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Paulista - 2021

Procurador-geral explica pedido de paralisação do Paulistão: 'Necessário'

Atletas de Corinthians e Ponte Preta em ação no Paulistão 2021; time da Capital vive surto de covid-19 - Ettore Chiereguini/Ettore Chiereguini/AGIF
Atletas de Corinthians e Ponte Preta em ação no Paulistão 2021; time da Capital vive surto de covid-19 Imagem: Ettore Chiereguini/Ettore Chiereguini/AGIF

redacao@gazetaesportiva.com (Redação)

10/03/2021 20h20

Na terça-feira, o Ministério Público de São Paulo recomendou oficialmente a paralisação do futebol ao governador do Estado, João Dória. O pedido partiu do procurador-geral de justiça, Mário Sarrubbo, que também sugeriu que não haja cultos, missas e demais atividades religiosas neste período.

Em entrevista exclusiva ao programa Gazeta Esportiva, da 'TV Gazeta', nesta quarta-feira, Sarrubbo explicou os motivos que o levaram a recomendar a paralisação do Campeonato Paulista.

"Os critérios técnicos estão relacionados ao nível de transmissão nessa nova cepa do coronavírus. Até meados de janeiro deste ano, quando enfrentávamos aquele vírus que conhecemos desde março do ano passado, os protocolos de segurança adotados pela Federação Paulista e pela própria Confederação Brasileira de Futebol eram de excelência, que garantem um nível de segurança muito bom. Mas a questão não é essa, o que nos animou a fazer a recomendação é que a transmissão do vírus nesse momento, nessa nova cepa, se dá de uma forma muito mais fácil, exigindo uma restrição ainda maior do que aquela que nós vivíamos até 10 ou 15 dias atrás", relatou.

"Para vocês terem uma ideia, no nosso comitê de crise nós temos os números diários de ocupação dos leitos hospitalares e de UTI do estado de São Paulo, e esses números vêm subindo de forma muito intensa há pelo menos três semanas. O que significa que, hoje, nós estamos com 95% de leitos ocupados. Na semana que vem, nós passaremos de 100%. Ou nós nos conscientizamos e passamos a entender que não é para circular, a não ser que seja extremamente necessário, ou nós vamos colapsar o sistema de saúde de São Paulo e teremos que escolher quem vai viver e quem vai morrer. Isso tem que ser feito em um determinado período, esperamos que não seja longo", completou.

Sarrubbo disse ser fã de futebol e palmeirense "fanático", mas ressaltou que a parada das atividades esportivas e necessária. "Eu tenho dito que eu não quero ser o procurador-geral de um estado onde um senhor de 70 anos chega na porta de um hospital com covid e é barrado. Se tivermos a falência total do nosso sistema, para nós vai ser frustrante, porque o Ministério Público tem o dever de proteger a sociedade, é o grande fiador dos direitos da população. Quero pontuar que sou fã do futebol, sou palmeirense fanático, vou sentir muita falta em uma ou duas semanas, não tenha a menor dúvida, mas nós do Ministério Público entendemos que é necessária a parada nesse momento", afirmou.

O procurador-geral do Ministério Público de São Paulo também informou que o governo ainda não decidiu se o Paulistão será paralisado ou não. Sarrubbo acredita que o pedido será acolhido, mas não descartou pedir na justiça a paralisação em caso de uma resposta negativa.

"Na verdade não há uma decisão do governo estadual ainda. Essa decisão deve acontecer amanhã ou depois, ainda não sei. O governo, evidentemente, tem o seu momento, está estudando medidas de aperfeiçoamento ao plano de São Paulo. De toda maneira, o Ministério Público faz uma recomendação que vem por um entendimento, em um primeiro momento, jurídico do nosso comitê de crise interno e também por um corpo médico, de profissionais ligados à Faculdade de Medicina da USP e aos hospitais conceituados, que fizeram um diagnóstico de que a pandemia atingiu um estado nunca antes visto em São Paulo e no Brasil, e que há a necessidade, dada a transmissibilidade dessa nova cepa, de medidas restritivas mais rígidas, como a que nós recomendamos, por exemplo, envolvendo os cultos religiosos e também as partidas de futebol", disse.

"Nossa expectativa é o acolhimento por parte do governo, até porque nós temos trabalhado muito tem prol do plano de São Paulo, até por conta do que o nosso comitê médico nos orienta. Nós temos sido aliados do plano São Paulo. Existe um tripé, que é praticamente uma unanimidade no mundo, de pontos fundamentais para se conter a pandemia. Um é o uso de máscara, o outro é o isolamento social e, claro, a salvação vem através da vacina. Como a vacinação ainda está muito lenta, é necessário o isolamento social e o uso de máscara. E nesse momento, mais do que nunca, é necessário um isolamento social mais rígido. Nossa expectativa é de acolhimento por parte do governo. Se o governo entender que não é o caso, nós temos a possibilidade de acessar o poder judiciário, mas acredito que não será necessário", concluiu.