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Dona da F1 pede prioridade à Globo em conversas por TV no Brasil em 2021

Pool/Getty Images
Imagem: Pool/Getty Images

Gabriel Vaquer

Colaboração para o UOL, em Aracaju

10/11/2020 14h52

A Liberty Media, proprietária da Fórmula 1 desde 2016, determinou que a Rio Motorsports, atual dona dos direitos de transmissão para o mercado brasileiro, dê prioridade nas negociações para a venda da categoria no ano que vem para a Globo. No retrato da situação neste momento, a emissora carioca deixaria de exibir a categoria ao fim da atual temporada, com indefinição sobre a nova 'casa' da categoria no país.

A determinação da Liberty aconteceu na semana passada, após algumas mudanças nas prioridades da categoria para o ano que vem, e com a possibilidade de Interlagos continuar recebendo o GP do Brasil.

A informação foi publicada inicialmente pelo site 'Grande Prêmio' e confirmada pelo UOL Esporte com diversas fontes. Segundo apurou a reportagem, o pedido foi feito após algumas informações chegarem na empresa mandatária. A primeira delas é o pragmatismo de um modelo que está funcionando no Brasil há tempos. A Liberty teve problemas financeiros sérios em 2020 por causa da pandemia do novo coronavírus e não quer correr riscos nos próximos anos com novas apostas.

Isso passa muito pelo Brasil, que tem a maior audiência global da Fórmula 1, por causa da exibição em televisão aberta nas manhãs de domingo. Só para se ter uma ideia, em 2019, o país representou 23,5% do alcance mundial da categoria, com 115,2 milhões de telespectadores atingidos, vencendo mercados considerados financeiramente muito mais rentáveis, como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Itália, Rússia e nações asiáticas.

A Liberty, mesmo vivendo alguns problemas com a Globo nos últimos tempos, como o impasse pela transmissão dos treinos livres nas manhãs de sábado, entende que não se pode abrir mão de quase um quarto de seu alcance global.

A empresa estrangeira não gostou também de saber que a Rio Motorsports estava negociando com a TV Cultura, emissora pública de São Paulo que não tem grande alcance no Brasil. Essas negociações esfriaram justamente por causa da rejeição da proprietária da categoria, além de divergências nos modelos comercias.

Outro ponto importante são os parceiros de marca da Fórmula 1. Empresas que querem anunciar na categoria reclamaram que não haveria possibilidade de fazer investimento em massa no Brasil se não tivessem uma exposição à altura. Na visão dessas marcas, a Globo é a única que pode oferecer o tratamento para manter o nível de alcance de público e retorno dos investimentos em publicidade.

Caso consiga fechar acordo com a Globo, a Fórmula 1 continuaria na emissora carioca e completaria 40 anos de transmissões no Brasil. O grupo de comunicação decidiu abrir mão dos direitos da competição neste ano, pela primeira vez desde 1981, por não concordar com os valores cobrados e por rever o portfólio de transmissões. Em 2019, a Globo ofereceu cerca de US$ 20 milhões, mas a Liberty queria US$ 22 milhões por ano para a renovação.

Vale ressaltar que a relação da Rio Motorsports com a Liberty Media, além de garantir os direitos, prevê a organização do GP do Brasil no Rio de Janeiro, em um autódromo que seria construído no bairro de Deodoro. No entanto, a situação não caminhou até hoje, e as licenças ambientais, necessárias para a construção, não foram asseguradas.

O GP brasileiro no ano que vem ainda está em asterisco, porque depende de uma negociação para manter a prova em São Paulo, no autódromo de Interlagos.