Hostilidade e conflito de versões: os bastidores de São Paulo x Palmeiras

A rivalidade crescente entre São Paulo e Palmeiras chegou a outro patamar na noite de ontem (3) quando o Tricolor vetou a sala de coletivas para o técnico Abel Ferreira conceder entrevista. As versões dos clubes diferem e o nível de hostilidade na área de imprensa era quase palpável.

O que aconteceu

O vestiário após o jogo colocou fogo no barril de pólvora que já havia sido a partida. A arbitragem polêmica com a não expulsão de Richard Ríos e o pênalti marcado a favor do Palmeiras foram motivo de revolta pelo lado são-paulino.

Na saída de campo, os são-paulinos entraram em conflito com a arbitragem com xingamentos e foram contidos pela polícia. Calleri, Rafinha e diretores tricolores aparecem em vídeos xingando o árbitro Matheus Delgado Candançan.

Em meio à confusão, João Martins, auxiliar de Abel Ferreira, aparece rindo da situação. A cúpula são-paulina tomou o ato como deboche e o presidente Julio Casares deu duras declarações.

O Palmeiras não gostou nada da declaração de Casares e entendeu a fala do presidente como uma ofensa a Abel Ferreira. O clube sentiu hostilidade o tempo todo e não gostou também da provocação no telão do estádio, que mostrou a faixa feita pela torcida organizada do clube e barrada pela Polícia: "Respeita teu pai. 17/5" e dois fantasmas com a letra B.

Confusão na área de imprensa

O São Paulo vetou a sala de coletivas do MorumBis para Abel Ferreira. Geralmente, o adversário faz sua entrevista no local primeiro e, depois, é o técnico são-paulino quem fala.

O clube alegou, em nota, "reciprocidade" para o veto. O São Paulo lembrou a última vez em que esteve no Allianz Parque, quando precisou fazer sua entrevista em um espaço improvisado ao lado da Zona Mista onde ficam os jornalistas.

Dorival Junior, então técnico do São Paulo, dá entrevista em espaço cedido pelo Palmeiras no Allianz Parque após jogo válido pelo Campeonato Brasileiro 2023
Dorival Junior, então técnico do São Paulo, dá entrevista em espaço cedido pelo Palmeiras no Allianz Parque após jogo válido pelo Campeonato Brasileiro 2023 Imagem: Reprodução

O Palmeiras afirmou, também em nota, que o Tricolor não lhe deu opções e, por isso, cancelou a entrevista. O Verdão diz que só foi avisado do veto após a partida e que, inclusive, seu backdrop digital já estava preparado para a coletiva.

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O São Paulo nega categoricamente que não tenha dado opções ao rival. O Tricolor afirma que apenas vetou a sala de coletivas, como o Palmeiras geralmente faz no Allianz, mas não vetou que outro espaço dentro da área de imprensa e zona mista fosse utilizado, como ocorre no estádio palmeirense.

Abel deixou o estádio pela zona mista e ao passar disse a seguinte frase: "não deixaram a gente falar". Com o veto da sala de coletiva, o Palmeiras cancelou também as entrevistas na zona mista. Raphael Veiga foi o único a parar e sob protestos da comunicação do clube, que disse "não era para falar".

O que diz o regulamento

O artigo 48 do regulamento do Campeonato Paulista declara obrigatória a entrevista coletiva após a partida. Em seu parágrafo segundo, ele diz que é "obrigação do clube mandante oferecer espaço e estrutura para organização e realização das entrevistas".

Em seu parágrafo terceiro, explica sobre as salas ou espaços de imprensa.

Havendo apenas uma sala ou espaço de imprensa disponível no estádio, será realizada a entrevista da equipe visitante e, posteriormente, a entrevista da equipe mandante, salvo acordo prévio realizado entre os Clubes, que deverá ser informado à FPF com pelo menos 24 (vinte e quatro) horas de antecedência da realização das partidas.

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O Allianz Parque e o MorumBis são estruturalmente semelhantes no que diz respeito à área de imprensa. Ambos contam com apenas uma sala de imprensa e um espaço maior para circulação dos jornalistas.

No MorumBis, a sala de coletivas é sempre cedida ao visitante, como manda o regulamento, com exceção da partida de ontem (3).

No caso do Allianz, o Palmeiras não cede a sala de coletivas, mas abre para a utilização de outro espaço dentro do "espaço de imprensa", como também possibilita o regulamento.

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