Caso Daniel: Defesa esconde tapa de Brittes na esposa para evitar conflito

Um detalhe chamou a atenção durante os debates entre defesa e acusação no julgamento do caso Daniel, jogador morto em 2018. Um dos jurados questionou por que o tapa no rosto que Edison Luiz Brittes Júnior deu na esposa, Cristiana, na noite do crime não tinha sido levado para as discussões. Tudo fez parte da estratégia de defesa de Evellyn Brisola Perusso, 25, que acabou absolvida.

O que aconteceu

O tapa no rosto foi extraído do depoimento de Evellyn dado à polícia em 12 de novembro de 2018, um mês após o crime.

Ela narrou à polícia os momentos que antecederam o crime e afirmou que Edison disse que deu tapas no rosto de Cristiana após flagrar Daniel dentro do quarto da esposa.

Evellyn ainda declarou em depoimento que viu Edison no quarto segurando Daniel pelo pescoço e que o jogador estava na cama.

Segundo a advogada de Evellyn, Thayse Pozzobon, a estratégia de não detalhar o tapa foi para não entrar em conflito com as outras defesas e, assim, confundir o júri.

"O que era relevante seria tudo o que aconteceu após a morte de Daniel. Antes da morte, os fatos não tinham tanta relevância para a nossa defesa em específico. Por isso, optamos por não entrar no mérito da questão do tapa, para não conflitar com as outras defesas, o que também atrapalharia o júri", disse Thayse ao UOL.

Procurada pela reportagem após ter sido absolvida da acusação de fraude processual, Evellyn disse que ficou paralisada e com muito medo de Edison. Ela conta que não abandonou a casa após o crime por medo de represália.

Tinha medo da polícia descobrir o crime, e o Júnior achar que eu que tinha contado. Durante todos esses anos, recebi muitas ameaças nas ruas, as pessoas diziam que eu tinha sangue nas mãos. Nunca mais tive contato com a família após o crime. Nunca mais conversamos. Não temos mais nenhum contato Evellyn Brisola Perusso, ao UOL

Condenações

Após três dias de julgamento, Edison foi condenado em júri popular a 42 anos, cinco meses e 25 dias de prisão, em regime fechado, pela morte de Daniel pelo crime de homicídio qualificado, por motivo torpe, uso de meio cruel e impedindo a defesa da vítima, além de ocultação de cadáver, corrupção de menores e coação no curso do processo. Edison Brittes está preso há cinco anos e quatro meses. Cabe recurso da sentença.

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Outros réus

Cristiana Rodrigues Brittes foi absolvida das acusações de homicídio qualificado e coação no curso do processo. Mesmo assim, ela foi condenada a seis meses de detenção e mais um ano de prisão, em regime aberto, pelos crimes de fraude processual e corrupção de menores.

Allana Emilly Brittes, filha do empresário, foi condenada a seis anos, cinco meses e seis dias de reclusão e mais nove meses e 10 dias de detenção pelos crimes de fraude processual, corrupção de menores e coação no curso do processo. Ontem (22), ela recebeu o benefício de um habeas corpus para responder em liberdade.

Os réus David Willian Vollero Silva, Ygor King e Eduardo Henrique Ribeiro da Silva foram absolvidos das acusações de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e fraude processual.

Crime

Daniel foi encontrado morto em São José dos Pinhais, no Paraná, no dia 27 de outubro de 2018. Ele jogava pelo São Bento (SP) na época do crime.

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O jogador estava parcialmente degolado e com o órgão genital cortado. A informação foi divulgada pela polícia.

O crime aconteceu durante a comemoração do aniversário de 18 anos de Allana, filha de Edison e Cristiana Brittes. Eles foram em uma casa noturna na noite do dia 26 de outubro e, depois, já no dia 27, foram para a residência da família.

Edison alegou à polícia que Daniel tentou estuprar Cristiana. Antes de ser assassinado, o jogador compartilhou uma foto deitado ao lado de Cristiana pelas redes sociais com amigos.

Em seu depoimento à polícia, Edison disse que matou Daniel "sob forte emoção". No inquérito do caso, a Polícia Civil concluiu que não houve tentativa de estupro por parte do jogador.

Podcast "Caso Daniel"

A história do assassinato do ex-jogador do São Paulo Daniel Corrêa foi contada pelos repórteres Adriano Wilkson e Karla Torralba na segunda temporada do podcast "UOL Esporte Histórias". Você pode ouvir a temporada "Caso Daniel" no UOL (links abaixo), no Spotify, na Apple Podcasts e no Youtube. Confira abaixo os episódios e assista a um resumo do conteúdo do podcast:

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