comentava sobre sua vida sexual em reuniões que deveriam ser profissionais, além de perguntar aos jogadores sobre a vida sexual deles. As testemunhas afirmam que os comentários e a conduta do dono dos Suns era inapropriada e humilhante.

"Não há literalmente nada que você possa me contar sobre ele [Sarver], do ponto de vista da misoginia e do racismo, que vá me surpreender", diz um ex-executivo de basquete dos Suns.

Robert Sarver também é acusado de constranger e humilhar seus funcionários na frente de outras pessoas. Um dos exemplos é David Bodzin, ex-executivo de contas dos Suns, que afirma que o milionário abaixou suas calças em um evento com 60 pessoas e em seguida disse "por favor, não nos processe por assédio sexual".

O que Sarver diz?

Por meio de seus advogados, ele afirma "nunca ter chamado ninguém" pelo xingamento racista e que não discute sua vida sexual ou a de seus funcionários. Sobre o episódio das calças, diz que "não teve a intenção de constranger" David Bodzin e que na época tratou o episódio como uma brincadeira, mas depois percebeu ser inapropriado.

Os perfis oficiais tanto dos Suns quanto do Mercury saíram em defesa do acusado antes mesmo de a reportagem ser publicada, na última semana. "Evidências documentais e testemunhas contradizem diretamente as acusações, e estamos preparando nossa resposta a estas questões", dizia o comunicado. Tais provas ainda não foram reveladas.

O que a NBA pode fazer?

Na sequência das denúncias, a NBA informou em nota oficial que abriu uma investigação. "A NBA e a WNBA continuam comprometidas a prover um ambiente de trabalho respeitoso e inclusivo para todos os funcionários. Uma vez que a investigação esteja completa, as conclusões servirão de base para qualquer ação da liga", afirma o vice-presidente de comunicação da NBA, Mike Bass.

O responsável pela investigação é o escritório de advocacia Wachtell Lipton, o mesmo que em 2014 investigou o Los Angeles Clippers e seu então proprietário Donald Sterling por comentários racistas.

Outros escândalos na NBA

O caso de Robert Sarver não é o primeiro escândalo do tipo na história recente da NBA. Há sete anos, por exemplo, Donald Sterling foi banido da liga e obrigado a vender o LA Clippers após fazer comentários racistas em uma ligação gravada. Em 2018, uma reportagem da revista norte-americana Sports Illustrated revelou que o ambiente de trabalho no Dallas Mavericks era envenenado por uma série de assédios sexuais, estando entre os acusados o ex-CEO Terdema Ussery, que havia chefiado a franquia por 18 anos.