Sarafian estreia no UFC em SP com status de estrela, mas na "sombra" de Mutante

Demorou, mas enfim o paulistano Daniel Sarafian fará sua estreia oficial no octógono. “Estreia não”, defende ele, lembrando a participação no reality show do UFC, o TUF Brasil, em que subiu no ringue da organização, mas em lutas que não contam para o cartel oficial dos participantes. É com a fama conquistada no programa que o peso médio disputará a edição de São Paulo do Ultimate, buscando comprovar as expectativas e, ao mesmo tempo, fugir da sombra do “arquirrival” Cesar Mutante.

No próximo dia 19, ele encara CB Dollaway no ginásio do Ibirapuera, na capital paulista. Sarafian teve uma das melhores campanhas do TUF e chegou à final do reality. Mas, pouco antes do duelo com Mutante, foi cortado do UFC 147 devido a uma lesão no bíceps. Mutante acabou enfrentando Sergio Moraes e faturou o título, mas até hoje os lutadores ouvem os pedidos para que realizem a final “de fato” do programa.

“Eu ouço toda hora isso e também espero por essa luta, porque sei que vai acontecer. Mas o desejo de enfrentar o Mutante acabou quando ele lutou a final do TUF. Não tenho nada contra ele, não é um inimigo, não durmo pensando nele”, afirmou o paulistano de 30 anos, que tem um cartel oficial de sete vitórias e duas derrotas no MMA.

Sarafian sabe do desejo do público, mas a todo momento busca deixar o tema de lado e mostrar que não tem intenção alguma de esperar por Mutante. Os dois chegaram a negociar para se enfrentar depois do reality, mas as lesões de ambos os lados postergaram mais uma vez um acerto.

“Preciso mesmo fazer essa luta para acabar com a vontade do público de saber quem realmente seria o vencedor (do TUF). Mas quando isso acontecerá é indiferente neste momento”, completa Sarafian, que venceu por pontos Richardson Moreira na fase eliminatória, finalizou Renee Forte e nocauteou Sérgio Moraes com estilo para conseguir a vaga na decisão.

O paulista afirmou que o longo período parado não foi de todo ruim. Sarafian se tornou um atleta patrocinado pelo Ultimate - o primeiro brasileiro a contar com este apoio -, e usou o tempo para melhorar tecnicamente, na parte física e até ser corner de outros lutadores, um aprendizado que considera importante para si próprio. Enquanto não podia usar o braço, fez caratê para aumentar seu potencial com as pernas.

Apesar das lutas do TUF anteriores à final não contarem como oficiais, ele se nega a tratar o UFC de São Paulo como estreia. “Não vejo como um estreia, eu tenho três lutas pelo TUF, já mostrei meu trabalho. E também já lutei em casa, em São Paulo, inclusive estreei no MMA no ginásio do Ibirapuera. Estou feliz não só por lutar em São Paulo, mas em lutar pelo UFC. Além disso, eu me sinto ótimo e, depois da lesão, estou sem dores e sem medos”, concluiu.

Provocações do rival

Sobre o rival, Sarafian teve de ouvir algumas provocações de que será finalizado lutando em sua casa, por parte de Dollaway. Mas o brasileiro preferiu não dar atenção.

“Não encarei como provocação. Ele tem que acreditar nele, mesmo. Eu prefiro não falar nada”, disse ele, que também refuta pressão por ser um atleta patrocinado pelo UFC. “Todo mundo tem de ganhar para andar para frente. Não me vejo em situação diferente da de ninguém e, sobre pressão, já paguei o preço por conta disso e não ligo mais. Tiro algo positivo da responsabilidade que tenho.”

Dollaway, de 29 anos, tem 16 lutas de MMA, com 12 vitórias e quatro derrotas. Ele entrou no UFC em 2008 e nunca encaixou grandes séries vitoriosas. Nas últimas três lutas, perdeu duas, mas venceu um nome forte no compromisso mais recente, em um triunfo por pontos sobre Jason Miller.