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Estrangeiros já são 8 entre os 20 técnicos da Série A, e número vai crescer

Abel Ferreira, durante a comemoração do título do Palmeiras - JOTA ERRE/ESTADÃO CONTEÚDO
Abel Ferreira, durante a comemoração do título do Palmeiras Imagem: JOTA ERRE/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

13/12/2022 04h00

No vácuo da saída do técnico Tite da seleção brasileira, ganha força a discussão sobre a possibilidade de um técnico estrangeiro assumir a equipe verde e amarela, e o italiano Carlo Ancelotti, do Real Madrid, é um dos candidatos. Enquanto isso, a Série A do Campeonato Brasileiro vê o número de treinadores de fora do país crescer e com possibilidade de chegar aos 50% muito em breve. Até aqui, dos 20 clubes da elite, oito já têm comandantes "gringos", sendo dois argentinos, um uruguaio e cinco portugueses, em uma onda que se iniciou após a boa passagem de Jorge Jesus pelo Flamengo, em 2019.

No Palmeiras desde 2020, o português Abel Ferreira vai iniciar a temporada como atual campeão nacional, além de ter as Libertadores de 2020 e 2021 no currículo. Cobiçado no mercado após bons trabalhos no Fortaleza, o argentino Juan Pablo Vojvoda renovou contrato com o Leão. O uruguaio Paulo Pezzolano vai ficar no Cruzeiro depois de conquistar o acesso à Série A. Escolhido por John Textor, dono de 90% da SAF do Botafogo, o português Luís Castro é outro que vai dar continuidade no trabalho.

Na atual janela de transferências, o Atlético-MG anunciou o argentino Eduardo Coudet, enquanto o Cuiabá se acertou com o português Ivo Vieira. O Red Bull Bragantino assinou com Pedro Caixinha e o Bahia, que negociou 90% da SAF com o Grupo City, contratou Renato Paiva — os dois treinadores são de Portugal.

Eduardo Coudet ao lado de Rodrigo Caetano, após assinar o contrato com o Atlético-MG - Divulgação/Atlético-MG - Divulgação/Atlético-MG
Imagem: Divulgação/Atlético-MG

O Flamengo tem um acerto encaminhado com o português Vítor Pereira, enquanto o Coritiba está próximo de anunciar António Oliveira, que também é de Portugal. As concretizações dessas duas negociações vão fazer com que metade das instituições tenha estrangeiros à beira do gramado.

"Acho que essa é uma abertura até tardia do futebol brasileiro. Se olharmos os principais campeonatos do mundo, todos têm treinadores estrangeiros, em alguns deles até em maioria em relação aos técnicos da casa. Claro que os resultados de Jesus e Abel Ferreira fizeram com que isso mudasse. No Brasil, não se reconhece o trabalho, e sim o resultado. A partir do resultado, se entendeu o que eles trazem ao dia a dia. Vimos casos de trabalhos que não foram bem feitos, mas os bons exemplos se impõem porque são muito fortes. O Flamengo de 2019 e o Palmeiras do Abel são times muito bem sucedidos", disse Rodrigo Coutinho, colunista do UOL Esporte.

Tite chega ao estádio Cidade da Educação com membros da comissão técnica e o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

"Metade dos clubes da Série A ser dirigida por estrangeiros é uma prova cabal de como o prestígio dos treinamentos brasileiros está em baixa. Não sem razão. Os dois treinadores que fizeram os melhores trabalhos no futebol brasileiro são estrangeiros: Jorge Jesus e Abel Ferreira, ambos portugueses. Soma-se a isso o fato de o melhor técnico brasileiro dos últimos anos, Tite, ter fracassado nos seis anos em que esteve à frente da seleção. Teve tempo, jogador e todas as condições necessárias para disputar duas Copas, e fracassou em ambas", afirmou o colunista Renato Maurício Prado.

Já com olhar para os técnicos brasileiros, o mercado da bola também foi agitado. Após perder Vítor Pereira, o Corinthians anunciou Fernando Lázaro, enquanto o Vasco assinou com Maurício Barbieri e o Santos acertou com Odair Hellmann. Guto Ferreira foi contratado pelo Goiás. O Grêmio renovou com Renato Gaúcho e o Fluminense estendeu o vínculo de Fernando Diniz.

Após a aposentadoria de Felipão, o Athletico-PR terá Paulo Turra. Vagner Mancini, no América-MG, e Mano Menezes, no Internacional, vão dar novos passos nos trabalhos já iniciados, assim como Rogério Ceni no São Paulo.