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Denílson vê busca por Xavi como 'tapa na cara de treinadores brasileiros'

Denílson, comentarista do Jogo Aberto - Reprodução/TV Band
Denílson, comentarista do Jogo Aberto Imagem: Reprodução/TV Band

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/05/2021 14h03

Comentarista da TV Band, Denílson criticou a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por procurar o espanhol Xavi - que comanda o Al-Sadd (QAT) -, para ser auxiliar técnico da seleção brasileira. Na opinião do ex-atacante, a atitude foi um "tapa na cara dos treinadores brasileiros".

Denílson acredita que uma notícia como esta deve incomodar os treinadores brasileiros que sonham em dirigir a seleção, citando Renato Gaúcho como exemplo.

"O negócio do Xavi é um tapa na cara dos treinadores brasileiros. Nada contra o xavi, que está fazendo um trabalho excelente no Qatar, já conquistou vários títulos. Vamos imaginar o Renato Gaúcho vendo uma notícia como essa. Ele ganhou tudo nos últimos anos, tem o sonho de ir para a seleção e vê a CBF indo atrás do Xavi para ser auxiliar do Tite", disse o comentarista em participação no Jogo Aberto, da TV Band, hoje.

"E não só isso, iria monitorar os brasileiros na Europa, poderia ter uma equipe de olheiros na Europa e, depois, assumir a seleção. Para mim, é um tapa na cara dos treinadores brasileiros", continuou.

Desvio de foco

Também presente no Jogo Aberto, Ronaldo Giovanelli afirmou que a notícia é uma forma de a CBF desviar o foco dos problemas com o calendário do futebol brasileiro. Na opinião do ex-goleiro, este é o principal obstáculo da seleção.

O ídolo corintiano ainda disse que, em vez de treinadores estrangeiros, a CBF deveria procurar dirigentes europeus para arrumar a situação do calendário.

"Acho um absurdo (procurar o Xavi). A CBF, para desviar o foco daquilo que a gente está berrando há anos, que é fazer um calendário compatível com o calendário que temos fora do país, para deixar de sacrificar jogadores na seleção brasileira, onde o jogador deveria chegar com a mesma tranquilidade que os outros chegam em suas seleções. A CBF está desviando o foco", opinou.

"Eu queria também um dirigente estrangeiro para acertar esse calendário. Porque a gente está cansado de ver nossos profissionais reclamando desse calendário que não bate com nada, que deixa tudo descompassado. E vem se falar em Xavi. O pessoal da CBF está de brincadeira. Na Europa, eles respeitam o profissional, tem um calendário bom, por isso estão à frente", completou.

Mudança na CBF

Para o comentarista Chico Garcia, também presente no Jogo Aberto, a busca por Xavi indica uma mudança de paradigma na CBF, que sempre se mostrou mais conservadora em relação a técnicos de outras nacionalidades. O jornalista ainda disse que a realidade dos treinadores brasileiros está muito distante da do primeiro nível do futebol mundial.

"Sem nem entrar no mérito se devia acontecer ou não, eu sempre vi a CBF mais conservadora em relação a técnicos estrangeiros. De nem olhar para essa possibilidade, de só apostar em brasileiros. Quando a gente vê esse movimento, a situação muda. Daqui a pouco a CBF está olhando para a frente e a gente vai ter essa realidade", disse Chico Garcia.

"A nossa realidade é muito distante do primeiro nível no mundo do futebol. Estamos muito atrás. E eu acho que a comissão técnica do Tite faz um trabalho brilhante de acompanhamento de outros mercados. Mas a presença de um técnico estrangeiro pode ser uma tentativa de 'equilibrar as forças' porque estamos muito atrás", completou.

Necessidade de mudança nos brasileiros

Ulisses Costa, por sua vez, destacou o bom trabalho de treinadores estrangeiros em clubes brasileiros nos últimos anos e afirmou que os técnicos brasileiros precisam mudar a maneira de trabalhar.

"É ruim para os técnicos brasileiros. Existe a necessidade de os técnicos brasileiros 'se coçarem' um pouco. Mudar a maneira de trabalhar, a maneira de postar o time taticamente porque chegam os estrangeiros aqui… Você pega no mundo, o número de argentinos trabalhando em todo o mundo é absurdamente superior ao do Brasil. O único técnico que dirigiu um time grande, de expressão, nos últimos tempos, foi o Luxemburgo no Real Madrid, e o Felipão no Chelsea. Só os dois. Não tem mais ninguém. E quanto tempo faz isso?", opinou Ulisses Costa.

"Aí, os estrangeiros chegam aqui, como o Abel Ferreira - sem muito nome -, e conseguem montar times que jogam um bom futebol, conquistam títulos, ganham. Acho que tem que reformular, o técnico brasileiro tem que pensar muito. Acho que a negativa do Xavi ficou chata para CBF", acrescentou.