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Anderson, ex-Grêmio e United, é alvo de operação contra lavagem de dinheiro

O meia Anderson quando atuava pelo Manchester United, em 2011 - Jon Super / AP
O meia Anderson quando atuava pelo Manchester United, em 2011 Imagem: Jon Super / AP

Do UOL, em São Paulo

26/06/2020 09h53Atualizada em 26/06/2020 10h18

O ex-meia Anderson, com passagens por Grêmio, Internacional, Manchester United e Seleção Brasileira, foi alvo ontem de busca e apreensão em uma operação que investiga uma suposta organização criminosa suspeita de lavar dinheiro com bitcoins.

Na manhã de ontem, o MPRS (Ministério Público do Rio Grande do Sul) deflagrou a Operação Criptoshow e cumpriu 13 mandados de busca e apreensão na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Os alvos da ação são suspeitos de burlar o esquema de segurança digital de um banco, desviar R$ 35 milhões de uma grande indústria e da Bolsa de Valores e lavar o dinheiro com bitcoins, de acordo com o MPRS.

A entidade não revelou os nomes e os endereços alvos dos mandados, mas o ex-jogador enviou uma nota à imprensa (leia a nota na íntegra mais abaixo) confirmando que recebeu policiais em sua casa ontem.

"Uma das nossas empresas foi relacionada a um assunto que não merecíamos e hoje [ontem], por conta disso, recebi em minha residência a polícia com a cordialidade que lhes é merecida. Nada tenho a esconder. Nossos valores são fruto do meu trabalho e está devidamente declarado", disse Anderson na nota.

O material apreendido será analisado para eventual responsabilização dos investigados, a recuperação dos valores subtraídos, bem como para identificação da participação de outras pessoas.

'Operação sofisticada'

Segundo o MPRS, nos dias 15 e 16 de abril deste ano, teriam sido desviados R$ 30 milhões da conta bancária de uma grande indústria por meio de 11 transferências eletrônicas (TEDs) para seis empresas de Porto Alegre, Cachoeirinha, São Paulo e Porto Velho.

Conforme a investigação, o dinheiro foi desviado em operações realizadas por intermédio de sofisticada técnica realizada por outra empresa, com sede em Cachoeirinha, correntista do mesmo banco.

A fraude teria sido praticada, de acordo com o MPRS, com o acesso à conta bancária via internet banking com o uso de login e senha de um dos investigados. Com a conta logada, foram feitas 11 transferências bancárias para seis destinatários, também pessoas jurídicas.

Ao final da operação, por meio de uma manipulação da codificação do canal do internet banking, a conta indicada ao sistema para a efetuação do débito de R$ 30 milhões não foi a logada inicialmente, mas sim a conta da grande indústria.

"Seria como se uma conta bancária corporativa tivesse invadido outra conta similar para emitir ordem de débito ao banco em favor de terceiros", afirmou o promotor Flávio Duarte.

Segundo desvio

Durante as investigações, foi apontada uma nova operação de lavagem de capitais, consistente na aquisição clandestina de bitcoins pelas mesmas pessoas junto a uma corretora de valores, no valor de R$ 5 milhões, mas a origem do dinheiro ainda era desconhecida.

Em novas diligências, foi, então, revelado que o mesmo modo de operação empregado no desvio dos R$ 30 milhões foi utilizado, também em 16 de abril, contra outra empresa correntista, responsável pela Bolsa de Valores, lesada a partir de uma transferência bancária clandestina no montante de R$ 5 milhões.

Suposta lavagem de dinheiro

Em paralelo à apuração criminal do MPRS, a instituição bancária, que arcou com o prejuízo financeiro causado a sua cliente, buscou apurar o destino dos valores subtraídos.

Foi descoberto que uma corretora foi destinatária, em 16 de abril, de R$ 11,1 milhões, destinados à aquisição de bitcoins, oriundos de três das cinco empresas beneficiadas com as transferências eletrônicas.

No dia anterior, outros R$ 7,7 milhões já haviam sido repassados por duas das empresas e revertidos em bitcoins, totalizando, R$ 18,8 milhões

Leia a nota de Anderson na íntegra

"Eu, Anderson Luis de Abreu Oliveira, venho a público esclarecer.

Trouxe recursos de uma vida toda para fazer negócios no estado que amo. Apesar das dificuldades que ele vem passando, quero continuar fazendo negócios aqui, pois acredito e sou prova de que um menino pobre e sem estudo pode vencer na vida trabalhando e com empenho.

Conheço e invisto há quatro anos no mercado de criptomoedas. Investi mais fortemente em 2019 no bitcoin. Comprei com dinheiro declarado conforme comprovante e imposto de renda.

Desde então, negocio no mercado compra e venda destas criptomoedas para ganhar dinheiro e também porque gosto de tecnologia. Para isso, comprei a participação na empresa House Tecnologia Ltda, que realiza compras e vendas quando é oportuno.

Uma das nossas empresas foi relacionada a um assunto que não merecíamos e hoje, por conta disso, recebi em minha residência a polícia com a cordialidade que lhes é merecida. Nada tenho a esconder. Nossos valores são fruto do meu trabalho e está devidamente declarado.

Agradeço às autoridades pelo tratamento digno ao qual fui submetido e a todos que sabem o que sou e quanto sou grato ao Rio Grande do Sul. Tanto que continuarei investindo e dando empregos o quanto eu puder.

Venho esclarecer com extrato abaixo nossos investimentos em 2019 apenas em uma empresa do ramo de criptomoedas. Portanto, não precisamos cometer algo errado conscientemente.

Esclareço por hora (sic) que fomos envolvidos sem dolo (intenção), mas vendemos o que era nosso e acreditávamos estar recebendo o pagamento, pois fizemos a operação normal como é de costume.

O grande prejuízo está sendo nosso... Mas não deveria ser."